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Leandro Afonso | www.ohomemsemnome.blogspot.com

Logo no início de Bons Costumes, somos apresentados a uma insuportavelmente aristocrata família do interior inglês (nos anos 20), que espera o filho com sua respectiva esposa, surpreendente não só ao ser americana – sem disfarçar o sotaque – como também ao ser mais velha que o imaginado. Tudo funciona em torno das conturbadas relações entre ela e a família dele, especialmente a mãe, uma Kristin Scott Thomas em sempre convincente inconveniência. Do ritmo à entonação, ambos bem específicos e afastados de uma atuação mais naturalista, percebemos que Bons Costumes, de fato, passa a certeza de ser adaptado de uma peça. O que não é, felizmente, a mesma coisa de teatro filmado.

Com base em um roteiro bem estruturado, aliado a um excelente texto escrito para a tela ainda com todo um ranço teatral, Stephan Elliott (Priscilla – A Rainha do Deserto) utiliza o seu domínio de cinema para potencializar o que existe de bom ali. Ele conduz tudo com leveza e domínio do meio, mostrando (pelo bem do andamento do filme) a utilidade como movimento de câmera, da mudança de locação na continuidade de uma cena, da presença e do acontecimento de coisas impossíveis no teatro – sem entrar no mérito da comparação da qualidade de um com o outro.

Curiosamente, o tom acima de quase tudo em Bons Costumes contrasta com uma pretensão que visa qualquer coisa menos o topo. É um filme tão old school, e com olhar tão caro ao passado que deixa claro se contentar em ser um bom retrô. É como ver, numa botique contemporânea, uma camisa nova mas com a pinta de uma datada e charmosa peça de brechó. Dado seu caráter de aparência inicial inegavelmente genérica, ela precisa ser analisada de perto para perceber que, em seus poucos detalhes, ela figura entre as mais diferenciadas.

PS: Enquanto revisava o texto, consegui o feito de deletar parte de um parágrafo e, sem perceber (sabe-se lá como), salvar e sair – ou equivalente. Como resultado, tive de apagar todo o parágrafo, que ficaria entre o segundo e o terceiro daí. Crítica perdeu nexo.

Bons Costumes (Easy Virtue – EUA/ Canadá, 2008)

Direção: Stephan Elliott

Elenco: Jessica Biel, Ben Barnes, Kristin Scott Thomas, Colin Firth

Duração: 97 minutos

Projeção: 2.35:1

8mm

Top-10 Março:

10. Separações (2002), de Domingos Oliveira (***) e Not Quite Hollywood: The Wild, Untold Story of Ozploitation (2008), de Mark Hartley (***)

9. Mad Max (1979), de George Miller (***1/2)

8. A Faca na Água (1962), de Roman Polanski (***1/2)

7. Mãe – A busca pela verdade (2009), de Joon-ho Bong (***1/2)

6. Sem teto, nem lei (1985), de Agnes Varda (***1/2)

5. Medos Privados em Lugares Públicos (2006), de Alan Resnais (***1/2)

4. Ilha do Medo (2010), de Martin Scorsese (***1/2)

3. Intriga Internacional (1959), de Alfred Hitchcock (****)

2. Encontros e Desencontros (2003), de Sofia Coppola (****)

1. Bastardos Inglórios (2009), de Quentin Tarantino (****1/2)

Filmes da semana

  1. Mad Max (1979), de George Miller (DVD) (***1/2)
  2. Martha (1974), de Rainer Werner Fassbinder (DVD) (***)
  3. Bastardos Inglórios (2009), de Quentin Tarantino (DVD) (****1/2)
  4. Lili Marlene (1981), de Rainer Werner Fassbinder (DVD) (***)
  5. Malena (2000), de Giuseppe Tornatore (DVD) (**)
  6. Aos Treze (2003), de Catherine Hardwicke (DVD) (***)

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Leandro Afonso é comunicólogo, blogueiro e diretor do documentário “Do goleiro ao ponta esquerda”.

Atualizado às 18h45min 28/03

10. Separações (2002), de Domingos Oliveira (***) e Not Quite Hollywood: The Wild, Untold Story of Ozploitation (2008), de Mark Hartley (***)

9. Mad Max (1979), de George Miller (***1/2)

8. A Faca na Água (1962), de Roman Polanski (***1/2)

7. Mãe – A busca pela verdade (2009), de Joon-ho Bong (***1/2)

6. Sem teto, nem lei (1985), de Agnes Varda (***1/2)

5. Medos Privados em Lugares Públicos (2006), de Alan Resnais (***1/2)

4. Ilha do Medo (2010), de Martin Scorsese (***1/2)

3. Intriga Internacional (1959), de Alfred Hitchcock (****)

2. Encontros e Desencontros (2003), de Sofia Coppola (****)

1. Bastardos Inglórios (2009), de Quentin Tarantino (****1/2)

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