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Walmir Rosário | ciadanoticia@ciadanoticia.com.br
Usada e abusada nos períodos eleitorais, a BR-415 volta a ser a “bola da vez” desta eleição. Entra ano e sai ano, e sua duplicação é prometida pelos governos Federal e Estadual. Agora, não há diferença na forma e conteúdo, a não ser nas investidas dos políticos e técnicos do Governo do Estado para referendar a promessa.
Anunciam a vinda do presidente Lula a Ilhéus para lançar a pedra fundamental da Ferrovia Oeste-Leste, e a Itabuna para assinar o edital da duplicação da BR-415, pela margem direita do Rio Cachoeira. O anúncio chega às raias do ridículo, expondo o presidente à zombaria, pois sequer as licenças ambientais foram concedidas. A não ser que tenha havido uma “liberação geral e irrestrita da esculhambação”, em que não creio.
Copiando a mesma estratégia astuciada por Antônio Carlos Magalhães, a turma do Derba faz projeto, maquete e ilustrações em três dimensões e ainda manda equipes de topografia se deslocar, pra cima e pra baixo. Inovaram, é verdade, pois se ampliaram as ações com o uso de novas tecnologias, como a computação gráfica.
Pois bem, a duplicação da BR-415, uma reivindicação antiga e uma cobrança feita pela sociedade sul-baiana ao engenheiro Saulo Pontes, antes no Derba e hoje no Dnit, “pai” da obra, mas que agora terá que dividir a paternidade com a “Mãe do PAC”, Dilma Rousseff. Nada disso seria motivo para discussão caso o projeto original fosse, ao menos, respeitado.
Inicialmente, seria apenas uma simples duplicação do leito atual, mas, devido às construções ao longo da rodovia e à ocupação da faixa de domínio em vários trechos, o custo das desapropriações se torna demasiado alto. A alternativa dos técnicos, tendo à frente Saulo Pontes, foi a construção de uma nova pista pela margem direita do Cachoeira. De novo, mais um novo motivo para “empacar” – como dizem os homens do campo – a obra.
Às portas da eleição, a discussão esquenta com a realização das audiências públicas nas duas principais cidades: Itabuna e Ilhéus. Grande parcela da população sequer comparece a esses encontros. Em Itabuna, a sala vazia demonstrava a “crença” da população local nesses intermináveis debates. Em Ilhéus, o ambiente disponibilizado pela Uesc avalizava o entendimento, haja vista os “gatos pingados” presentes.
O público – técnicos, interessados ou simplesmente curiosos – saiu com a impressão de ter sido ludibriado pelo andamento das proposições, que nada acrescentaram. Pior, as pessoas se sentiram lesadas por desconfiarem de ter participado de um encontro no qual as cartas estavam previamente marcadas.
E não é difícil demonstrar essa desconfiança, a começar pela apresentação das alternativas locacionais, em número de quatro. A primeira, a duplicação do leito atual, antecipadamente descartada pela falta de viabilidade financeira.
A segunda contempla uma nova via a ser construída ligando a BR-101 a BA-262 (rodovia Ilhéus-Uruçuca), traçado totalmente fora dos propósitos, com grande impacto ambiental em terras nobres para a lavoura cacaueira.
A terceira, uma nova pista pela margem direita do Cachoeira, sendo que na chegada a Ilhéus a proposta prevê a construção de pontes e aterros no manguezal dos rios Cachoeira e Itacanoeira. Esta foi rejeitada de pronto pelos ambientalistas e, por fim, descartada também pelos próprios proponentes.
Finalmente, a obra considerada mais viável foi a proposta em que a rodovia será construída pela margem direita do Rio Cachoeira, cujo projeto já chega amputado. Isso mesmo: o seu traçado termina dez quilômetros antes de Ilhéus, sem ao menos chegar ao Banco da Vitória.
Atônita, a plateia não conseguiu entender qual o critério utilizado pelos técnicos para dar mobilidade e acabar com as constantes filas e os engarrafamentos diários, principalmente entre a Uesc e Ilhéus, num percurso de 16 quilômetros. Constrói-se uma pista para aumentar o engarrafamento um pouco mais à frente. Não dá para imaginar que seja uma proposta séria, em se tratando de uma rodovia ligando as duas maiores cidades do Sul da Bahia.
Não passa pela cabeça de alguém de sã consciência que as cidades onde são e serão feitos os maiores investimentos não mereçam tratamento mais adequado, à altura do tão esperado Complexo Intermodal do Porto Sul, da ZPE e do complexo de indústrias, comércio e serviços que aqui se instalarão a partir dos próximos meses.
Falta-nos o poder político para dar um NÃO bem sonoro e indignado à falta de respeito dos governantes para conosco, que assistimos a tudo passivamente e ainda aparamos as migalhas que por descuido ou de propósito deixam cair em nosso colo.
Não será dessa forma que iremos voltar a ser um polo de desenvolvimento, por nos faltar discernimento sobre o projeto que queremos e, num gesto de nobreza, demonstrar, com argumentos convincentes, o projeto ideal para o desenvolvimento regional.
Deixei essa questão que abordo agora, de propósito, para o final. Entidades ligadas à estrutura governamental estão dividas entre os francamente contra a construção da rodovia, por considerarem prejudicial ao meio ambiente; os contrários, por não se beneficiarem diretamente através de entidades não-governamentais; e aqueles sem opinião formada, mas que não estão comprometidos com o desenvolvimento regional.
Para início de conversa, o leito da rodovia pela margem direita do rio Cachoeira já existe há anos, bastando um alargamento em quase toda sua extensão, eliminando apenas alguns pés de cacau, capim, café ou capoeira. Portanto, a construção da rodovia em quase nada altera o meio ambiente, e os prejuízos que porventura serão causados poderão ser compensados.
A despoluição do Rio Cachoeira – um projeto prioritário e imprescindível – apontado como precondição para a duplicação da BR-415 –  é apenas uma tentativa de inviabilizar a obra. Uma imoralidade praticada por aqueles que costumam agir de forma sub-reptícia, incompreensível para um tema revestido de fundamental importância e que tem de ser tratado de forma transparente.
Walmir Rosário é jornalista, advogado e editor do site Cia da Notícia.

13 respostas

  1. CARO WALMIR- Voce fala a pura verdade,infelizmente nos estamos numa canoa furada.A unica saida para essa situação é acreditar em quem numca foi.PORRISO APOSTO EM GEDDEL,pelo menos mostrou garra e copetencia a frente do Ministerio da Integração.Parabéns Amigo.

  2. Por estarmos ocupados demais com a eleição, não podemos discutir esse tema.
    Afinal, farinha muita meu pirão primeiro, já diriam todos os candidatos que estão lutando por uma vaga nesta eleição.
    Quem há de se preocupar com a duplicação da Ilhéus-Itabuna?
    Precisamos é pensar numa forma de duplicar, quadruplicar, exponenciar os votos para depois pensarmos em qualquer outra coisa.
    Aí sim, quando a eleição terminar, começaremos a nos preocupar com coisas mais importantes. Por exemplo, a eleição de 2012.
    Tsc, tsc…

  3. Não sei porque a lei do menor esforço, partindo de pessoas que se dizem jornalistas, insiste na leviana prática de criar paralelos entre o governo atual e o governo do coronel Antonio Carlos Magalhães. Parece que as pessoas esqueceram que boa parte da imprensa do sul da bahia comia nas mãos dos carlistas.
    Espero ter meu comentário publicado.

  4. Walmir
    O grande problema é que as decisões são sempre com foco no “mais barato”. Aí eu questiono: Mais barato para quem?
    Na Audiência em que eu me fiz presente como um dos gatos pingados, certamente que sem ter vínculo com nada do que está no seu texto, mas apenas como cidadã, ficou claro que está tudo decidido, se é que vai acontecer algo.
    O principal que é o pensar os dois grandes centros que são Ilhéus e Itabuna, simplesmente não foi abordado e aí reside o maior de todos os problemas, pois de nada adiantará duplicar a Rodovia e não pensar a chegada dela e a mobilidade e acessibilidade urbana.
    Quanto à proposta de aproveitar o momento para solucionar o problema do Rio Cachoeira, não impedirá a obra, pois não se aplica. Para a solução do Rio Cachoeira, existe política pública e o tratamento do esgoto nos município por onde ele passa, certamente já solucionaria em pelo menos 70%, evitando o despejo “in natura” dos esgotos desde próximo da nascente (Colônia e Salgado), até sua foz, na enseada do Pontal onde residências e comércio, também ligaaram seus esgotos na rede pluvial existente, sem nenhum tratamento.
    Como compensação, pode ser pensado em reflrestamento da mata ciliar, preservação das nascentes com criação de Unidade de Conservação, etc. Isso se acontecer, não menos que meio por cento (0,5%) do valor da obra, deve ser aplicado em Unidade de Conservação Integral ou criação de uma e isso deve estar fundamentado no EIA (Estudo de Impacto Ambiental) de acordo com o SNUC (Sistema Nacional de Unidade de Conservação) Lei no. 9985/2000.
    É natural as pessoas no afã de contribuir, sugerir. O que é bastante válido, mas temos que fazer de acordo com a Legislação em vigor.
    Assim, concordo com você que isso mais uma vez parece obra eleitoreira e por isso questionei: Estamos aqui para ver um projeto de duplicação ou um processo de eleição?
    Como pode Ilhéus, que já é parte integrante da BA-001, estar prevista para ser detentora de tantos empreendimentos extremamente degradantes ambientalmente, cujas consequências são para a espécie humana (socio ambientalmente falando), não estar recebendo deste mesmo governo o respeito que merece no que diz respeito a obras básicas?
    Aqui fica o meu repúdio, pois a mim eles não enganam.Aliás, estou torcendo para ser desmentida. Eu estar errada completamente, significa que tudo é verdade e acontecerá conforme estão prometendo. Desafio quem queira apostar que as propostas até agora visam apenas multiplicar os problemas que principalmente Ilhéus e Itabuna (dois maiores centros urbanos), irão sofrer. E eu sou otimista hein! O meu otimismo é de termos um povo mais participante da vida cidadã de fato, pois assim escolheremos melhor nossos governantes.

  5. Parabenizo ao Valmir por escrever algo tão lúcido e imparcial.Espero que continue nesta linha, inteligente e legível.Torço para que muitos tenham acesso a este tipo de crítica,pois algo assim abre os olhos….abre a mente e além de nos fazer pensar, nos ensina a exigir e principalmente a votar.

  6. Eu não consigo entender como as pessoas se deixam facilmente ser engando por alguns políticos. Waginer só fez prometer até agora, nada foi feito. Ele fez muito, mas foi gastar o dinheiro do povo para investir com a imprensa para que conseguisse ficar a frente das pesquisas, gastou mais que a educação. Foi em torno de 60 milhões.

  7. Sinceramente, eu acho é pouco, pois esse povo daqui é bobo mesmo e mrece é isso, …!!!
    Tem gente que gosta de se enganar, de ser enganado, com obras de fachada, com promessas mirabolantes, eleitoreiras e mentirosas, …!!!
    Essa tropa da capicongos tem que ganhar é taca no lombo para deixar de ser besta, …!!!
    Daqui a quatro anos estaremos na mesma lenga-lenga, …!!!
    E o pior é que os babacas irão acreditar mais uma vez em conversa de político sem escrúpulos, em ficha suja e por aí vai, …!!!
    Quem viver, verá, …!!!
    Esses trouxas não se cansam de levar bico, …!!!
    ÊÊÊ Boi, …!!!

  8. NUMÇA FOI E NAO IRA
    COM ESTES SENTIMENTOS QUE ELE CULTIVA NUMÇA SERÁ. CRIOU VALDERICO EM ILHEUS.
    QUIS CRIAR UMA CRIATURA CARLISTA ATE A ALMA EM ITABUNA O FABIO. E DEIXOU DE AMOSTRA COMPETENCIA ORIENTANDO E FAZENDO ACONTECER NAS SECRETARIAS QUE O PT DEU AO SEU PARTIDO , SE REBELOU COM A GANANCIA DO PODER. POR VINGANÇA AJUDOU DESTRUIR ITABUNA NA ELEIÇAO DE 2008, AJUDANDO AQ AZEVEDO . PELO SIMPLES PRAZER DE PESEGUIR GERALDO E AO PT. JA TIV3EMOS GOVERNANTE COM ESTES SENTIMENTOS , ELE VAI MORRER COM SEU PROPRIO VENENO, DE PREFERENCIA NO PRIMEIRO TURNO. QUE ELE TENHA RAIVA ATE MESMO ODIO DE WAGNER DE GERALDO AGORA USAR DO PODER DO SEU PARTIDO PARA DESTRUIR UMA CIDADE OU ATE MESMO UM ESTADO. ESTE HOMEM É DOENTE DA ALMA. ELE TEM SORTE DE ESTAR NUM PARTIDO FORTE NO BRASIL SE NAO FOSSE SEU PARTIDO ELE SERIA COMO O GRAMPINHO , QUE ESTA NA CTI POLITIQUIRA NAS PROXIMAS ELEIÇOES SERÁ SO O NETO, NESTA ELE NAO TEVE CORAGEM NEM DE TENTAR O SENADO , NAS PROXIMAS PODERA SER PRESIDENTE DE BAIRRO NA CAPITAL KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK.
    OS DEFENSSORES VENHAM COM DADOS CONCRETOS DO QUE ELE DEFENDEU PRA ITABUNA. PARA TER TANTO VOTO AQUI, O VOVO ESTA MORTO, E SE FEZ ERA OBRIGAÇAO E SO FEZ QUANDO O ADMINISTRADOR LAMBIA SEU SACO VELHO. ME DIGA O QUE OS CARLISTA FIZERAM POR ITABUNA QUANDO O ADMINISTRADOR NAO LAMBIA SEU SACO. DEIXOU FOI TUDO QUE ELES CONTRUIRAM SEM MANUTENÇAO, PAULO SOUTO TEVE TEMPO DE ACABAR A OBRA DO TEATRO DE FERNANDO, PORQUE SERA QUE ELE NAO ACABOU?

  9. Espaço contaminado por trolls.
    Alerta! O espaço foi utilizado por um integrante da Máfia Verde.
    Leiam os livros Máfia Verde – O Ambientalismo a Serviço da Governança Mundial e Máfia Verde 2 – Ambientalismo, Novo Colonialismo.
    Tem muita grana da grandes potências da hegemonia econômica mundial distribuída para os “soldados-verdes” que operam em nossa região.
    Estou postando essas informações porque um integrante da Máfia Verde local fez aqui um comentário.
    São pessoas que viraram profissionais do meio ambiente. Com o pressuposto da defesa ambiental (algo que seria louvável não fossem as segundas intenções), elas tentam obstruir tudo que se relacione com desenvolvimento.
    Somente a leitura dos livros citados poderá dar maiores informações sobre o que são e como agem os chamados “soldados-verdes”, a soldo dos povos anglo-saxões-jutos (norte-americanos, ingleses e alguns outros europeus).

  10. Só uma pequena pergunta.
    Porquê os politicos não aparecem nos primeiros dias do inicio mandato anunciando a pedra fundamental? sempre, sempre, sempre na época da eleição.
    ACORDA povo, deveriamos recepcionar com muita, muita vaia mesmo está prática, independente se seja PT,PSDB, PMDB, DEM ou outros.

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