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Daniel Thame | danielthame@hotmail.com

 

Jamais se deve duvidar da capacidade da estupidez humana e a prova disso é que ainda existe quem defenda o retorno da região à monocultura cacaueira.

 

Há três anos a população ilheense e do Sul da Bahia como um todo assiste a um debate que muitas vezes desprezou o bom senso. A batalha entre supostos defensores do meio ambiente e aqueles que vêem no Complexo Intermodal Porto Sul uma chance única de fazer desta uma região desenvolvida vinha perdendo o rumo. Tornou-se uma discussão que beirou o radicalismo de árabes e israelenses ou das torcidas organizadas de Flamengo e Vasco ou Corinthians e São Paulo.

Do lado dos defensores do Complexo Intermodal, sempre pairou a suspeita de que havia interesses inconfessáveis determinando o rumo da prosa. Ligações com esquemas empresariais poderosos e grupos políticos de outros estados se revelaram, não raro, de forma escancarada.

Havia os autênticos defensores do meio ambiente, é lógico, mas entre os “verdes”, os de maior poder de manipulação nunca tiveram nada de mocinhos, apesar do discurso cativante e das expressões de frades franciscanos.

Enquanto o radicalismo empobrecia o debate, as instituições mostravam seu amadurecimento. Em novembro do ano passado, o Ibama emitiu parecer que apontava a necessidade de novos estudos, a verificação minuciosa de possíveis alternativas à Ponta da Tulha para a construção do Porto Sul. E não o fez por pressão de quem quer que seja, mas por cumprimento da lei e de um dever institucional.

Haverá quem se arvore em pai da mudança da localização do porto para Aritaguá e ainda terá quem se posicione contrário ao projeto, argumentando que Ilhéus deve se dedicar única e exclusivamente ao turismo e ao cacau, como se essas atividades, embora viáveis, dessem conta de todas as demandas existentes na região.

Jamais se deve duvidar da capacidade da estupidez humana e a prova disso é que ainda existe quem defenda o retorno da região à monocultura cacaueira. Como se fosse possível e aceitável que o Sul da Bahia voltasse a depender de uma única fonte de riqueza, cuja inviabilidade socioeconômica a vassoura-de-bruxa deixou tristemente estampada. Um tiro certeiro no bom senso.

O fato é que a região tem o cavalo selado e não pode desperdiçar essa oportunidade de sair do marasmo. A mudança para Aritaguá, atendendo critérios técnicos, mostra que o Governo está no melhor caminho, o que busca harmonizar viabilidade econômica e menor impacto ambiental. São itens que estão entre os princípios da sustentabilidade, que se pauta no equilíbrio.

Dessa vez, ao que tudo indica, o maior empreendimento do sul da Bahia nos últimos 30 anos está a um passo de se tornar realidade. E não há mais espaço para discussões de arquibancada, embora as aves agourentas continuem por aí, sempre torcendo contra e sem apresentar qualquer alternativa que possa ser levada a sério.

Daniel Thame é jornalista.

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