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Ricardo Ribeiro | ricardoribeiro@pimentanamuqueca.com.br

O poder público mente na maior parte das vezes em que alega ter sido pego de surpresa. Tanto no que se refere às crises como às catástrofes, existem hoje conhecimento acumulado e instrumentos hábeis  a prevenir. Claro que o fator surpresa não pode jamais ser descartado, mas que seja exceção e não regra.

O caso das chuvas na região Sudeste é emblemático. Todos os anos elas vêm torrenciais e implacáveis, destruindo casas em “situação de risco”, dissolvendo encostas e matando gente. A cada uma dessas ocorrências lamentáveis, as autoridades perfilam-se diante dos microfones da imprensa para declarar, impávidas e solenes, que foi tudo uma fatalidade para a qual não estavam preparadas.

Tão destruidora quanto as catástrofes é a presença da droga em nossa sociedade. Sua ação deletéria é mais lenta, contudo provoca igualmente muito sofrimento, desagregação de famílias e um sem número de mortes, que atordoam as autoridades. Estas, como de praxe, são sempre pegas “de surpresa”.

Em Itabuna, já foram duas dezenas de homicídios nos 20 primeiros dias do ano. Média de um por dia e a repetida motivação relacionada às drogas. Segundo o geógrafo Roberto José, que é também escrivão de polícia na cidade, entre 70% e 80% dos assassinatos ocorridos por aqui têm a ver com o tráfico de drogas. Nessas estatísticas, o famigerado crack se tornou um formidável aliado da morte.

Diante de tal situação, nossas autoridades ainda mantêm grande timidez. O crack foi assunto do programa eleitoral da então candidata – e hoje presidente – Dilma Rousseff – , assim como foi tema de campanha publicitária do Governo da Bahia. E por enquanto é só.

O assunto não é policial, pois exige abordagem ampla e ação enérgica de toda a sociedade. É problema social, de saúde, já que se trata de verdadeira epidemia a se alastrar por todo o país, dos grandes centros às pequenas vilas do interior. Encontra terreno fértil na miséria, ausência de perspectivas, desestruturação familiar e falta de de referências.

Na última semana, uma adolescente de 16 anos incendiou o barraco onde morava, na periferia de Salvador, porque a avó não queria lhe dar dinheiro para comprar droga. Quantos pais, mães e avós não estão neste momento enfrentando a ameaça de jovens enlouquecidos pelo crack? E quantos filhos não estão crescendo a ver seus próprios pais se drogando?

Essa é uma realidade que, queiramos ou não, está bem próxima de nós. Uma catástrofe sem fim.

Ricardo Ribeiro é um dos blogueiros do Pimenta na Muqueca e editor do Política Etc.

0 resposta

  1. Ricardo Ribeiro,

    Seu pimenta, o problema das drogas ilícitas, principalmente o crak que é a borra da cocaina,o mais usado pelas usuários de drogas, tem que ter intenso combate por parte das polícias e judiciarío,manter o traficante por longo anos encarcerado em prisão de segurança máxima.O usuário menor ou mesmo maior de idade, ter acompanhamento médico especializado e internação em clínicas de recuperação custeada e mantida pelos Estados e União, inclusive a segurança das clínicas tem que ser federal, para evitar que dentro das clínicas de recuperação entre drogas.Tenho um amigo que tem um filho viciado em crak, já fizemos de tudo para tentar recuperar o jovem, internação em diversas clínicas em Itabuna, Ilhéus,Feira de Santana,Espirito Santo, ele me contou que dentro das clínicas é mais facil usar a droga que chega pela mãos dos visitantes que não passam por revista ao adentrar a clínica, a moeda de troca é alimentos,biscoitos recheados,leite em pó e outros produtos que a família leva para suplementar a alimentação.
    O problema é sério e preocupante seu pimenta, ou o Brasil acaba com o tráficante o os traficantes acabam com a nossa promisora juventude, que não escolhe quem vai ser a vitíma, ricos ou pobres, estão todos a mercê de serem as próximas vitímas aliciadas e viciadas do tráfico.Triste e revoltante, ver nossos jovens se drogando pelas ruas,quando não vira manchete de jornais, tombadas pelas balas dos traficantes, os donos da vida e da morte.
    Saudações e parabéns pela sua exelente e brilhante, matéria de tão grande crítico e alerta geral aos nossos representantes, orgãos máximos dos poderes Executivo e Judiciário, para reflexão das autoridades constituidas, legitimadas pelas urnas majoritárias dos eleitores.Falta cumprir as promessas de campanha eleitoral.
    Abs,

  2. Não quero isentar responsabilidades de autoridades, mais com certeza voce faz omissão da responsabilidades da imprensa e da sociedade: da imprensa quando as poucas retiradas feita pelas autoridades é criticada ferozmente pela imprensa. das familias com formação dos seus filhos.

  3. Muito bom Ricardo, é por mesmo, só como exemplo do descaso com o dinheiro público e da total falta de responsabilidade de um governante vejam o caso do prefeito do município de SOBRAL-CE,
    para quem não sabe SOBRAL é uma cidade do porte de ITABUNA, com postos de saúde em estado lastimável, falta todos os tipos de vacina, as escolas municipais e estaduais estão piores que na BAHIA, mas apesar de tudo isso esse tal prefeito que deixou o cargo em dezembro para assumir um ministério no governo DILMA, começou a construção de uma VILA OLÍMPICA em SOBRAL que já consumiu R$ 5 milhões, as pedras para revestimento foram importadas do CANADÁ, o cabra é protegido do CIRO GOMES E CID GOMES GOVERNADOR DO CEARÁ, É ESSE O SOCIALISMO DESSA CAMBADA, E DIZER QUE O GOMES SE ACHAM OS DONOS DA VERDADE E DA ÉTICA, TRISTE BRASIL, TAMOS LASCADO PRA VALER.

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