Tempo de leitura: 3 minutos

Walmir Rosário

Hoje, as decisões tomadas na Câmara são decididas nos porões do Centro Administrativo, mais exatamente na Secretaria da Fazenda.



Volta e meia a Câmara de Itabuna desce às profundezas do ridículo e se atrela ao Poder Executivo sem nenhuma cerimônia. Nesta terça-feira (28), os vereadores receberam determinação de votar, sem nenhum atraso, o projeto do Código Tributário neste mesmo dia, sem qualquer aviso prévio.
Era uma ordem emanada do todo-poderoso Carlos Burgos e o presidente Loiola se esforçava para cumprir. O ocorrido foi mais um fato ridículo patrocinado pelo presidente do Legislativo, e somente não seguido à risca porque não contavam com a “teimosia” do vereador Claudevane Leite (Vane do Renascer), relator do projeto, que ainda não tinha elaborado o seu relatório.
De cara, Vane não se submeteu aos caprichos do Poder Executivo, cujo representante, o secretário da Fazenda, Carlos Burgos, foi a plenário, e tal como um feitor, passou a cobrar a celeridade requerida por ele dos nem tão ilustres edis. O relatório será apresentado na quinta-feira, quando os “carneirinhos”, pacificamente, cumprirão as ordens do “pastor”.
Melhor seria chamá-los [os vereadores] de lobos travestidos de carneiros, haja vista a fantasia que ora vestem. Hoje, como é de conhecimento público, as decisões tomadas na Câmara de Itabuna são decididas nos porões do Centro Administrativo, mais exatamente na Secretaria da Fazenda, local que serve de esconderijo ao presidente Loiola.
A Câmara de Itabuna nunca foi “uma Brastemp”, mas em cada mandato é respeitada por alguns de seus membros. Numerá-los, aqui, ficaria difícil e poderíamos cometer alguns esquecimentos. Mas, nos últimos tempos, não poderemos deixar passar “em branco” nomes como Orlando Cardoso, Edmundo Dourado, Ramiro Aquino (por pouco tempo), dentre outros, que nunca transigiram nos seus princípios, embora se mostrassem bons negociadores políticos.
Hoje, temos alguns vereadores do mesmo naipe, Vane e Wenceslau são dois deles. Com isso não quero dizer que os demais não exerçam seus mandatos com dignidade, mas estão abertos a negociações políticas sem alguma observância aos princípios partidários ou a interesses pessoais. Isto é fato e nunca vi nenhum deles negar.
Os vereadores de Itabuna não dão demonstração das responsabilidades por eles assumidas junto aos eleitores e sequer respeitam a Constituição Brasileira, que em seu artigo 2º confere como cláusula pétrea, a independência entre os poderes. E nossa lei magna vai além ao conferir outras seguranças, a exemplo da estipulada no artigo 29, VIII, que concede “inviolabilidade dos vereadores por suas opiniões, palavras e votos no exercício do mandato e na circunscrição do Município”.
Na Câmara de Itabuna os papeis se inverteram e é o Poder Executivo quem faz o papel de fiscalizador. E mais deplorável: tal como uma boiada, os vereadores se encaminham docemente ao matadouro. Vale o imediato, o interesse pessoal, as migalhas jogadas pelo dono do palácio aos esfomeados, que vão entremeando novos favores com a prestação de novos serviços.
Depõe, ainda, contra a Câmara e seu presidente, que os últimos três meses do vereador Clóvis Loiola na Presidência ficarão marcados pela subserviência ao Executivo. É deveras triste para um vereador cujo primeiro mandato, e talvez o último, veio acompanhado de um forte apelo das camadas mais carentes da sociedade. Isso, acaso a CEI ou o TCM não carimbe sua gestão com um rótulo ainda pior.
Walmir Rosário é jornalista, advogado e editor do site Cia da Notícia.

6 respostas

  1. Walmir Rosário parabens pelo excelente artigo. O que me deixa triste e que nossa população assiste de camarote as barbaridades que os edis vem fazendo com nossa querida terra. Será que não devemos levantar um movimento para que possamos pedidr a saida desses cordeiros?

  2. Walmir Rosario meus sinceros parabens. Escreveu o que acontece de mais podre e vergonhoso com muita propriedade e categoria, porém mostrando a verdade do que existe de pior na politicagem Itabunense, em um vocabulario leve e facil de compreender.
    Agora pronto: o eleitor e cidadão Itabunense só não entendo a sujerada do Legislativo e do Executvo se não quiser

  3. Com honrosas exceções, a Câmara de Vereadores de Itabuna virou a verdadeira casa da Mãe Joana, onde o legislativo se submete ao crivo do executivo, em vez de cumprir seu papel primário de fiscalizar as ações do prefeito e secretários.

  4. Acho que Walmir tem razão quando fala da subserviência dos vereadores ao executivo, com este comportamento o poder Legislativo perde a sua independência e a credibilidade com a população. Considero também Walmir, que o poder legislativo sempre foi e sempre será subserviente, foi assim com Ubaldo, Felix
    Mendonça, Geraldo, F. Gomes, Azevedo….. porque os Edis sempre votarão a favor do prefeito e o povo que se lixe.
    Os vereadores todos devem trabalhar em busca de sua independência.
    eu votei em Juçara, se eleita Roberto de Souza, Vane Wenceslau todos estavam votando a favor dos interesses do seu grupo.

  5. Zelão diz: – Falando de catedra!
    Parabenizar ao jornalista Walmir Rosário por mais um bem escrito artigo chega a ser redundância. No caso específico em que ele fala do “rolo compressor do executivo sobre o legislativo itabunense,” fala do alto da catedra de quem conhece bem os porões do poder executivo, por ter integrado, até a alguns meses atrás, o primeiro escalão do Executivo Municipal, no cargo de Secretário de Governo e Comunicação.
    Walmir, pois; conhece como bem poucos as lutas e as tramas internas que estão sendo travadas dentro do governo do “capitão prefeito” e dela ter sido uma “quase vítima” se não lhe restasse a dignidade profissional, que o fez pedir o “boné,” antes que até esse lhe fosse roubado.
    Discordo quanto a se atribuir ao Secretário Carlos Burgos, o fato de “dirigir o rolo compressor sobre a câmara.” No meu entender, Burgos, no seu jeitão “à Fernando Gomes,” com o poder de quem possui a chave do cofre, supre a ausência de interlocução política do governo. Conhecedor do preço vil a ser pago a um canalha, Burgos, apenas saiu na frente; pagou e cobrou a entrega da “mercadoria” prometida.

  6. Interessante. Quando Secretário de Comunicação desse mesmo governo que ora desanca, o “eminente” Walmir Rosário passava para a sociedade que tudo no governo Azevedo tudo pairava em núvens róseas. Olha, me poupe, seu Walmir!

Deixe aqui seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *