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Não é de hoje que o prefeito Capitão Azevedo tem dado demonstração de sua falta de intimidade com a administração pública.

Walmir Rosário | wallaw2008@hotmail.com
Há uma diferença enorme entre o planejamento de uma operação militar e a administração de uma cidade. Infelizmente, os patrocinadores e os marqueteiros de sua campanha esqueceram de dizer isso ao então candidato a prefeito de Itabuna, Capitão Azevedo. Passados quase dois anos e ele, sequer, se apercebeu das diferenças, o que o faz cometer alguns desatinos que a política não costuma perdoar.
Enquanto numa operação de guerrilha as ações são planejadas para demonstrar ao inimigo conhecimento do terreno, situação privilegiada de controle do domínio no sentido de amedrontá-lo, minando o adversário aos poucos, na política a inteligência trabalha de forma bem diferente. A ideia na primeira situação é espalhar, diminuindo forças, enquanto na política a “ordem” é juntar todos no mesmo terreno. “Ciscar pra dentro”, dizem os experts.
Tal e qual numa operação de guerra, Capitão Azevedo continua amealhando desafetos, criando inimigos (muito mais do que adversários), enquanto poderia construir colaboradores, atropelando os ensinamentos deixados pelo pensador florentino Nicolai Machiavelli (ou Maquiavel, como o chamamos por aqui). Dizia com muita propriedade o filósofo italiano que, caso o político queira praticar uma “maldade”, faça-a de imediato, de uma vez só, para não dar tempo à reação, bem como para que o próprio tempo se encarregasse de fazê-la ser esquecida.
Aqui pelas bandas de Itabuna, não. O prefeito faz de modo inverso ao pregado por Machiavelli. Pratica suas maldades aos poucos, ameaçando suas vítimas, fazendo com que eles se unam e possam criar defesas. O mais esquisito disso tudo é que as vítimas são os próprios servidores públicos municipais, ocupantes de cargos comissionados, nomeados pelo prefeito para ajudá-lo a governar a cidade.
A cada exoneração efetivada, o prefeito pratica tortura em outros servidores, que não sabem se no dia seguinte poderão exercer o sagrado direito de trabalhar para sustentar sua família. O terrorismo praticado contra os ocupantes de cargos comissionados também atinge os servidores de carreira, pois, juntos, planejam e executam serviços. Os projetos em andamento param e complicam os serviços prestados à população.
Não é de hoje que o prefeito Capitão Azevedo tem dado demonstração de sua falta de intimidade com a administração pública. Já passados dois anos à frente do executivo municipal, desconhece completamente a estrutura administrativa composta pelos cargos comissionados que nomeou, e mais, sua importância vital para implementar a linha de ação do executivo em suas diversas pastas.
Ao invés de comandar a Prefeitura de Itabuna em sentido macro, prefere passar o dia nas obras, como se fosse um simples “cabo-de-turma” a instigar os operários a não “fazer cera” durante o período do expediente. Preocupa-se com coisas miúdas; enquanto as questões macro passam ao largo, às questiúnculas do varejo é dada importância descomunal.
Certo que administrar uma cidade como Itabuna é uma tarefa hercúlea. É fundamental uma equipe com capacidade e comprometida, liderada por um político que eleja metas e cobre o cumprimento delas. Hoje o quadro do governo é de um secretariado (alta gerência) disperso e sem rumo definido – salvo raríssimas exceções -, um grupo de comissionados (gerência média) sob o clima do terror, no aguardo de uma próxima lista de desafetos, pois o exercício de suas atribuições com compromisso e dedicação já não lhes garante a certeza do cargo ocupado.
Quanto ao contingente dos demais servidores do quadro efetivo (a peãozada, os pés-de-boi) completamente desestimulados, assistindo ao desrespeito aos seus direitos, efetivado pela quebra de compromissos firmados e assumidos, junto às lideranças sindicais e ao próprio Ministério Público do Trabalho.
A eleição do Capitão Azevedo a prefeito de Itabuna foi considerada um marco na história da cidade e representava uma esperança de renovação política, um rompimento com o passado. Mas, aos poucos, o encanto da população deu lugar a um sentimento de desânimo, desalento.
O político mostrado como o novo foi se despindo de sua elegante fantasia para aparecer em traje normal, em roupagem carcomida e impregnada dos costumes, vícios e erros do passado. Pior do que isso, é que passada a fase de encantamento, não só a população “caiu na real”, mas também o próprio personagem protagonizado por Azevedo não teve fôlego ou argumento para se sustentar.
Conto aqui uma passagem antes da posse de Azevedo. Ao chegar ao Jornal Agora para conceder uma entrevista a esse articulista e ao jornalista José Adervan, foi perguntado qual o motivo do seu momentâneo desaparecimento. E ele respondeu: “Somente agora caiu a ‘ficha’ do que é ser prefeito de Itabuna”. Realmente, essa foi uma demonstração do total despreparo para o cargo. Espero não ter que retomar esse assunto.
Walmir Rosário é jornalista, advogado e editor do site Cia da Notícia.

12 respostas

  1. WALMIR ROSÁRIO TEM TODA RAZÃO:
    VEJA QUE FERNANDO GOMES O COLOCOU PARA SER SECRETARIO DE TRÂNSITO, QUE TAMBÉM É DIFERENTE DE SER CHEFE DE CIRETRAN, POIS O DETRAN É UM ÓRGÃO EXECUTIVO QUE EMITE CRLV E CNH E SER SECRETARIO DE TRÂNSITO SE FAZ NECESSÁRIO QUE TENHA CONHECIMENTO OU COLOQUE ALGUÉM QUE CONHEÇA ENGENHARIA DE TRÂNSITO.
    SETOR PRIVADO ´´E DIFERENTE DO PÚBLICO. OUTRO PREFEITO QUE NÃO TEVE HABILIDADE COM O PODER PÚBLICO FOI VALDERICO REIS.

  2. Sabio Walmir, que o capitão ou os que estao mais próximo dele possam ler este artigo na integra,e possam reconhecer o que estão fazendo de errado , pois ainda dá tempo de concertar.Votei também em aAzevedo com a esperanca da melhora. do respeito, da moralidade e confesso a minha decepcão pelo que vejo e ouco de seus feitos é muito triste ,saber das picuinhas que reinam naquela casa prejudicando funcionários e o andamento do servico tão bem planejado incialmente.

  3. Caro Walmir,
    Sou obrigado a concordar com você, Azevedo acumula dezafetos diariamente,mas dizer que os “marqueteiros de campanha…”não o orientaram não procede. Da minha parte,garanto-lhe que passei tres meses como Secretario e orientador político dando-lhe as coordenadas certas,sugerindo contratações profissionais para assessoramento nas diversas areas da gestão publica,tais como Contabilidade (PI)Licitações e Contratos(Orlando Gomes,que nunca contratou)Arquivo Digital(que nunca funcionou)Celso Castro(Direito Publico,que nunca contratou)Joaquim Bahia(de Feira de Santana)para a fazenda, que nunca contratou,dentre outras sugestões.Se nos ouvisse,a Prefeitura estaria em situação bem diferente.
    Politicamente,o aproximei dos Governos do Estado e Federal, diretamente com os Secretarios e/ou Ministros das pastas que mais interessavam ao Municipio e etc.etc. etc e tais.
    Quando das nomeações dos Secretarios,no primeiro momento,sugerí bons nomes e o adverti sobre outros,que não estão dando certo.
    Durante a campanha foi elaborado um excelente plano de governo,apresentado à sociedade,aprovado,mas nada se executa,nada se cumpre. O que fazer??
    Abraços do seu amigo
    Josias Miguel

  4. Acredito em tudo o que Josias Miguel disse,a incompetência está no Capitão,ele prefere ouvir quem só quer levar ele pro buraco a ouvir quem entende,quem tem experiência.Ele está se afundando na politica e levando nossa cidade junto.Cadê o Ministério Público??????

  5. Show de bola Walmir Muito boas as palavras de Walmir Rosário.
    Quem trabalha lá atualmente, afirma que o clima na prefeitura de Itabuna em diversos setores é carregado e ruim. É fofoca dali, é fofoca daqui. É um secretário querendo mais poder do que outros. É secretária(Joelma) querendo ser prefeita, é motorista(Pinheiro) se achando o melhor articulador político da região…
    A moral do capitão Azevedo na cidade está baixissima e dentro da prefeitura pior ainda. E olha Walmir, os coordenadores de campanha de Azevedo não foi só Josias Miguel, mas também Gilson Nascimento, Soldado Pinheiro e Mauricio Atahide.
    Parabéns pelo texto Walmir ! Disse tudo.

  6. Zelão diz: – No limite da ética
    Walmir Rosário no seu texto sem elegante chega ao seu limite ético de profissionalismo: – Ético por que assim sempre se pautou na função de jornalista e, ético, por ser conhecedor das “diabretes” que assombram os gabinetes e corredores da Prefeitura de Itabuna no atual governo, por ter; até a bem pouco tempo trabalhado com o mesmo.
    Peço permissão a Walmir, para discordar apenas em um ponto do seu comentário: – Nunca existiu marketing de governo no governo do “capitão.” O “arremedo de marketing” que existiu na campanha, não foi o fator preponderante para a vitória acachapante do capitão.
    Do “marketing da campanha,” só restou uma marca: -” O capitão é Azevedo.” E é ela que está “norteando” as ações do governo (o retrato fiel da incompetência do “capitão Azevedo” onde atuou).
    Desde que assumiu o poder, quem deveria ser responsável pelo marketing de governo, teria que apresentar ao “tosco capitão,” um bem elaborado projeto de condução e postura de governo (e não um plano de compartilhamento de poder), ao já então Prefeito Azevedo, fazendo-o entender, sobretudo, que era hora de descer do palanque e assumir a “postura” de um verdadeiro prefeito de uma cidade do porte de Itabuna.
    Fico imaginando nas entrelinhas do seu comentário, o quanto mais Walmir Rosário gostaria de ter dito, mas a ética e o bom senso não permitiram.

  7. Prezado Walmir,
    Parabenizo-o pelos seus oportunos e articulados comentários e pela sua precisa acuidade política. De fato, preocupa-nos, como filho deste chão grapiúna, os rumos da administração pública municipal.
    Abraços.
    Walter Fonseca

  8. Sr.Walmir Rosário,bem articulado seu texto-comentário, equilibrado,veradeiro,ético,o comentário de Zelão tem enfase, quando diz, nas entrelinhas dizem mais o que verdadeiramente tá dizendo, gostaria de dizer mais, mas a ética de ex-agente político o impede, mas é certo que todos nos entendemos perfeitamente o que aconteceu com V.senhoria no Governo de Azevedo, o verdade é que “tudo que promete, nunca se cumpre e por aí em diante”, como acreditar nun gestor dessa extirpe, falsa, dissimulada, arrogante, despreparada, desorganizada, desarticulada, pois esse é o retrato do governo do honesto “capitão-prefeito-plantão-transitório-desta capitao-cidade-itabuna” como diz o jornalista Everaldo Anunciação, pois bem, será seu único mandato.
    O que o prefeito está plantando negativamente em sua gestão contra os servidores,assessores,colaboradores,alguns secretários,e até ex-secretários da gestão de Fernando Gomes que o ajudaram na campanha é imperdoável, mas que terá troco.
    Diz o pregeito que escolheu a dedo seus secretários, que incompetencia,sem aqui fazer pre-julgamentos, escolhas mal feitas, Josias miguel tem razão em suas orientações, mas o prefeito nao ouve conselhos de ninguem, vai pagar caro por isso, dois anos de gestão estão chegando e nada de planejamento, tão propalado em sua campanha.
    Os tais “coordenadores” da sua campanha, nunca foram Gilson Nascimento, Mauricio Atayde, Soldado Pinheiro, etc, etc,os verdadeiros coordenadores desde o inicio da campanha foram Maria Alice, Josias Miguel, Carlos Burgus, Jorge Tomate, Jesuino Oliveira,Geraldo Pedrassoli, Gustavo Lisboa e outros, esses acreditaram e arregaçaram as mangas para eleger prefeito, o Capitão Azevedo, os outros citados, vieram a reboque da Setran e colaram como carapatos em cachorro sujo e agora só estão largando o couro do cachoro, porque as feridas estão aparecendo e doendo.
    Portanto, parabens ao Jornalista Walmir Rosário pelo brilhante comentário e que deve ser repetido.

  9. Josias Miguel poderia ter feito o que Gerson Menese fez, com medo de mostrar a sua verdadeira identidade, Gerson ou melhor dizendo Zelão, coordenador da Campanha de Adervan se esconde sem querer se aparecer. Na concorrência das eleições de 2008, você foi coordenador da campanha de Adervan, Josias na de Azevedo, então vitória de Josias.

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