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Sócrates Santana | soulsocrates@gmail.com

O governo precisa dispor de mais esforços. Independente do fim da greve, a lição de casa é aprender como lidar com uma greve que começou com um objetivo de classe e é transformada numa disputa pelo comando do sindicato.

No dia 16 de julho, a APLB Sindicato de Jacobina anunciou o final da greve no município. Da mesma maneira de dezenas de municípios, não aderiu, portanto, a continuidade do movimento grevista, a exemplo da capital baiana. Com isso, a paralisação perdeu força e diminui os espaços de pressão no estado. O enfoque, contudo, hoje, não é a continuidade ou não da greve. Não é o mérito ou não da greve. Não é, principalmente, a força ou não da greve. O enfoque é o limite da greve, o sentido da greve, não apenas para os professores, mas, especialmente, para a população.

A população reconhece o mérito da greve dos professores. Aliás, qualquer reivindicação da categoria é encarada de maneira positiva pela população. A educação é e será – permanentemente – um fator de reivindicação encarado de maneira legítima e indelével pelas pessoas. Portanto, não é o mérito da greve dos professores que é avaliado. Não seria justo.

Só que não é possível convencer a sociedade de uma luta – por intermédio do uso da greve – apenas sob o olhar dos professores. A greve é um instrumento de manifestação pública construído pela classe trabalhadora. Sendo assim, possui domínio de toda a classe trabalhadora.

Isso significa que o bom ou o mau uso da greve por professores, médicos, jornalistas ou operários, influencia positivamente ou negativamente em toda e qualquer manifestação que faça uso deste instrumento de disputa da sociedade. A greve dos professores da rede estadual de ensino, portanto, é de todos nós. Para o bem ou para o mal, a greve dos professores é de toda a classe trabalhadora.

Mas, se a greve dos professores é de todos nós, a continuidade ou não dela também é de responsabilidade de todos nós. É uma decisão de todos nós. Estudantes, motoristas, cozinheiros, comerciantes, todos nós. Nós devemos estabelecer o limite da greve. E, o limite da greve, não é – simplesmente – o limite do professor. Não é até quando o professor aguenta viver sem salário, sem dinheiro, sem alimento. O limite da greve é o limite da população.

Recentemente, a Bahia viveu a greve da PM. Esta greve não terminou simplesmente porque os policiais militares resolveram descruzar os braços. A greve cessou porque a população resolveu encerrar o apoio dela.

Todo sindicalista reconhece a frase: “Um passo em frente, dois passos atrás”. Isso representa a hora de avançar e recuar. Avançar com a aprovação de 10% do PIB para a educação, aprovado com 100%. Avançar com a criação de universidades federais na Bahia, tendo como protagonista da expansão universitária no país um governo petista, bem como, avançar com o aumento do piso salarial dos professores no Brasil.

Mas é preciso recuar também quando rotulam (e nós deixamos) o uso da greve como uma válvula de escape esquerdista, por mais justa que seja. O parâmetro da greve não está no caráter dela. Por princípio, toda greve é justa. Infelizmente, uma parcela significativa da sociedade encara toda e qualquer manifestação grevista como o império da baderna. Alguns veículos de comunicação, por sinal, classificaram a Bahia como “A república sindical, a república da greve”. Ou seja: demonizam o uso da greve e satanizam os sindicatos, confrontando os trabalhadores contra outros trabalhadores. Este é o jogo traiçoeiro da oposição.

Mas é preciso deixar claro também que o limite da greve não é o limite do orçamento do governo. O fato de ter sido eleito e composto majoritariamente por trabalhadores requer deste governo mais disposição para dialogar, mais vontade política para equacionar o orçamento segundo o anseio da classe trabalhadora. Isso significa que o governo precisa dispor de mais esforços. Independente do fim da greve, a lição de casa é aprender como lidar com uma greve que começou com um objetivo de classe e é transformada numa disputa pelo comando do sindicato.

Sócrates Santana é jornalista.

5 respostas

  1. Falou….falou…. e ficou com idas e vinda…. SHORUMELASSSSSSSSSSS
    O fato é que existe orçamento simm se não existisse não teria o governo federal sancionado essa lei do PISO NACIONAL para a educação; a fatia distribuida para cada ente federado é suficiente para atender aos direitos dos trabalhadores do contrario não teria passado pelas 2 casas legislativas e a presidente Dilma sancionado… então Dilma é culpada das greves???????que é tb do mesmo partido do vagareza………… há!!!!!!!!!! me venha com outros argumentos defensores e participes desse PTISMO….
    NÓS PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS DA BAHIA CONCLAMOS !!! PERMANEÇAM NA GREVEEEEEEEEEE PROFESSORES!!!!! CLARO JAMAIS EXISTIRÁ UNANIMIDADE….NA DEMOCRACIA A LIBERDADE DE EXPRESSÃO PERMITE, JÁ DIZIA NELSON RODRIGUES TODA UNANIMIDADE É BURRA ESSES PETISTAS TÊM QUE EXPERIMENTAR DO PROPRIO VENENO. NÓS SOCIEDADE ESTAMOS APOIANDO VCS A UESC – UNEB – UESB ESTAMOS COESOS COM OS VOSSOS IDEAIS E EM NOSSAS SALAS DE AULAS COM TODOS NOSSOS ALUNOS QUE QUE SÃO TB ORIUNDOS DA SOCIEDADE COMOUM TODO TB DE PROFESSORES, EM TODOS OS CURSOS DAS FACULDADES ESTAMOS MANDANDO VER!!!! PORQUE VOSSA VITORIA É NOSSA VITORIA EM BREVE ESTAREMOS INDO PRA RUA E QUEREMOS VOSSO APOIO…. CAROS COLEGAS !!!! AVANTE!!! CONTINUEM NA LUTA !!!!!!! LUCCA

  2. Como tenho falado sempre, nessa greve insana quem perde, são os estudantes que estão sedetos por estudos, o governador não vai se aposentar politicamente, os lideres sindicais não podem ser demitidos, esses lideres vão sair candidatos a cargo eletivos, tem oposição juntos com centrais de trabalhadores, podem ver em reportagem na midia, objetivos desgastar o governo, os professores são usados como massa de manobra dessa meia dúzia de sindicalistas radicais, os docentes, seus filhos estão estudandos nas melhores instituições de ensinos privado da Bahia, vai ligar para os humildes, tem de haver uma saida, não precisa de presença fisica de educadores, faz aulas por video conferência com professores de ponta, provas, o estado privatiza para alguma empresa particular aplique as provas.

  3. Nao tem orçamento para pagar professores , mas tem para fazer propaganda do seu governo!infelizmente o “socrates” bom morreu e fica esse falastrao, ocupando espaço na coluna para defender o indefensável!quando na realidae deveria é estar defendendo os PROFESSORES que vivem hoje desrespeitados, humilhados e na maioria das vezes agredidos por pequenos marginais nmenores que sao protegidos da lei para cometerm atrocidades porque sabem qie nada lhes acontecerá!enquento perdurar a ignorância no nosso País , permanecerao esses embusteiros travestidos de políticos , impedindo que a educaçao alcançe o seu patamar mais alto e de direito! Pais educado é pais que se respeita !e nao vota em corruptos, marginais e traidores da Pátria!

  4. Concordamos com Alvim. O autor do texto parece não saber que é exatamente dos entraves provocados pela greve que a alimenta. Não há poder de barganha em um processo de greve se este não cria na sociedade o sentimento de perda. E mais, o conflito é inerente ao processo de mudança, daí surgem os movimentos sociais.Sugestão:o pimenta é sem dúvida, na minha opinião, o melhor veículo de informação que atua nesta região, mas precisa selecionar melhor seus colunistas.

  5. Caramba…o ‘robertinhodeilhesu'(sic)realmente não sabe nada de educação e vive no mundo da lua. Generalizar que filhos de docentes estão estudando nas melhores instituições, com o salário que a maioria recebe é de fato não estar a par da realidade e mais, “a educação não precisa de presença física de educadores”. Pronto está inaugurada aí o ensino fundamental EaD, pronto…lascou tudo!

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