Tempo de leitura: 3 minutos

Karoline VitalKaroline Vital | karolinevital@gmail.com

Penso que as ações diárias são mais eficazes, têm um poder de convencimento muito maior sobre os contrários, pois são provas concretas de que aquilo que é defendido com tanto fervor funciona na prática e harmonicamente com a sociedade como um todo.

Em tempos atuais, Bolinha e sua turma não se limitariam a um simples cartaz pregado na porta de seu clubinho com a frase “menina não entra”. Para reforçar sua aversão à companhia das garotas, provavelmente ele e seus coligados fariam placas e marchariam pelo bairro, com alguém berrando seus ideais a bordo de um trio elétrico.
E, para reforçar ainda mais sua filosofia de vida, o Clube do Bolinha realizaria essas caminhadas anualmente, procurando superar a adesão de simpatizantes das edições anteriores, conquistar apoio de alguma celebridade para legitimar a causa e um político para assegurar recursos a fim de deixar a manifestação ainda mais grandiosa e aproveitar o ensejo para uma autopromoção.
Hoje em dia é assim. Não basta participar de um clube, igreja, ou qualquer tipo de agremiação. Para mostrar a força de seu grupo social é preciso encher as ruas, fazer muito barulho, causar engarrafamentos, sujar as ruas com panfletos e demais materiais de divulgação e tentar arrumar uma “pontinha” do poder público para bancar a manifestação do pensamento de um grupo comum. E, é claro, sobrepujar aqueles que pensam diferente, demonstrando alto poder de mobilização, contabilizado nas matérias do dia seguinte divulgadas em meios de comunicação cuja parceria foi especialmente financiada ou coagida por algum peixe grande envolvido na organização do evento.
Honestamente, não acredito que marchas e paradas disso ou daquilo sirvam efetivamente para quebrar preconceitos, conscientizar e promover a cidadania da maneira que apresentam em seus discursos. Quem tem aversão ao grupo organizador da iniciativa dificilmente vai aderir ao movimento. Boa parte dos participantes não corporativos é neutra ao assunto, é do “tanto faz como tanto fez”. Se jogam na multidão para se incluir no fovoco e só. Nada além disso.
Acredito que ideias precisam ser defendidas diariamente e aqueles que têm preconceito contra algo ou alguém devem ser convencidos através de testemunhos positivos habituais daqueles que levantam alguma bandeira. Penso que ações agressivas como as marchas e as paradas são semelhantes ao caso da cidade que decidiu remover uma baleia morta encalhada na praia explodindo o imenso cadáver. Quem não conhece a história ou assistiu ao vídeo, imagina o que aconteceu. Um estrondo imenso seguido de uma chuva de pedaços da baleia sobre os que assistiam a ação. Ao invés de resolver o problema de uma maneira mais lenta e eficaz, retirando o bicho apodrecido por partes, optou-se por algo mais radical e grandioso, causando ainda mais dor de cabeça.
Seja na marcha para Jesus, pela paz, das vadias, contra a corrupção, da maconha ou na Parada Gay, duvido muito que a parcela de pessoas tocadas pela causa levantada seja maior que a fatia descontente com as ruas interditadas, o som alto e demais transtornos que afetam o cotidiano. Penso que as ações diárias são mais eficazes, têm um poder de convencimento muito maior sobre os contrários, pois são provas concretas de que aquilo que é defendido com tanto fervor funciona na prática e harmonicamente com a sociedade como um todo.
Karoline Vital é jornalista.

11 respostas

  1. Diz o adágio popula (água mole e pedra dura tanto bate até que fura). Talvez este sentimento expresso pela sociedade não alcance os objetivos de maneira tão breve,mas devemos reconhecer os incômodo do barulho.
    A Nova Zelândia,foi o primeiro pais no mundo a conceder o voto feminino,esta iniciativa veio aflorar o sentimento de igualdade de gênero no ocidente,movimentos de mulheres eclodiu no Reino Unido,Portugal,Estados Unidos. As mulheres foram além das criações de associações e passeatas e,se armaram com o sexo, “fechou as pernas” ao marido. Aqueles que decidiam nos parlamentos o destino da igualdade de gênero.
    Aqui no Brasil,a história não foram diferente,a primeira constituinte de 1891,o constituinte,Cesar Zame,queria a igualdade de gênero ao direito do voto,mas foi derrotado pela a
    maioria dos constituintes. No seu discurso,disse ” Assim o Brasil deixou de ser o primeiro país no mundo a conceder o voto
    à mulher.” A Nova Zelândia, em 1893, concedera o voto feminino.
    César Zame, continuou com seu discurso ” Bastará que qualquer país importante da Europa conferir-lhes direitos políticos e nós imitaremos. Temos nosso fraco pela imitação.”
    As mulheres não se intimidaram,criaram várias entidades pelo Brasil e aumentaram a pressão pela igualdade de gênero.
    Em 1932 a mulher a conquistara o direito de votar e ser votada
    e elegendo a primeira mulher na câmara dos deputados,a médica,
    paulista,Carlota Pereira Queirós. Contudo,a conquista não foi completa,a mulher só votava com autorização do marido.Mulher solteira e viúva,tinha direito ao voto,somente com renda própria.
    A constituinte de 1934,eliminava algumas restrições,mas o voto feminino não era obrigatório.
    A constituinte de 1946,finda quaisquer restrições,o voto feminino passou a ser obrigatório.
    Nesta luta devemos citar mulheres guerreiras,como a professora Celina Guimarães,que defendera o “voto de saia” no Rio grande do Norte.Berta Lutz, Nathárcia da Cunha Silveira e tantas outras.
    Outrossim,só precisa acreditar,(água mole em pedra dura,tanto bate até que fura)

  2. Zelão, diz: – Pra meio entendedor, meia palavra basta!
    Sintetizando o seu pensamento, acho que o que você quis dizer é que a maioria dessas manifestações são atos de exibicionismo ou de pura frescura.

  3. parabéns pelo seu artigo, com o qual comungo. sou evangélico, e nunca participei dessas paradas por vc mencionada. também acho que tais movimentos, sáo um estorvo, e nada produzem de relevante para o grupo promovente.

  4. Muito bacana sua matéria. Parabéns. Gostei muito desta parte: “duvido muito que a parcela de pessoas tocadas pela causa levantada seja maior que a fatia descontente”. Todavia, acho que as classes são muito egoístas. Cada classe defende suas causas e critica as reivindicações alheias. A população também é totalmente alheia, não sabendo que serão diretamente afetadas.

  5. Filho de Mutuns,
    Penso que o texto em questão não descredencia os movimentos populares de reivindicação. Apenas critica, penso eu com razão, a “modinha” de paradas que nada acrescentam a causa nenhuma. Pura tentativa de demonstrar poder.

  6. Certas manifestações deveriam ser direcionadas aos interessados
    apenas, e nunca jamais a prejudicar o livre ir e vir do cotidiano das pessoas não envolvidas no processo reividicatório. Minha sobrevivencia comercial no ramo de sub-produtos de cacau ñ anda muito interessante, mas imagina caso fazer uma manifestação na Av. do Cinquentenârio, atrapalhando o trânsito seja lá qualquer horário a reivindicar que a torta de mamona tambem destinada a adubação orgânica minha concorrente, seja abominada nesta prática agrícola, haja vista que prejudica a nossa empresa que abriga direta e indiretamente 40 pessoas. Faz sentido?
    Perdoe-me as tantas quantas caminhadas de pessoas de bem, manifestaçoes, ordeiras e pacíficas sempre terminadas em belos discursos, que alí mesmo param.
    Eu pessoalmente participaria do vândalo ato de iniciado do termíno deuma procissão de nada para o nada, marchar para o Centro de convenções inacabado de Itabuna e a marretadas derrubalo, pois isso sim é uma vergonha a honra ñ só do Itabunense mas a região cacaueira.

  7. OBSERVADOR:
    Também penso” Penso que as ações diárias são mais eficazes, têm um poder de convencimento muito maior sobre os contrários, pois são provas concretas de que aquilo que é defendido com tanto fervor funciona na prática e harmonicamente com a sociedade como um todo” Ser Igreja, respeitar o outro e por ai mesmo….
    Vamos orar, ficar atentos, porque estão querendo empurrar goela à
    baixo todo tipo de prática contra a família: ANALISEM OS LIVROS DOS FILHOS DE VCS, ENSINANDO MENINOS A TRANSAR COM MENINOS, MENINAS COM MENINAS, ESTÃO QUERENDO DIMINUIR PARA 12 ANOS SEXO COM ADOLESCENTE PARA NÃO SEREM CONDENADOS COMO PEDÓFILO(ACHO QUE É POR QUE TÁ PERTO DA COPA DO MUNDO),TORNAR PROSTITUIÇÃO COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA, JÁ TÁ LÁ NO SITE OFICIAL DO GOVERNO, ATÉ AS HABILIDADES PARA EXERCER ESSA PROFFISÃO 2 CAMISINHAS POR SEMANA , PARA CADA ADOLESCENTE NA ESCOLA PQ ENTENDEM QUE O NORMAL É O ADOLESCENTE PRATICAR SEXO 8 VEZES POR MÊS, ENQUANTO O POVO TÁ POR AKI FAZENDO PICUINHA , POLITICAGEM PORQUE NÃO CONSEGUIU UM CARGUINHO NA PREFEITURA. O CONGRESSO NACIONAL TÁ DEITANDO E ROLANDO E ACABANDO COM OS VALORES DE FAMÍLIA. ACOOOOOOOOORDAMEU POVO!

  8. Sou Cristao e acho que deva ser preeservado a FAMILIA acima de tudo!Homwem com mulher e mulher com homem!Essa é a regra do cristianismo e vamos seguir! Só que hoje, quem nao aprova essa mudanças sao apedrejados, desmoralizados , e tidos como mal caráter, marginal ou coisa que o valha!sSaudades do saudoso Tim Maia! ” vala , vale tuuudo! vale, vale tuuuudo! so nao vale é homwem com homem , nem mulher com mulher!”Viva os normais!viva a família!

Deixe aqui seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *