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Valéria Ettinger | lelaettinger@hotmail.com

Queremos sim uma onda que seja autônoma, que se reconheça como sujeito de direitos, que participe politicamente, que decida, que tenha legitimidade social.

Estamos vivendo uma explosão de ondas de diversas cores. Mas que tipo de onda é a que desejamos? Uma onda de abraços e beijinhos, uma onda de “tchau”, uma onda carnavalesca, uma onda ensurdecedora, uma onda que se repete e não transforma, uma onda vazia, sem conteúdo, uma onda que diz, mas não cumpre, uma onda com modelos prontos que não foi construída com a participação dos interessados? Ou queremos uma onda capaz de transformar, de construir, de participar, de se reconhecer, de se tornar visível, de dar acesso?

Não queremos uma onda que diz que irá nos levar, mas não tem força para nos guiar. Não queremos uma onda que nos leve e depois nos deixe a deriva, perdidos na imensidão ou na escuridão. Não queremos uma onda que nos derrube e nos afogue. Não queremos uma onda que ao despontar seja exuberante, mas ao ganhar impulso perca a sua força. Não queremos uma onda que traga mais sujeiras e não leve as já existentes. Não queremos uma onda que siga o mesmo fluxo das anteriores.

Queremos sim uma onda que seja autônoma, que se reconheça como sujeito de direitos, que participe politicamente, que decida, que tenha legitimidade social, que tenha senso de coletividade e seja capaz de reconstruir uma nova história para si e para seu território.

Queremos uma onda que nos trate como verdadeiros cidadãos, como os verdadeiros donos da coisa pública, uma onda que nos trate com dignidade e respeito, que não nos trate como bobos da corte ou como alavanca para interesses pessoais.

Quando vislumbramos a existência dessas ondas, podemos apontar para duas possibilidades: a existência de ondas que já se formaram e estão lutando por seus interesses, a partir da valorização e manutenção de sua cultura, tentando afirmar suas identidades ou buscando novos valores para reconstruí-la e as ondas que existem, mas não se deram conta da sua existência ou estão dominadas por um sistema político individualista e assistencialista.

As primeiras estão inseridas nos movimentos sociais que ainda são marginalizados e segregados pela sociedade como se fossem grupos armados, terroristas ou de delinquentes que tentam usurpar o direito alheio. Muitos desses grupos querem a visibilidade e o acesso a direitos que antes lhes foram negados ou usurpados pelas elites dominantes.

E muito me alegra participar e vivenciar a realidade desses grupos e em especial da rede de mulheres de comunidades extrativista e pescadora do sul da Bahia, que no dia 21 de setembro de 2012, invadiu a UESC com sua onda rosa para participar de um curso de capacitação desenvolvimento pelo projeto de extensão SER-MULHER que estuda e pesquisa as questões de gênero. Uma onda que vem despontando como pioneira na luta dos direitos das mulheres de comunidades produtivas do sul da Bahia.

Elas acreditam que a força cooperativa e união de interesses as tornarão mais articuladas e mobilizadas para terem acesso às políticas públicas voltadas para as questões de gênero, bem como empoderar-se para ter mais participação nos fóruns de discussões de políticas públicas e políticas setoriais.

Mas nem todas as ondas encontraram a força necessária para iniciarem seus processos de luta e se reconhecerem como um “tsunami” capaz de transformar a realidade excludente, marginal e utilitária. Como disse minha amiga Aline Setenta, muitas dessas pessoas não se reconhecem como pertencentes a uma coletividade ou até mesmo não sabem que existe uma coletividade e, o pior, pertencem ao mesmo território, mas por fatores, políticos, sociais e econômicos não se misturam e não se unem para praticar uma verdadeira democracia e construir, conjuntamente, um modelo de sociedade que seja adequado para o desenvolvimento do seu território.

Valéria Ettinger é mestranda em Gestão Social de Desenvolvimento (UFBA) e membro do Ser-mulher e Instituto Emancipe-se.

18 respostas

  1. Realmente, queremos uma “onda”, que não se dessolva como espuma ao vento. Queremos um legislador que não se corrompa de acordo aos seus interesses como aconteceu na câmara de vereadores, que só agora é que a população veio a saber, das medidas tomadas por alguns, mesmo que timidamente.Precisamos de um legislador, com autonomia, que não esteja respondendo nenhum processo judicial e com bens bloqueados.Que não façam de conta que tudo está bem e fiquem manipulando até mesmo os meios de informações que é do interesse da população.

    Gostaria também que os blogs respeitassem as nossas opiniões,e que publicassem o que pensamos, o que optamos, claro, dentro das normas do respeito, e que sejam imparciais.

  2. Zelão, diz: – “Toda onda passa!”

    Queremos seriedade. Queremos propostas possíveis de ser realizadas.Queremos ética na política. Queremos fiscalização por parte dos orgãos fiscalizadores; da gestão pública.
    Ondas, veem e vão e se quebram na praia. Nem tsunami nem marola. Queremos um movimento constante, capaz de trazer o desenvolvimento econômico do município e o bemestar do nosso povo.

  3. Precisamos de uma onda de dignidade e respeito, composta por pessoas que compreendam que a ficha do candidato é a identidade dele. Que assim como qualquer mortal, o candidato a um cargo público tenha histórico quites com a justiça. Que tipo de eleitores seremos, se confirmamos candidatos testados e reprovados pela justiça, por improbidade administrativa? Será que basta dizer que não fez algo de que é acusado, e não tem que provar? Quando nos candidatamos a um emprego, temos que apresentar bons antecedentes, senão perdemos a vaga, já os políticos com questões na justiça, nem aí e os eleitores ainda aceitam! Temos que dizer aos candidatos que primeiro provem suas santidades para depois se candidatar, senão eles vão continuar fazendo a maioria de besta.

  4. Excelente artigo, Valéria. Você nos faz lembrar que é preciso sermos 100% cidadãos e pensar cada vez mais na coletividade. Aqui eu me penitencio por tantas vezes ser individualista, mas procurarei me redimir.

  5. A melhor onda é a das mulheres para impor respeito e dignidade a esta cidade. Fazer uma verdadeira faxina e tirar toda a sujeira que está sob o tapete. Eu acredito piamente na onda de Juçara e Acácia.

  6. EU PREFIRO UMA ONDA FICHA LIMPA,QUE NÃO SE ENVOLVEU COM CONSIGNADOS,E NEM DIÁRIAS,UM ONDA QUE TRAGA UM NOVO PARADIGMA PARA A NOSSA CIDADE,QUE DESTRUA PARA SEMPRE OS RANCOS E CULTURAS DO CORONÉIS,PORQUE MULHER NÃO PODE SER CHAMADA DE VACAS,UMA ONDA SEM PRECONCEITO LIVRE E SOLTA.

  7. Onda boa é a verde, é a cor da esperança, Nós Itabunenses , estamos desiludidos…..chega de Fernado ou Geraldo ou cria deled.Vamos renovar, vamos arriscar.vamos votar em VANE 10.

  8. Parabéns Valéria. Seu artigo é sem dúvida um dos melhores já publicado neste blog e fala que independente de onda o que precisamos e fomentar um governo convicto de seu papel enquanto gestor de políticas e pleno de direito e que valorize a participação social e suas ferramentas de controle.
    Vamos refletir e no dia 07/10 votar em um candidato ( a ) que tenha um plano de governo viável para Itabuna e parar de aposta r em nomes e projetos personalista que colocaram esta cidade no atraso.

  9. À título de informação:
    Que onda chamou a mulher de vaca?!
    Vamos fugir das marolas que deturpam e distorcem as palavras, além de manter distância das ondas que tentam nos cegar através da manipulação do que foi dito, gravado, reproduzido!
    Assim não vale, Ana!
    Colocar palavras na boca alheia, não vale!

  10. “As primeiras estão inseridas nos movimentos sociais que ainda são marginalizados e segregados pela sociedade como se fossem grupos armados, terroristas ou de delinquentes que tentam usurpar o direito alheio.”

    NÃO PELA SOCIEDADE! E SIM POR AQUELES QUE TEM O PODER NAS MÃOS! E NÃO FALO DOS POLÍTICOS APENAS, INCLUO AQUI AQUELES QUE SÃO OS CHAMADOS DIRIGENTES! DIRIGENTES DO SETOR COMERCIÁRIO, DIRIGENTES DO SETOR HOSPITALAR, DIRIGENTES DO SETOR EDUCACIONAL ENTRE OUTROS! PESSOAS QUE FORAM NOMEADAS SOB OS LENÇÓIS DOS CONCHAVOS POLÍTICOS E SENTEM-SE DONAS DO MUNDO!
    SIM, QUEREMOS E ATÉ NOS ORGANIZAMOS PARA COMBATER A CORRUPÇÃO, PARA TOMAR SATISFAÇÃO SOBRE VERBAS RECEBIDAS E APLICADAS COM DESVIO DE FINALIDADE!!!!! QUE O DIGA O SETOR HOSPITALAR, DE MODO GERAL, NESTA CIDADE!!!
    NO ENTANTO, ELES SENTAM-SE EM SEUS TRONOS E NÃO NOS DÃO SATISFAÇÃO ALGUMA, CHEGAM A SENTIREM-SE INDIGNADOS QUANDO SÃO QUESTIONADOS! ESTES ´DIRIGENTES´ SIM, ESTÃO USURPANDO NOSSO DINHEIRO!!!
    SIM, SOU CIDADÃ E QUERO SABER ONDE ESTÃO SENDO APLICADAS AS VERBAS RECEBIDAS!!!!!!! E SE HOUVE DESVIO DE FINALIDADE….DEEM CONTA!!!!!!
    O DESABAFO ACIMA É FRUTO DE EXPERIÊNCIA PRÓPRIA!!!!

  11. Parabéns Senhora Valeria. Que Deus possa te abonçoar, dando sabedoria para continuar escrevendo tão belos textos que com certeza virão a nos enriquecer.

  12. Eu tbm acredito,por ser duas mulheres e estar com o apoio do governo federal e estadual,se o atual prefeito que e a oposição estar recebendo rios de verbas imagine essas duas mulheres de força e sensibilidade maternal. disse:

    Tbm concordo,ppensando na coletividade Jucara e Acacia é o melhor para Itabuna porque terá ainda mais o apoio do governo federal e estadual.creio nisso.

    Iraneide moreira

  13. Artigo muito bem escrito e muito bem argumentado!Como mulher acredito que as ondas que correm por Itabuna são ondas do atraso,mas a chapa das mulheres não é onda,é um partido de muitas lutas travadas e esse país colocou uma mulher na presidência,ta na hora de uma mulher na prefeitura de Itabuna,pra mudar essa cidade,respeitando os homens,mulheres,crianças,idosos,sem comparação com animais!

  14. Valéria, seu texto é maravilhoso , só que você não conhece a onda da miséria que se encontra em cada bairro ,desta cidade.
    E a onda verde que se diz o homem social . o homem do renascer foi passear com o dinheiro deste povo e que hoje ,ele quer voto . Filosofar é muito bom mas a realidade é outra . Por isso lhe garanto que a onda vermelha é a melhor onda no momento para a nossa cidade. A onda da transformação, do respeito,do crescimento e da valorização da mulher.

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