Tempo de leitura: 2 minutos

Juraci Filho | juraci_filho_@hotmail.com

Durante estes últimos anos, tudo que vimos são “rankings” lastimáveis: epidemia de dengue, índices crescentes de jovens mortos por violência e manchetes vexatórias apontando o caos urbano.

Hoje 28 de julho de 2012, aniversário de nossa Itabuna, estou em Almadina, um pequeno município e um povo que me acolheu com muito amor. Mas digo que não consigo abandonar minha terra. Estou sempre aí.

O exilio é sem dúvida uma oportunidade de refúgio, que nos agiganta o sentimento de pertencimento do lugar que por circunstância alheia tivemos que sair, passamos a dar valor a tantas coisas simples, e maravilhosas lembranças nos enche os olhos de lágrimas, das coisas de colégio, dos babas no “areião” do bairro Santo Antônio, das histórias que ouvi e que vivi em meus poucos vinte e oito anos. Dos amigos que conquistei, dos amigos que me conquistaram, das histórias que meu pai me contava do ABC da Noite de Caboclo Alencar…Das passeatas de estudante,apreendendo a arte de liderar,dos comicíos…

Compreender a história enquanto um legado é fazer do presente uma marca para o futuro. Esta perspectiva… do amanhã, cada vez mais tem se tornado um privilégio entre nossos jovens, que não estão tendo tempo para sonhar.

A fatalidade foi convertida em naturalidade e a vida vai perdendo seu encanto, seu brilho maior… Pontalzinho, bairro pioneiro, ouve os estampidos. Não são dos fogos de artifício comemorando a festa de Itabuna! Meu Deus! São tiros em plena luz do dia. São desafios de uma terra cujo povo superou os trumas da crise do cacau, mas tem esbarrado em recordes nacionais negativos, baixando por vezes a nossa autoestima.

Durante estes últimos anos, tudo que vimos são “rankings” lastimáveis: epidemia de dengue, índices crescentes de jovens mortos por violência e manchetes vexatórias apontando o caos urbano.

O tão sonhado desenvolvimento pós-crise do cacau chegou em forma de “tsunami”, jovens ao léu e uma política de contenção e reação sem planejamento. Não existe reforma urbanística. Sem planejamento, o crescimento é explosão. Sem planejamento, a geração de emprego vira exploração do trabalhador. Sem planejamento, o cidadão não consegue atendimento de saúde com qualidade e o erário, desaparece.

Itabuna, que é de tantos santos – São Lourenço, Nossa Senhora de Fátima,São Caetano, São Judas, São Pedro, Santo Antônio…O profano consegue estragar. Somos um polo regional de educação e já fomos referência em saúde, um comércio que não se acovarda, embora seja intimidado constantemente pela falta de oxigenação econômica. Um povo que no curso de sua história política abraçou e “fez” o ACM na época de Alcântara, mas o desmontou em épocas futuras. Assim é um pouco de nossa gente um povo “retado”.

Tudo aquilo que perdemos por falta de planejamento não arrancou de nossa gente a esperança de continuar tentando. O NOSSO AMOR,nosso desejo de sonhar é mister a sobrevivência de nossa história e de nossa geração. Vamos pensar o que um antigo prefeito já dizia que “dias melhores virão”,oxalá este tempo venha logo. Amém!!!

Juraci Filho é assistente social e policial militar.

6 respostas

  1. Com toda certeza dias melhores virão, Itabuna não merece isso
    Que Deus abençoe essa cidade e repreenda toda ação do mal

    UM forte abraço ao amigo cizinho

  2. Parabéns, Juraci!
    Texto simples, porém profundo. Prova que tem sensibilidade e conhecimento desta terra linda e maravilhosa. Aqui é nosso lugar, pena que o maltratem tanto!!!

  3. Cizinho, parabens pelo texto, ótima maneira de retratar a nossa realidade nessa cidade, alias, bons tempos aqueles dos babas ali no areião em frente a casa de Robertão, época boa aquela em que as discursões em campo ficava só ali, e não como hoje que a violência tomou conta de nossa cidade, em que uma simples discurssão de jogo pode levar a algo mais serio. Parabens e tudo de bom pra vc e sua familia, a nossa familia toda conhece vc a muitos anos e te admira pelo seu carater em geral.

  4. Grande Juraci, parabens! conseguiu expressar o sentimento de muitos…Inacreditavelmente nossa cidade parou no tempo…os recordes só nos envergonham, mortalidade infantil, violência entre os jovens, dengue etc…enquanto isso nos bastidores do poder, os malditos riem daqueles que se indignam com tantos desmandos…

  5. -Sou de Almadina onde fui criado na rua Lomanto Junior, 56 já morei em Itabuna, terra do nascimento e morada atual de meu filho hoje casado, vivo em Feira de Santana com os olhos voltados para o sul na esperança de retornar a minha terra, porém a falta de trabalho e oportunidades mim fazem ficar por aqui aguardando.

    um abraço.

Deixe aqui seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *