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marco wense1Marcos Wense

Além do escândalo da Petrobras, da crise moral, do fraco desempenho na economia e da dificuldade da presidente Dilma Rousseff para governar, tem o PT versus PT, o PT engolindo o próprio PT. O PT autofágico.

É inquestionável que o Partido dos Trabalhadores, de tantas lutas a favor da democracia, deixou de ter existência política para ter existência puramente eleitoral, como dizia o jornalista Marcelo Coelho, em 2002.

E mais: “O PT buscava ser diferente, ser uma novidade na política brasileira: tratava-se de um partido com programa definido, com instâncias democráticas de decisão, com vocação de massas e níveis de moralidade acima da média. Podia-se concordar ou não com o PT, mas essas qualidades eram reconhecidas por todos”.

O tempo passou. De 2002 a 2015 são 13 anos, coincidentemente o número 13 da legenda. A estrela do PT não brilha mais, caiu na vala comum da corrupção. O PT de antigamente, que tinha o respeito até do mais radical e intransigente oposicionista, escafedeu-se.

Como não bastasse o “tudo aquilo que o PT não é mais”, vem agora o PT intervencionista, o PT que quer impor seus candidatos a prefeito sem nenhum tipo de constrangimento. O PT de cima para baixo.

Depois de três consecutivas reuniões, sobressaltadas lideranças petistas, com o apoio de Flávio Barreto, presidente do diretório municipal, optaram pelo fim do angustiante silêncio.

Segue, na íntegra, ipsis litteris, um trecho do manifesto dirigido a Everaldo Anunciação, comandante estadual do petismo, com cópia para Josias Gomes, secretário de Relações Institucionais do governo Rui Costa.

“Em nosso Estado, passado a euforia do pós-eleitoral, a militância do nosso partido se deparou com uma triste realidade: um Diretório Estadual inacessível, insensível e indiferente às demandas dos diretórios regionais. Prega-se o discurso do pensamento único e da obediência cega ao poder, como se isso fosse possível no PT. Tem-se usado o mandato de dirigente estadual do PT para acertos de diferenças pessoais e políticas, a partir da prática da perseguição às lideranças e diretórios regionais, a exemplo de Itabuna, onde articula-se ações políticas com diretórios e lideranças de outros partidos em desfavor do PT local”.

Que inferno astral, hein! Além do escândalo da Petrobras, da crise moral, do fraco desempenho na economia e da dificuldade da presidente Dilma Rousseff para governar, tem o PT versus PT, o PT engolindo o próprio PT. O PT autofágico.

GERALDO, GEDDEL E O PMDB

Geraldo Simões 3Até as freiras do Convento das Carmelitas sabem que o PMDB, com o segundo maior tempo no horário eleitoral, é a legenda mais cobiçada da sucessão do prefeito Claudevane Leite (PRB).

Existe uma notória preocupação no PT de Itabuna com uma possível saída do prefeiturável Geraldo Simões de Oliveira, hoje em posição confortável nas pesquisas de intenção de votos.

A desfiliação do ex-gestor de Itabuna não é mais remota e, muito menos, remotíssima. Passa a ser uma possibilidade que não pode ser descartada e nem subestimada.

Francamente, como diria o saudoso e inesquecível Leonel Brizola, acho difícil que o PMDB seja o futuro partido de GS. Mas como na política tudo é possível, prefiro não apostar.

Pedro Arnaldo, presidente interino do diretório municipal, anda dizendo que o comandante-mor Geddel Vieira Lima não faz política com o fígado, deixando nas entrelinhas que uma reaproximação entre Geraldo e Geddel não pode ser defenestrada.

Não à toa que vanistas e comunistas querem o PMDB na administração do governo municipal. Uma maneira pragmática de afastar Geraldo Simões do peemedebismo. O vezeiro toma-lá-dá-cá.

Marco Wense é articulista do Diário Bahia.

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