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ricardo bikeRicardo Ribeiro | ricardo.ribeiro10@gmail.com
 

É de se lamentar que Itabuna continue a pulverizar seus votos. Calcula-se que mais de 200 postulantes foram contemplados na cidade, que fica no prejuízo. Se antes já não tinha uma representação política forte, o que era grave, agora terá quase nenhuma representação, o que é trágico.

 
Terminar uma eleição e já pensar na próxima é um exercício tortuoso, mas inevitável para quem acompanha a politica. Das urnas desde domingo, 5, já se sabe que Itabuna saiu derrotada, por não conseguir eleger seus dois candidatos a deputado federal (Davidson Magalhães, do PCdoB, e Geraldo Simões, do PT) e emplacar somente Augusto Castro (PSDB) na Assembleia Legislativa. No entanto, por que não praticar um pouco de futurologia e imaginar o que os números de ontem apontam para as eleições agendadas para daqui a dois anos?
A derrota de Geraldo foi um golpe duro, mas esperado. O político exerceu um mandato que teve seus méritos, principalmente na luta travada para que a reitoria da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) fosse instalada em Itabuna. Acabou sendo o mais votado na cidade, mas com um sufrágio de pouco mais de 16 mil votos, bem abaixo dos 23 mil que obteve em 2010… Aliás, a votação daquele ano já fora bem menor que a de 2006, o que demonstra a trajetória descendente do petista.
Na disputa entre lideranças locais da esquerda, Davidson se aproximou da votação de Geraldo em Itabuna. Foram 14 mil votos na cidade e mais de 65 mil no total, o que deixou o comunista com uma segunda suplência na mão e uma ideia na cabeça: ser levado a assumir o mandato após a formação do secretariado de Rui Costa. É esperar para ver, mas a possibilidade existe e não foi por acaso que interlocutores acharam Davidson bem animado nas conversas posteriores à divulgação dos resultados.
Caso deixe a suplência e vire realmente deputado, o comunista automaticamente se cacifa para o processo eleitoral de 2016. Tudo a depender de como estarão as relações entre o PCdoB e o prefeito Claudevane Leite (PRB) no decorrer do período. De todo modo, no campo da centro-esquerda o nome de Davidson tende a surgir com alguma força nas articulações para a sucessão municipal.
Do outro lado, quem aparece bem é o tucano Augusto Castro, que se elegeu com quase 60 mil votos e ainda deu mais de 4 mil ao seu candidato a deputado federal, Jutahy Júnior (PSDB). No quesito “transferência de votos”, venceu uma disputa particular com o ex-prefeito Fernando Gomes, que deu apenas 1.261 votos a Fábio Souto e 3.800 a Aleluia. Uma quantidade pequena, considerada a suposta força latente do fernandismo.
Por falar em candidatos “Copa do Mundo”, caso dos citados no parágrafo anterior, é de se lamentar que Itabuna continue a pulverizar seus votos. Calcula-se que mais de 200 postulantes foram contemplados na cidade, que fica no prejuízo. Se antes já não tinha uma representação política forte, o que era grave, agora terá quase nenhuma representação, o que é trágico.
Voltando às possibilidades para 2016, resta ainda analisar a situação do ex-prefeito Capitão Azevedo. Candidato a deputado estadual pelo DEM, com contas rejeitadas e bombardeado por processos judiciais, Azevedo saiu das urnas como o mais votado de Itabuna, com 14.700 votos, e cerca de 17 mil no total. Concorria diretamente com Augusto Castro, que teve 2.500 votos a menos em Itabuna; situação esperada, considerando-se o recall do candidato do DEM, que perdeu por não ter feito campanha fora de seu reduto. Sinal de que fez mais uma antecipação do pleito municipal do que um disputa efetiva pelo mandato legislativo.
Sem mandato nem estrutura pelos próprios dois anos, além de enfrentar problemas na justiça e forte desgaste entre seus correligionários, Azevedo corre o risco de sumir do cenário. Tal hipótese coloca para a direita a opção de lançar a candidatura de Augusto Castro ou a de Fernando Gomes. No outro campo, o adversário tende a ser Claudevane Leite, Davidson Magalhães ou, mais difícil, Geraldo Simões.
Mas tudo isso não passa de futurologia.
Ricardo Ribeiro é advogado e blogueiro.

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