Quem disparou o tiro?
O tiro que nos cala, o tiro que nos para.
Quem disparou a palavra?
A palavra que ecoa, a palavra que alastra.
Quem do chão tirou teus pés?
O policial corrompido ou a poetisa da audácia?
Quem te desonra?
O silêncio violento ou o orgulho vão?
Quem em ti manda?
A tua consciência ou a tua obrigação?
Quem a ti salva?
Tua indignação ou tua ilusão?
De onde vem o zumbido?
Do toque recolhido, do policial acuado.
Quem é essa vítima?
Esse é o João, ontem foi o soldado.
Quem fez isso?
Não sei, juro, não foi meu palavreado!
Nas ruas, o governo tem parte;
Nestas linhas, nem te metas! Destas cuido eu!
Nos liberte, não nos cale;
Nos dê voz nesse breu.
Tens razão, alguém tem que falar!
Não tens razão, não queres enxergar.
Tens razão, nem de longe és igual!
Não tens razão, não viu o erro mau…
Não tens culpa, és vítima também;
Essa não é a guerra que a palavra contém;
Alivia a dor que tua alma tem;
Não foi pra você, foi pra quem não nos quer bem.
Mariana Ferreira é poetisa, jornalista e autora do documentário A contrapartida.
0 resposta
Oh glória!
Muito boa. Reflexo dos tempos de violência atual.Engajada e precisa sua poesia, Mariana. Parabéns
Parabéns,filha!! Adorei!!!!
Essa jornalista foge ao sendo comum dos textos manjados escritos pela velharia local; sempre atenada com os temas atuais e uma abordagem crítica e de muita elegância reflexiva. Espero que esse seja o destaque nesse meio machista onde a mulher quase sempre é apresentada e observada pelo olhos consumistas dos machos garanhões quase sempre pobres de espíritos.
Olá Mariana Parabéns pelo importante Tabalho que você nos presenteia e por certo merecerá nossa reflexão. Desejo que as pessoas e as nossas as autotidades não olhem esse seu importnte trabalho apenas e tão somente como ” a palavra atirada”! Valeu!
Parabéns,belo poema,sutil,provocador…Fico feliz por ver alguém da nossa terrinha”Itagimirim” com um talento desses,Poetiza!
Parabéns, esse poema é uma boa reflexão, você é uma talentosa poetisa bjus