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professor júlio c gomesJúlio Gomes | advjuliogomes@ig.com.br
 

No Bolsa Família os recursos vão diretamente para a mão da família carente, não para estados, municípios ou qualquer outro órgão público. Quase não se perdem na burocracia e na corrupção.

 
O Governo Federal alardeia aos quatro ventos que nunca se investiu tanto em educação no Brasil, e que há uma escalada crescente de recursos destinados à educação. Acredite: Isto é a mais pura verdade!
Os números comprovam isto. Segundo foi publicado na coluna de Reinaldo Azevedo na Veja – portanto um colunista conservador de um veículo de imprensa igualmente conservador – o Brasil investe na educação, atualmente, cerca de 5,7 % do PIB (Produto Interno Bruto), o que de fato é muito dinheiro, até porque somos hoje a sétima maior economia do mundo.
Entretanto, segundo publicação da Exame.com, apesar de investirmos em educação um percentual do PIB maior do que países como Reino Unido, Canadá e Alemanha, quando medimos os resultados alcançados, o resultado é muito ruim.
Em um ranking feito pela OCDE, Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, em um programa de avaliação da qualidade da educação, o Brasil ocupa atualmente um modestíssimo – ou vergonhoso – 53º lugar de um total de 65 países incluídos na pesquisa.
Quem leciona na rede pública de ensino, tal como este autor, não precisa ir tão longe para constatar o óbvio: O ensino público no Brasil tornou-se um desastre, não obstante o esforço de muitos profissionais abnegados que trabalham no setor.
Por que, então, com tantos e crescentes investimentos, nossos resultados na educação são tão ruins?
Uma das fortes razões para isto é: este dinheiro simplesmente não chega aos alunos e professores. Mandar dinheiro para os estados e municípios, e mesmo para as unidades escolares não significa que ele será aplicado na educação. A corrupção e a impunidade fazem com que a afirmação seja autoexplicativa.
Por outro lado, os salários dos professores, apesar de terem melhorado um pouco, apresentam uma defasagem inacreditável quando comparados aos ganhos dos demais profissionais de nível superior, e mesmo em relação a profissionais de nível técnico ou médio.
Sem bons salários, nesses tempos em que o dinheiro é visto como um verdadeiro deus, as pessoas não querem mais ser educadoras. E sem bons professores a escola simplesmente não funciona, assim como um hospital não funciona sem médicos, a polícia não funciona sem policiais e o setor privado não funciona sem empresários.
Por isso, não basta somente destinar mais dinheiro para a Educação, embora este seja um importantíssimo passo a ser dado e o Governo Federal o esteja fazendo. É preciso que este dinheiro chegue, efetivamente, ao seu destino final, aos professores, servidores e alunos. E isto, no Brasil, é muito mais complexo do que destinar um percentual do PIB à educação, por maior que seja.
Em uma argumentação final, podemos afirmar: É por isso que o Bolsa Família funciona, e tantos outros programas de governo não têm os mesmos resultados. No Bolsa Família os recursos vão diretamente para a mão da família carente, não para estados, municípios ou qualquer outro órgão público. Quase não se perdem na burocracia e na corrupção.
Na educação o investimento teria que, da mesma forma, chegar a seus destinatários finais. Caso contrário, continuaremos a gastar muito, mas com resultados pífios.
Júlio Cezar de Oliveira Gomes é professor de História e advogado.

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