Tempo de leitura: 2 minutos

professor júlio c gomesJulio Cezar de Oliveira Gomes | advjuliogomes@ig.com.br
A forma como tratamos aos animais, segundo afirmam alguns, diz muito de nós, do que somos realmente. E ao que me parece, isto ocorre tanto do ponto de vista pessoal quanto em uma perspectiva histórica e coletiva.
Nós humanos, durante milênios, tivemos uma convivência muito estreita com os animais, que faziam parte desde nosso dia a dia, pois muitos viviam tão próximos a nós que era impossível conceber a vida sem eles. Somente nos últimos dois ou três séculos, em virtude da urbanização e do progresso tecnológico, os animais deixaram de fazer parte de nosso cotidiano.
Imprescindíveis à nossa vida em tempos passados, fornecendo carne, leite, transporte, tração, vestimenta (couro), instrumentos (ossos e chifres) e mais uma infinidade de utilidades, os animais eram tanto nossos amigos como nossos vilões, pois as feras ainda povoavam as florestas, enchendo de perigo real e de terror as mentes humanas.
Quanto a nós, historicamente, sempre oscilamos, no tratamento para com eles, entre os gestos de amor e a mais impiedosa crueldade.
Se por muito tempo os animais e a natureza foram, em regra, o inimigo a ser vencido, na atualidade esta concepção revela-se não só descabida, mas desastrosa.

As feras não nos ameaçam mais. Na verdade, quase nem mais existem em virtude da devastação que promovemos no planeta. E os animais, com exceção dos domésticos e daqueles que têm utilidade econômica, encontram-se fugidos, acuados no que resta de matas e águas, temendo a presença destruidora e terrível dos seres humanos.
Nossos ex-inimigos precisam hoje, mais do que tudo, de nossa proteção. Que sejamos seus tutores, os preservadores do meio em que vivem e fora do qual não podem sobreviver. Precisam que sejamos os garantidores intransigentes de sua existência.
Fazendo isto, tanto com os animais domésticos quanto com os que vivem na natureza, poderemos sem dúvida desfrutar um pouco da paz e simplicidade que eles nos trazem, e assim reencontrarmos a paz de espírito que um dia tivemos por estarmos mais próximos da natureza.
Podemos fazer isso não desmatando mais do que o necessário; não prendendo nem comprando animais silvestres ou pássaros; não os matando, exceto para o imprescindível à nossa alimentação ou saúde; limitando nosso consumo e mudando a forma de consumir para reduzir o impacto ambiental de nossas atividades econômicas; e compreendendo que animais não são brinquedos, nem destinados a servir nossos caprichos. É o mínimo que devemos fazer no Século XXI.
Sem dúvida, é pouco, mas cada um de nós fizer isso teremos um mundo melhor e, acredite, com pessoas melhores.
Julio Cezar de Oliveira Gomes é graduado em História e em Direito pela Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc).

Deixe aqui seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *