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FOTO ARTIGOS JULIO GOMESJúlio Gomes | juliogomesartigos@gmail.com

A praça já se encontrava pronta há vários meses, mas a prefeitura não permitia o acesso das pessoas à mesma, mantendo-a cercada por tapumes, aguardando o aniversário da cidade para que as autoridades viessem inaugurá-la.

Houve grande repercussão, em toda a cidade de Ilhéus, sobre o episódio ocorrido na praça do Pontal, quando, neste sábado, dia 25 de abril, o povo daquele bairro derrubou os tapumes que isolavam a praça, cujas obras já se encontravam inteiramente concluídas, passando a utilizá-la antes que o poder público municipal fizesse a inauguração do logradouro.

Como se sabe, a praça já se encontrava pronta há vários meses, mas a prefeitura não permitia o acesso das pessoas à mesma, mantendo-a cercada por tapumes, aguardando o aniversário da cidade para que as autoridades viessem inaugurá-la.

Como o fato em si já foi bastante comentado, penso que caibam algumas considerações sobre questões que estão subjacentes ao mesmo. Vejamos:

Primeiramente, nossos parabéns à empresa que a fez a obra – à Cicon, no caso da praça da Cidade Nova; e à Cidadelle, quanto à praça do Pontal – e bem menos, mas muito menos mesmo, ao gestor da cidade, ou seja, ao prefeito.

IMAGEM A PRAÇA É DO POVO, E O POVO NÃO É BOBO 2Digo isto porque a reforma de uma praça é uma das obras mais simples e baratas que existem, do ponto de vista da administração pública. Não há fundações (sapatas) a serem feitas, nem estruturas em concreto (vigas ou lajes). Não há fechamento das estruturas com alvenaria de tijolos, nem reboco. Praticamente não há acabamento da construção, com uso de esquadrias, forros, louças, metais sanitários etc., coisa que encarece muito a qualquer obra.

Na verdade, essa “parceria” para que uma empresa privada assuma a construção de uma praça é muito mais um ato simbólico do poder público municipal – ou talvez uma palhaçada, como queiram – para tentar mostrar que o Município (a prefeitura) não tem dinheiro, e por isso não pode realizar obras, nem reajustar salários de servidores, nem construir escolas ou postos de saúde, nem fazê-los funcionar adequadamente, nem fazer mais nada.

IMAGEM A PRAÇA É DO POVO, E O POVO NÃO É BOBO 1É, no fundo, uma forma de tentar justificar publicamente a inação, a inapetência, a falta de compromisso dos gestores para com a população que os elegeu. Estamos fartos disso!

As empresas que investem na adoção e reconstrução de praças, como ocorreu com o Supermercado Meira, que por anos a fio cuidou e utilizou a praça Visconde de Cairu, no Centro, mediante a farta colocação de suas propagandas; e como ocorre agora com as empresas Cidadelle e Cicon – de forma bem mais adequada, pois sem colocação das propagandas ostensivas – têm o reconhecimento positivo desta conduta garantido pela população, sem dúvida.

Porém, quanto ao Poder Público, não se pode dizer o mesmo, já que o custo da reforma de uma praça é extremamente baixo, quase irrisório, em se tratando de obras públicas. Por fim, é bom esclarecer que isto não vale somente para o atual gestor. Vale também para os próximos que vierem a assumir a direção de nosso Município.

Julio Cezar de Oliveira Gomes é graduado em História e em Direito pela Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc). 

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