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Daniel Thame | www.danielthame.blogspot.com

A decretação da prisão preventiva do secretário de Governo da Prefeitura de Porto Seguro, Edésio Lima, sinaliza de forma claríssima que os crimes de mando na Bahia começam a fazer parte de um passado que só não é desejável esquecer porque ainda existem casos emblemáticos a serem esclarecidos.

Edésio Lima, que teve a prisão solicitada pelo delegado Evy Paternostro e acatada pelo juiz da Vara Crime Roberto Freitas Júnior, é acusado de ser o mandante do assassinato dos professores Álvaro Henrique Santos e Elisney Pereira, diretores da API/Sindicato Seguro. Também tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça os policiais militares Sandoval Barbosa dos Santos, Geraldo Silva de Almeida e Joilson Rodrigues Barbosa, apontados como responsáveis pela execução do crime.

Álvaro e Elisney foram assassinados em setembro de 2009, quando lideravam uma intensa campanha salarial no município. Eles foram emboscados numa área rural do município. Na sequência, foi assassinado o motorista do secretário, Antônio Carlos Santos, crime que a polícia suspeitou ter sido “queima de arquivo”. As suspeitas contra Edésio Lima se ampliaram durante as investigações e se fortaleceram com a tentativa de homicídio contra uma testemunha-chave do caso, que levou 12 tiros, mas sobreviveu e está sob proteção policial.

A morte dos professores teve repercussão estadual e mobilizou Porto Seguro, que se uniu cobrando a punição dos responsáveis pelos crimes. Como as investigações correram em segredo de justiça, muitos chegaram a temer que o caso fosse descambar para a vala da impunidade.

Felizmente, não foi o que ocorreu. As secretarias estaduais de Segurança Pública e de Justiça e Direitos Humanos se empenharam na apuração, deixando claro que se houve crime, haverá o castigo, sempre respaldado na lei.

Edésio e os policias militares, acusados formalmente pelas mortes dos professores Álvaro e Elisney, do motorista Antonio Carlos e da tentativa de assassinato da testemunha, terão todo o direito de se defender.

Comprovada a culpa, irão pagar pelos bárbaros crimes que cometeram.

A Bahia que desejamos não comporta mais que pessoas que lutam pelos seus direitos e pelos direitos de seus companheiros de profissão sejam silenciadas pela truculência de quem não aceita contestações ou opiniões divergentes.

Os tempos são de diálogo e não de chicote.

De respeito às manifestações democráticas e não de tiros e de pancadarias.

Quem não entendeu e/ou não se adaptou a esses novos tempos, que pague pelos erros que cometeu, seja ele de que partido for e qual a condição financeira de que disponha.

A impunidade, essa mancha vergonhosa que nos acompanhou durante décadas, definitivamente não combina com a Bahia de hoje e a Bahia que se constrói para o futuro.

Daniel Thame é jornalista e blogueiro

retação da prisão preventiva do secretário de Governo da Prefeitura de Porto Seguro, Edésio Lima, sinaliza de forma claríssima que os crimes de mando na Bahia começam a fazer parte de um passado que só  não é desejável esquecer porque ainda existem casos emblemáticos a serem esclarecidos.Edésio Lima, que teve a prisão solicitada pelo delegado Evy Paternostro e acatada pelo juiz da Vara Crime Roberto Freitas Júnior, é acusado de ser o mandante do assassinato dos professores Álvaro Henrique Santos e Elisney Pereira, diretores da API/Sindicato Seguro. Também tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça os policiais militares Sandoval Barbosa dos Santos, Geraldo Silva de Almeida e Joilson Rodrigues Barbosa, apontados como responsáveis pela execução do crime.

Álvaro e Elisney foram assassinados em setembro de 2009, quando lideravam uma intensa campanha salarial no município. Eles foram emboscados numa área rural do município. Na sequência, foi assassinado o motorista do secretário, Antônio Carlos Santos, crime que a polícia suspeitou ter sido “queima de arquivo”. As suspeitas contra Edésio Lima se ampliaram durante as investigações e se fortaleceram com a tentativa de homicídio contra uma testemunha-chave do caso, que levou 12 tiros, mas sobreviveu e está sob proteção policial.

A morte dos professores teve repercussão estadual e mobilizou Porto Seguro, que se uniu cobrando a punição dos responsáveis pelos crimes. Como as investigações correram em segredo de justiça, muitos chegaram a temer que o caso fosse descambar para a vala da impunidade.

Felizmente, não foi o que ocorreu. As secretarias estaduais de Segurança Pública e de Justiça e Direitos Humanos se empenharam na apuração, deixando claro que se houve crime, haverá o castigo, sempre respaldado na lei.

Edésio e os policias militares, acusados formalmente pelas mortes dos professores Álvaro e Elisney, do motorista Antonio Carlos e da tentativa de assassinato da testemunha, terão todo o direito de se defender.

Comprovada a culpa, irão pagar pelos bárbaros crimes que cometeram.

A Bahia que desejamos não comporta mais que pessoas que lutam pelos seus direitos e pelos direitos de seus companheiros de profissão sejam silenciadas pela truculência de quem não aceita contestações ou opiniões divergentes.

Os tempos são de diálogo e não de chicote.

De respeito às manifestações democráticas e não de tiros e de pancadarias.

Quem não entendeu e/ou não se adaptou a esses novos tempos, que pague pelos erros que cometeu, seja ele de que partido for e qual a condição financeira de que disponha.

A impunidade, essa mancha vergonhosa que nos acompanhou durante décadas, definitivamente não combina com a Bahia de hoje e a Bahia que se constrói para o futuro.

10 respostas

  1. Parabéns, Daniel Thame.
    Tomara que todas as suas colocações no comentário se concretizem.
    Eu, particularmente, sou cético com a completa apuração e punição dos envolvidos, não só nesse triste epsódio, como em vários outros pendentes de esclarecimento.
    Infelizmente, a corrupção está de tal forma entranhada nas redes de poder, tanto a nível municipal, estadual como federal que ficamos com a sensação de que “não vai dar em nada”.
    Lutemos, diariamente, para a completa reversão dessa impunidade que se instalou no país.

  2. Apoiadíssimo, meu caro Daniel. Falta agora desencavar os crimes bárbaros do passado recente para provar que o atual governo não favorece aliados políticos (que outrora eram de outro grupo), mas sim quer dar um basta nessa forma autoritária de fazer política.

    Foi para isso que votamos pela mudança.

    Ser democrata não é ser frouxo.

  3. Também, parabenizo e apoio, ipse liters, as palavras de Daniel. Só espero que o Judiciário “desses novos tempos”, se encarregue de se adequar a esta “nova realidade” que esperamos que tenha chegado e que se faça justiça, imparcialmente.

  4. Zelão diz: – “Nunca na Bahia…”

    “Caldo de galinha e prudência, não faz mal a ninguém.”

    Tá certo Daniel Thame, ao afirmar que “nunca na Bahia…” os ares da democracia, sopraram tão forte. Tão forte são os ventos, que estão sendo capaz de “misturar água e óleo” e redimir politicamente a “panelinha.”

    Peca no entanto pelo exagêro partidário ufanista, ao afirmar que a justiça está sendo feita “doa a quem doer,” estando a justiça baiana, sob permanente “intervenção branca” do CNJ (Conselho Nacional de Justiça)pelos seus constantes desmandos e, os números da violência explodindo a níveis estratoféricos.

    Os ventos da democracia que soparam na Bahia, por enquanto, só produziram palavras que são levadas pelo vento (ou pelas imagens da tv), nos discursos ufanistas – ao qual o escriba se encorpora – de um futuro que ainda está longe.

  5. Zelão diz: – “Nunca na Bahia…”
    “Caldo de galinha e prudência, não faz mal a ninguém.”
    Está certo Daniel Thame, ao afirmar que “nunca na Bahia…” os ares da democracia, sopraram tão forte. Tão forte são os ventos, que estão sendo capaz de “misturar água e óleo” e redimir politicamente a “panelinha.”
    Peca, no entanto, pelo exagero partidário ufanista, ao afirmar que a justiça está sendo feita “doa a quem doer,” estando à justiça baiana, sob permanente “intervenção branca” do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) pelos seus constantes desmandos e, os números da violência explodindo a níveis estratosféricos.
    Os ventos da democracia que sopram na Bahia, por enquanto, só produziram palavras que são levadas pelo vento (ou pelas imagens da TV), nos discursos ufanistas – ao qual o escriba se incorpora – de um futuro que ainda está longe.

    (Texto revisto)

  6. Outra coisa, Daniel Thame.
    Facilite a inserção de comentário no seu blog.
    Nem todo mundo tem o interesse de ter uma conta Google, tampouco utilizar conta Blogger.

  7. É a herança maldita do coronelismo que ainda tenta imperar.

    São os resquícios de alguns amaldiçoados que trazem na alma a escuridão da ditadura, da truculência, da violência, do vilipêndio aos direitos individuais e coletivos.

    Nem Lênin, nem Mao-tsé-tung. Vida, Liberdade, Justiça e Democracia.

    Parabéns Daniel.

    Ótimo artigo.

    Justiça! Pela Democracia.

  8. Caro Carlos Brasil

    a minha dificuldade é justamente essa: que o blog facilite o acesso aos comentários, coisa que não consegui operacionalizar

    sou do tempo da linotipo e apanho da modernidade.

  9. Estás muito enganado, Daniel. Isso é o que nós queremos, mas não é o que de fato acontece. Ou você quer injetar na nossa cabeça a ideia de que o simples fato de ACM ter morrido e o povo ter votado em Wagner fizeram as coisas mudarem como num passe de mágica. Sinceramente, meu amigo. Ou você quer nos fazer crer nesse Estado que você, só você, vive, em vez de encaramos a realidade gritante dos crimes de mando que continuam crescendo em escala assustadora.Por favor, o tempo da mentira devia ter passado, junto com esse tempo que você diz que já passou. Precisamos encarar a realidade e sentir seu fedor e tentar higienizá-la, em vez de tentar mascarar os fatos. Gostaria que você, como jornalista que tem a obrigação de ter compromisso com a realidade factua, e as autoridades respondessem à população por quê “os casos emblemáticos” ainda não foram resolvidos.

  10. Parabéns, caro Daniel. É importante lembrar também que os professores não foram assassinados por conta do movimento de greve, mas por que iriam denunciar fraudes, desvios de verbas e outras facratuas que são as marcas características do governo Abade, infelizmente.

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