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PESADELO: OS BÁRBAROS ESTÃO CHEGANDO?

Ousarme Citoaian | ousarmecitoaian@yahoo.com.br

1La FontaineTive um sonho (melhor: pesadelo) em que os Estados Unidos se preparavam para invadir o Brasil. Um amigo, a quem consultei sobre a estranha premonição, analisou o quadro e me diagnosticou com uma só palavra, pronunciada entre dentes e com olhar de pena: “Paranoia”. Sem me dar por vencido, argumento que eles consideram os três últimos governos brasileiros (Lula-Lula-Dilma) como “anti-americanos”; digo que aqueles gringos se acham os xerifes do mundo, com direito a invadir qualquer espaço, em nome da “democracia” ou mesmo em nome de coisa nenhuma. Lembram da fábula “O lobo e o cordeiro”, de La Fontaine? O lobo buscava razões para comer o cordeiro…

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Sob as justificativas de fome e força

Não encontrou motivos, mas o borrego foi almoçado assim mesmo, sob as suficientes justificativas de fome e força. Os americanos queriam invadir o Iraque, criaram o manto (ou o mito) das armas químicas e lá foram. Não encontraram tais armas, mas quem estava interessado nisso? Meu amigo me aconselha a abandonar a ficção e cair na real: “Tá certo que os americanos não são flores que se cheire, mas eles têm maiores preocupações do que o Brasil, pois vão invadir o Irã”. Não desisto. Eles já invadiram Cuba (bem menos importante do que o Brasil) e aqui, em 1964, derrubaram um presidente eleito e treinaram torturadores para o regime militar. E depois do Irã?

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Ele queria dobrar Lula e não conseguiu

Noto que, com essas lembranças, ele se mostra de semblante ensombrado. Aproveito o ferro quente, e malho, com esta pergunta: Qual foi o primeiro país latino-americano que Obama visitou? E ele responde, orgulhosão: “Brasil!” Pois é, digo, à  moda de Ataulpho Alves. Ele queria dobrar Lula e não conseguiu; depois, quis dobrar Dilma (quem é ele, tão fraquinho, pra enfrentar Dilmona!), não conseguiu… Quis dar uma de araponga, se ferrou, pois a velha Dilma descobriu a safadeza e até cancelou a visita… “Nada disso tem peso diplomático…”, disse ele, pouco convicto. Aí, fui-lhe à garganta: E o petróleo do pré-sal? Ele pôs as mãos na cabeça: “Meu Deus!”

ENTRE PARÊNTESES, OU

4convite2Literatura regional em tempo de festa
A Editus, editora da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) promove de 21 a 24 deste mês a I Feira Universitária do Livro, uma espécie de festa da literatura regional. Nomes como Aleílton Fonseca, Ruy Póvoas, Cyro de Mattos e Antônio Lopes terão o lançamento coletivo de escritos seus publicados pela Editus.  Aleílton e Ruy, além de autografarem suas produções recentes, terão um “papo literário” com a plateia, quando discorrerão sobre o tema “Novas leituras, novos leitores” – isto tudo no dia 21, às 19 horas, no Auditório Paulo Souto.  No dia 23, teremos Daniela Galdino, Aquilino Paiva e Gustavo Felicíssimo discutindo a literatura grapiúna de hoje (sala de treinamento da CDRH às 9 horas).

“O MUNDO EVOLUIU. É UMA PENA DANADA”

5PattonO general Patton, saudosista incorrigível (interpretação magistral de George C. Scott), diz a Dick, seu ajudante de ordens, que gostaria de decidir, pessoalmente, a II Guerra: “Rommel no tanque dele, eu no meu. Pararíamos a uns 20 passos, apertaríamos as mãos, depois combateríamos, só nós dois. O combate decidiria a guerra”. Responde o subordinado: “É uma pena que os duelos tenham saído de moda. É como sua poesia, general, não faz parte do século XX”. E o general, com ar tristonho: “Tem razão, Dick. O mundo evoluiu. É uma pena danada”. As frases estão no magnífico Patton – rebelde ou herói?, de Frank J. Schaffner.
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Sem bom texto, não existe bom cinema

A publicitária carioca Mariza Gualano, fã de cinema, selecionou cerca de 840 frases de mais de 600 filmes, para o livro Ouvir estrelas. Aqui, aproveitando o tema, algumas frases sobre guerra: “Acusar um homem de assassinato por aqui é como multar alguém por excesso de velocidade na Formula Indy” (Martin Sheen, em Apocalipse); “Eu não sirvo para a guerra, pois dormi com a luz acesa até os 30 anos” (Wood Allen, em A última noite de Boris Grushenko); “Sobreviver é a única glória da guerra” (David Carradine, em Agonia e glória); “Eu gosto do cheiro de napalm de manhã. Cheiro de… vitória” (Robert Duvall, em Apocalipse).

A BOA MÚSICA BRASILEIRA “IMPORTADA”

7Leny AndradeA baiana Rosa Passos é um desses acontecimentos comuns à MPB: cantora que, a exemplo de Virgínia Rodrigues, Bebel Gilberto e Leny Andrade (foto), para citar apenas três) é mais conhecida no exterior do que no Brasil (observe-se que Leny Andrade é a cara da simpática professora itabunense Ritinha Dantas!). CDs dessas artistas são pouco encontrados nas lojas, dando a eles características de “importados”. Voltemos a Rosa, para dizer que ela é fã ardorosa de João Gilberto, segue-lhe os passos (ai!), toca violão ao estilo dele. Chegou a gravar um disco chamado Amorosa, que repete o Amoroso de JG, acrescido de umas poucas faixas. Mas Rosa Passos não pretende ser nenhum “João Gilberto de saias”.
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Presença de duas feras  internacionais

A expressão desrespeitosa foi empregada por um repórter, que ouviu o que não queria. Rosa Passos é Rosa Passos, cantora e compositora de recursos próprios – e diz do seu ídolo aquilo que muitos colegas seus sentem, mas nem sempre expressam claramente: “João Gilberto amigo/ eu só queria/ lhe agradecer pela lição”, canta a artista, em “Essa é pro João”, faixa nove do CD “importado” Amorosa. Prova do prestígio de Rosa Passos “lá fora” é a presença nesse disco de duas feras internacionais: o clarinetista cubano Paquito D´Rivera e um grande nome do jazz na França (falecido em 2008, aos 90 anos), Henri Salvador.

O.C.

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