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Aleluia está empolgado com as filiações
Aleluia está empolgado com as filiações

Em período de troca-troca nos partidos, o DEM comemora o ingresso de três deputados estaduais baianos em suas fileiras. Os novos membros são Targino  Machado, Elmar Nascimento e Sandro Régis.

No interior do Estado, a legenda também busca novas adesões. Neste domingo, 29, em Barreiras, o DEM fez festa para receber o ex-prefeito de São Desidério, Zito Barbosa, que saiu do PMDB, do qual foi presidente municipal.

O evento em Barreiras teve a presença da cúpula do DEM na Bahia, inclusive o prefeito de Salvador, ACM Neto, o ex-governador Paulo Souto, o secretário de Urbanismo e Transporte da capital, José Carlos Aleluia, e o líder da oposição na Assembleia, deputado Paulo Azi.

Empolgado, Aleluia disse que o DEM “vive a sua primavera”.

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O rubro-negro baiano conseguiu excelente resultado neste domingo, 29, ao derrotar o Atlético Paranaense em plena Vila Capanema, casa do adversário. O Vitória fez os três primeiros gols do jogo e, com o placar folgado, relaxou, cedendo o empate ao Furacão. O desempate do time da boa terra veio aos 37 minutos do segundo tempo, com William Henrique; aos 41 minutos, Ayrton marcou, decretando o respeitável placar de Atlético Paranaense 3 x 5 Vitória.

O resultado levou o Vitória para a sexta colocação na tabela do Campeonato Brasileiro, com 34 pontos ganhos nos 24 jogos disputados até o momento. Logo atrás vem o Internacional, com o mesmo número de pontos, porém com um triunfo a menos.

Já o Bahia não passou de um empate sem gols com o Vasco da Gama, em jogo disputado na Arena Fonte Nova. O tricolor está o 11º na tabela, com 32 pontos acumulados até esta rodada.

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Roberto José da Silva - foto Thiago Pereira
Presidente da Ficc aposta na cultura para reduzir violência em Itabuna (foto Thiago Pereira)

Roberto José da Silva tem um currículo diversificado. Presidente da Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania (Ficc) desde janeiro, ele é geógrafo com pós-graduação em Planejamento de Cidades e mestrado em Geografia com ênfase em Criminologia de Ambientes. Estudioso da questão da violência, Roberto José afirma ver a cultura como instrumento de transformação e defende a tese de que muitos jovens se perdem no chamado mundo do crime porque não vislumbram outras opções. Para Roberto, em algumas comunidades o traficante está se tornando o ídolo, o modelo perseguido pela criança. Ele propõe estratégias para que o agente de cultura assuma esse papel e se torne a referência.

Leia abaixo os principais trechos da entrevista concedida pelo presidente da Ficc ao PIMENTA:

 

PIMENTA – Qual é a realidade do cenário cultural hoje em Itabuna e que projetos a Ficc tem desenvolvido para o setor?

 Roberto José  –  Primeiro eu tenho que dizer que a gente precisou dar um freio de arrumação na casa, não só no contexto estético da fundação, mas também na funcionabilidade, na mecânica dos projetos da fundação. Hoje temos aqui uma equipe de projetos, que eu diria que é uma equipe de excelência. Nós já temos dezenas de projetos cadastrados no Siconv (Sistema de Convênios do Governo Federal) e alguns em instituições como Banco do Brasil e Itaú. Conseguimos recentemente aprovar um projeto de leitura da embaixada da Alemanha e possivelmente em novembro a gente bote esse projeto para andar.

PIMENTA – Como vai funcionar esse projeto de leitura?

RJ –  Na verdade, a gente tem a intenção de promover a Feira Literária Internacional do Cacau,  trazer essa marca para Itabuna e vamos iniciar com uma célula, que é esse projeto de leitura. O projeto já tem um corpo e está na fase final de formatação. A Uesc entrou também na organização e inclusive uma parte da feira vai acontecer no Centro de Arte e Cultura Paulo Souto, no campus da universidade. É possível que a feira seja realizada ainda este ano, em dezembro.

PIMENTA – Quando se fala em eventos desse tipo, logo lembramos de que Itabuna carece de espaços adequados. Como a Ficc encara esse problema?

RJ – Nós estamos arrumando isso e temos alguns projetos andando, mas precisamos organizar a política pública cultural do município. O primeiro passo foi alinhar Itabuna à política nacional de cultura, para facilitar a vinda de recursos fundo a fundo. Nossa minuta de fundo já está criada e estamos encaminhando esse documento à Procuradoria Geral, para em seguida ser enviado para votação na Câmara. Esse fundo vai receber recursos de três fontes, no mínimo, que são os governos federal, estadual e municipal. No município, o repasse se dá por meio de um percentual do ISS e do IPTU. Fizemos o processo de adesão do município, que deu muito trabalho. Foi publicada agora no Diário Oficial da União, no dia 31 de julho, a adesão de Itabuna ao Sistema Nacional de Cultura, que se constitui na nova política de gestão do Governo Federal, que é participativa e ouve as bases. As ideias que se tem de política cultural são múltiplas, mas quem mais entende do assunto são as pessoas que estão na base e essas pessoas precisam ser ouvidas quando a gente vai propor algum tipo de política.

PIMENTA – A entidade se propõe a cobrar a conclusão das obras do Teatro e Centro de Convenções, paradas há sete anos?

RJ – O governo municipal quer que o Estado conclua aquele centro, mas o Estado em tese não tem interesse porque não quer fazer a gestão do espaço, talvez por julgar que o equipamento não terá um retorno econômico. O que eu reitero é que nem sempre deve haver essa visão economicista com relação a equipamentos culturais. A visão deve ser humanista e a nossa proposta é a de que, uma vez concluído o Centro de Convenções, a Ficc faça a gestão, que pode ser compartilhada. Acreditamos que é um equipamento que pode se manter com a promoção de eventos. Naquele espaço existe uma questão judicial. O Ministério Público entrou para rever a cláusula de reversão, já que, como se sabe, o ex-prefeito Fernando Gomes acabou pleiteando o terreno de volta. Não obstante, o município já reiterou ao Estado seu interesse de ver aquele espaço concluído e colaborar com a gestão.

PIMENTA – E com relação a outros espaços, há algo em vista?

RJ – Temos alguns projetos já encaminhados. Por exemplo, um de cinema e teatro, com forte possibilidade da verba chegar ainda este ano, e até meados de 2014 nós finalizarmos a obra. Há um espaço no centro da cidade, com boas condições de mobilidade, mas ainda não podemos dar mais detalhes, pois ainda estamos negociando. É importante dizer que estamos construindo uma política de adquirir, construir e reformar equipamentos culturais. Por exemplo, a Praça Laura Conceição, aqui em frente à Ficc, nós temos um projeto para requalificá-la. Vamos dotar essa praça de uma conotação cultural, então ela terá um anfiteatro ou uma concha acústica. A área no entorno da Ficc será transformada em um “quarteirão cultural”. No imóvel onde hoje está o Samu, que vai se tornar regional e precisará de uma nova central, será instalada a biblioteca infantil Monteiro Lobato. O espaço atualmente ocupado pela Ficc será o museu da cidade, com salas temáticas que demonstrem a construção dos signos de Itabuna, e a sede da Ficc irá para o Espaço Cultural Josué Brandão, após a transferência da Câmara de Vereadores para outro local.

Foto Thiago Pereira
Foto Thiago Pereira

 

É impossível extinguir a violência da convivência humana, mas é possível reduzi-la a índices aceitáveis, e a cultura é um forte instrumento nesse sentido porque ela alimenta a alma.

 

 

PIMENTA – E o Conselho de Cultura, que ainda não está organizado no município?

RJ – O Conselho de Cultura do Município não existia. Há mais de dez anos ele não tinha uma reunião, estava inativo. Nós montamos a minuta do Conselho de Cultura. Em novembro do ano passado, foi criado um Fórum Municipal de Cultura, encabeçado por vários artistas, a exemplo do pessoal da Acate (Associação Cultural Amigos do Teatro), e nós ouvimos as propostas e as trouxemos para a mesa de discussão. A partir daí, montamos a minuta e agora estamos fazendo os diálogos das mesas setoriais para que elas elejam seus representantes. O conselho estará constituído e funcionando até o final do ano, inclusive para que o fundo comece a ser movimentado.

PIMENTA – Há um projeto de longo prazo para o setor?

RJ – Está em formatação o um plano decenal, que vai além dos governos que passaram e que passarão, e acena para uma política permanente, feita na base, democraticamente. Para fazer esse plano, nós precisamos do diagnóstico da situação cultural do município, porque não podemos apresentar propostas culturais sem conhecer o “paciente”. Estamos fazendo um levantamento dos equipamentos culturais da cidade, considerando a cultura material e imaterial, além dos equipamentos de apoio. Estamos levantando isso para ter um norte para os editais de fomento à cultura que iremos lançar.

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MONTEIRO LOBATO E O “PATRULHAMENTO”

1Caçadas de PedrinhoOusarme Citoaian | ousarmecitoaian@yahoo.com.br

Creio que ninguém de minha geração sentiu prazer na polêmica que envolveu o escritor Monteiro Lobato (1882-1848), acusado de racismo. De Caçadas de Pedrinho (de 1933) foram pinçadas referências racistas, em relação a Tia Nastácia, negra.  Numa delas, o autor a compara a uma “macaca de carvão”. É racismo “leve”, dissimulado, que o Ministério da Educação, alertado, não levou a sério – e em que vários escritores, Ziraldo à frente, pregaram uma velha etiqueta: patrulhamento ideológico. Tudo ia bem até que chegamos às cartas do autor do Sítio do pica-pau amarelo – e vimos que o racismo em Monteiro Lobato é de estarrecer seus velhos admiradores.

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De tempo em que o racismo era “moda”

O escritor manteve vasta correspondência com o paulista Renato Kehl (1889-1974) e o baiano Arthur Neiva (1880-1943), revelando-se adepto de uma ideia esdrúxula chamada eugenia (que defendia a superioridade da raça “branca” sobre as demais), definida como “o estudo dos agentes sob o controle social que podem melhorar ou empobrecer qualidades raciais das futuras gerações”. O racismo estava em “moda” no começo dos anos vinte: lembremo-nos de que Euclides da Cunha também era apegado a isso, e que, tendo Renato Kehl como líder, criou-se, em 1918, uma certa Sociedade Eugênica de São Paulo. Kehl não queria que o Brasil aceitasse imigrantes, a não ser “brancos”.

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3KKKPovo da Bahia comparado a… esterco

A Bahia, com Neiva, foi o outro centro de difusão do racismo. Lobato aqui esteve e ficou chocado com o povo, que chamou de “feio material humano”, “um resíduo”, “um detrito biológico”, mas  reconheceu: “a elite que brota como flor desse esterco tem todas as finuras cortesãs das raças bem amadurecidas”. O racismo americano entusiasmou o autor de Urupês, em particular os matadores de negros. “Um dia se fará justiça à Ku-Klux-Klan”, diz ele em carta dos Estados Unidos, pregando que o Brasil tenha uma coisa “dessa ordem”. As cartas de Monteiro Lobato, escritor de alta qualidade, são de arrepiar. Mais uma prova de que caráter nada tem a ver com talento.

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UM MONSTRO QUE MORREU POR SER QUENTE

Importante jornal de Itabuna diz que “durante muito tempo o Poder Judiciário baiano serviu a um grupo político, longe do quimérico controle externo que alguns setores reivindicavam”. Não discuto a afirmação, incontestável, mas atenho-me ao “quimérico”, que confirma o peso da mitologia greco-romana em nossa linguagem. Este adjetivo advém, todos sabem, de quimera – os dicionários diriam “relativo a quimera”. E quem foi essa tal de quimera? Um monstro improvável, portador de três cabeças, sendo na frente uma de leão, nas costas uma de serpente, e no meio uma cabeça de bode, atirando fogo pelas ventas. Muito assustador.
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5A  caixa de PandoraCícero: tempo, imaginação e verdade

O herói Belorofonte, espertíssimo, encontrou um jeito de atacar a fera, sem virar carvão: montou em Pégaso, o cavalo alado, veio pelo alto, pairou acima da malvada (em feitio de Dario Beija-Flor, lembram-se?) e atirou-lhe na bocarra aberta uma grande bola de chumbo. Aquecido por aquele hálito de 480 graus Celsius, o chumbo se liquefez e escorreu goela abaixo do monstro mal-intencionado e, claro, o matou de faringite. No século I a. C. Cícero indagava: “Quem hoje acredita em quimeras? O tempo destrói as invenções da imaginação, mas confirma os julgamentos da natureza e da verdade”. Quimera já estava se tornando símbolo de coisa situada além dos limites do possível. Está tudo em Ferdie Addis (A caixa de Pandora – Editora Casa da Palavra/2012).

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UM PIANISTA BIZARRO E REVOLUCIONÁRIO

Thelonious Monk carrega atrás de si uma fileira de adjetivos: misterioso, bizarro, estranho, complexo, difícil, problemático são os mais comuns. Mas, além desses, é portador dos que definem um grande músico, como criativo e revolucionário, um dos pais do bebop, que influenciou muitos pianistas mais novos. Concorreu para esse “mistério” ser um tipo ensimesmado, com crises de mutismo que o levavam a passar dias sem falar. O crítico Arrigo Polillo conta que, ao ser preso por porte de drogas, com um amigo, Monk, que era “limpo”, recusou-se a falar: considerou uma indignidade permitir que o amigo fosse preso sozinho. Calado, foi parar no xilindró.
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7HarlemPara escândalo das escolas de música

Foi pianista único, que nunca deu atenção ao trabalho alheio, nem ouviu cuidadosamente os mestres. Quando, numa turnê pela Europa, lhe perguntaram quem exercera maior influência em sua música deu uma resposta ao seu estilo: “Eu, naturalmente”. É justo. Desde o começo (tentou o trompete, depois passou para piano e órgão), seu trabalho é pessoal, com acordes dissonantes e técnica fora dos padrões: martelava o teclado, mantendo os cotovelos abertos (tipo asas de borboleta), num estilo capaz de escandalizar qualquer aluno de conservatório. Mesmo assim, aos 14 anos já era profissional, tocando em festas e igrejas, ao tempo em que se familiarizava com o jazz do Harlem.

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As crises de mutismo incluíam Nellie

Compositor festejado, tem entre suas produções mais conhecidas Round midnight, que deu até nome de filme (Por volta da meia-noite, de Bertrand Tavernier), Monk´s dreamSomething in blue e Crepuscule with Nellie (dedicado a Nellie, sua mulher, por quem era apaixonado – mas com quem passava dias sem falar). Num festival de jazz, em Copenhague, Monk apresenta seu tema mais popular, Round midnight. Interpretação magistral, com o apoio de um grupo de feras conhecidas, catalogadas e reverenciadas poucas vezes reunido: Dizzy Gillespie (trompete), Sonny Stitt (sax alto), Al McKibbon (baixo) e Art Blakey (bateria).

 

                                                                                                                                                                                                                                                                      O.C.