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Manuela Berbert

Nunca imaginei ter um vizinho ladrão de jornal. Mas, pasmem, acontece nos melhores bairros.

Minha mãe descobriu os prazeres da internet. Passa horas navegando e lendo as notícias do mundo afora. E, claro, como em toda família em que existe jornalista, vem comentar comigo. Essa semana me contou de um caso interessante, que leu num site nacional: uma mulher foi encontrada morta, na Europa, dentro do seu próprio apartamento, quase nove anos depois. Sentiram falta dela, mas não fizeram muita coisa diante de tal desaparecimento.

Fiquei me perguntando: que família seria a dela, que vizinhos ela teria, que vida essa mulher levava. Procurei a matéria e, mesmo lendo a descrição dos mais próximos de que ela seria uma pessoa isolada, fechada, fiquei estarrecida com a situação. Que triste fim!

Lembrei do meu vizinho, um senhor inconveniente que, vez ou outra, bebe e faz gracinhas. Nada que venha a tirar o sono de todos, já que geralmente ele denigre a própria imagem, gritando, falando alto, discutindo com sua sombra. Sequer sei o seu nome, tamanha a minha aproximação com ele. Mas sentiria sua falta.

Dia desses, aconteceu um fato interessante: meu irmão, ao acordar muito cedo para ir trabalhar, o viu, com um cano de PVC nas mãos, furtando pela grade os nossos jornais, entregues ainda na madrugada. Entendeu porque, muitas vezes, sentia falta dos periódicos. Eu achava que Marcelo, por sair sempre cedo, levava as edições com ele. Ele achava que muitas vezes a entrega era tardia, e que eu lia e ‘dava fim’.

Nunca imaginei ter um vizinho ladrão de jornal. Mas, pasmem, acontece nos melhores bairros. Daria uma crônica interessante, se contada ao mestre Odilon Pinto, já que meu irmão se sentiu constrangido com o episódio e ficou quieto, com vergonha de ser flagrado. Acontece que, ao passar na porta da residência do ‘cabra’, o viu sentado, na companhia do vigia da rua, de jornal em punho, lendo. Parou o carro e disse: “quando terminar de ler, devolva!”

Manuela Berbert é jornalista, estudante de Direito e colunista da Contudo.

0 resposta

  1. Genial essa sua matéria, Manuela!!!
    Pensemos no lado positivo da coisa, no momento em que o “roubo”é para que o torne mais informado no dia a dia rsrs
    Enquanto atriz, me imaginei todos os dias eu indo na casa dele para saber o que aconteceu , o que ele tinha lido “no meu jornal”!!
    Isso é um texto pronto de teatro, é uma personagem perfeita para ser interpretada.
    Abraços
    Eva Lima atriz e produtora cultural

  2. Eva, dei e dou muitas risadas desse caso, embora ele seja realmente recente. E analizando o cotidiano do mundo afora, digo e repito: SALVE O POVO BRASILEIRO, que tem sempre um jeitinho pra dar…

    A propósito, que hora ler um comentário seu por aqui.
    Coisas que só o Pimenta anda fazendo por mim…

  3. SALVE O POVO ITABUNENSE

    Uns Roubam Jornais e Outros Roubam Itabuna, Na Prefeitura E Na Casa De Irene Que Se Encontra De Tudo, Eles Têm Classe Até Pra Roubar, São Educados, Alguns Elegante, Tem Um Que É Quase Pastor Alemão, Eles Estão Diariamente Na Imprensa Falada, Escrita e Televisada, Não São Anônimos E Sim Conhecidíssimos Da Nossa Pobre, Falida E Falsa Sociedade, Por Isso Eles Não Utilizam Canos de PVC made in Ferradas, Isso É Coisa De Ladrão De R$ 1,99, Já Os Chiques Com Suas Beldades Usam Canetas Folheadas A Ouro Com Algumas Pedras Preciosas Da Marca H.STERN made in Grmany.
    deixeopovotrabalharisomar2014@gmail.com

  4. Isso é que eu chamo de “Furto Intelectual”… Acho até interessante, ainda mais em um país de analfabetos. Sem falar que até os alfabetizados não costumam ler jornal… Devemos até dar um crédito ao larápio pelo gosto da leitura… haha!

  5. Meu Deus, não dá mais nem pra botar aquele velho aviso: “qualquer semelhança é mera coincidência” rsrsrsrs. As identidades foram expoooostas sem piedade ahhhhh Manuh!
    rsrsrsrsrsrs

  6. O ROUBO NO BRASIL FAZ PARTE DA estrura social que vive a inversao de valores quanto mais analfabeto melhor para os politicos.salve jorge!?

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