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marco wense1Marco Wense

Polícia Federal e o Ministério Público, só para ficar em dois exemplos, são provas incontestes de que a normalidade institucional continua forte, que não há ingerência do Executivo nas suas prerrogativas.

Rone Montenegro, liderança do movimento Pátria Amada Brasil, um dos organizadores do “Fora Dilma” nas ruas de Itabuna, tem razão quando fala da corrupção, da alta carga tributária e da precariedade na educação e na saúde.

Ninguém, pelo menos em sã consciência, pode ir de encontro ao que está escancarado, ao óbvio ululante. Só um imbecil, incauto e idiota diria que está tudo bem.

O afastamento da presidente Dilma Rousseff, eleita democraticamente, com o aval e o endosso das urnas, da vontade popular, não é uma questão meramente política, assentada no inconformismo de uma derrota eleitoral.

A defesa do impeachment tem que ser subsidiada com elementos sólidos, consistentes do ponto de vista jurídico, do contrário é golpe, é desrespeito a Lei maior.

Tem que se respeitar o estado democrático de direito. Qualquer outro caminho é retrocesso, é anarquia. É rasgar, cuspir, jogar na lata do lixo a Carta Magna.

Outro detalhe é que Montenegro só pensa na defenestração de Dilma Rousseff, sem se importar com as consequências: “Queremos a saída dela, não queremos nada dela, nem a reforma política”.

O desprezo pela imprescindível e indispensável reforma política é a marca dos defensores do “Fora Dilma”. Esquecem que toda essa corrupção é fruto do financiamento privado de campanhas eleitorais, do vergonhoso toma-lá-dá-cá.

“Somos motivos de chacota no exterior”, diz Rone. A opinião de Hillary Clinton, secretária de Estado de Obama, é que “o comprometimento de Dilma Roussef com a transparência e a luta contra a corrupção estão estabelecendo um padrão”.

O grande erro de Rone Montenegro foi dizer que o Brasil caminha para uma ditadura. Ora, ora, todas as instituições estão funcionado a todo vapor, sem nenhuma pressão palaciana.

Polícia Federal e o Ministério Público, só para ficar em dois exemplos, são provas incontestes de que a normalidade institucional continua forte, que não há ingerência do Executivo nas suas prerrogativas.

Ditadura, caro Rone? Tenha santa paciência! Tem até tucano (PSDB) e democrata (DEM) achando que Dilma Rousseff não manda em nada, que não governa mais.

Se existe alguma ditadura, é a do Parlamento com Eduardo Cunha e Renan Calheiros. Ou a sua ditadura, a ditadura do Rone Montenegro. A ditadura que não respeita os que são contrários ao “Fora Dilma”.

Marco Wense é articulista do Diário Bahia.

Uma resposta

  1. Muito bom texto. É preciso que muitos textos como esse sejam divulgados, propagados por aí. É preciso ensinar aos que ainda não distinguem os três poderes que o grande mal neste momento é o congresso nacional, que parece ignorar quaisquer leis e regras de funcionamento daquela Casa e querem impor a ideia de uns poucos. Valeu.

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