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Moacir Oliveira faleceu no último dia 9.
Moacir Oliveira faleceu no último dia 9.

Familiares e amigos do médico Moacir Oliveira participam de Missa de Sétimo Dia, nesta segunda (15), às 18 horas, na Catedral de São José, em Itabuna. O médico faleceu na última terça (9), após sofrer três paradas cardíacas, no Hospital Calixto Midlej Filho.

O médico era um exemplo em sua área e também como ser humano. Olívio Borges, um dos sobrinhos de Moacir Oliveira, sugeriu ao site a publicação do texto abaixo, escrito por um dos filhos do médico. Ajuda a entender um pouco do profissional e da alma do grande ortopedista itabunense. Confira o texto de Moacir Oliveira, médico e psicoterapeuta.

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Moacir FilhoMoacir Oliveira

Comecei a aprender a ser médico. Mais tarde, me daria conta de que ele me ensinava a não ser, apenas, médico de patologias, e sim, a ser médico de pessoas. Então, ele me ensinava sobre caridade.

 

Hoje é dia 10 de fevereiro de 2016. Vou escrever um pouco sobre meu pai, mas, por mais que escreva ou fale dele, por mais que tentasse, não conseguiria dar a imagem de quem era, aliás, de quem é, porque, continua a existir entre nós, pelas histórias que construiu e que iremos contar, que manterá acesa a chama de sua essência em meu coração.
Seria preciso ter convivido com ele para experimentar o ser humano singular, grandioso e bom que era, porém vou tentar falar um pouco do que aprendi com ele desde pequena idade, a exemplo de quando criança, passávamos o veraneio em São Tomé de Paripe, na baía de Aratu, onde ele se esquecia que era médico e se sentava com seu compadre pescador para me ensinar a pescar, colocando a isca no anzol, em uma canoa, me ensinando a reconhecer os peixes que pescávamos. Aprendia, neste momento, sobre sua simplicidade.

Com o tempo, crescemos e viemos morar num sítio, em Itabuna, onde, hoje, velamos o seu corpo, e, meninos levados que éramos, eu e meus irmãos, saíamos para tomar banho no perigoso cachoeira, e ele nos advertia: -“cuidado com o lugar mais fundo, não vão para lá”, e, nós não íamos. Eu aprendia, com ele, sobre a obediência, disciplina e confiança, quando ao fim do dia voltávamos para seus braços sem nada ocorrer.

Já maior, quando ele ia atender seus pacientes no antigo Hospital Santa Cruz, onde cirurgião geral, naquela época, realizava cirurgias de todo o tipo, lá estava eu, segurando a sua maleta, e ficava encantado. Ele me apresentava seus casos. Comecei a aprender a ser médico. Mais tarde, me daria conta de que ele me ensinava a não ser, apenas, médico de patologias, e sim, a ser médico de pessoas. Então, ele me ensinava sobre caridade.

Formado médico pela Escola Bahiana de Medicina em 1960, falava muito de sua profissão, especialmente o que aprendeu com o Professor Dr. Fenando Filgueiras, das cirurgias do Hospital Santa Terezinha, entre outros casos que me narrava e que me marcou, não esquecendo até hoje, face a ousadia de abrir um tórax com tão poucos recursos, demonstrando a sua competência e habilidade, foi o da criança que atendeu, no Hospital Maria Goretti, com um esporão de arraia cravado no peito, e, ele, ao abrir o tórax e retirar do átrio o que ferira aquela criança, o livrou da morte.

Exerceu a sua profissão por 56 anos, assim, trabalhando até a última semana de sua vida. Daí, pelo exemplo, aprendi sobre a dignidade do trabalho, do servir e da responsabilidade, pois, indistintamente, atendia a todos de igual forma.

E, por fim, aprendi sobre sua espiritualidade. Não professava religião alguma, contudo, acompanhando a minha mãe, se fazia presente na igreja, onde assistia com louvor a homilia, ao sítio do professor Rui Póvoas, aqui em Itabuna, onde assistia aos festejos do Candomblé, e, desta forma, eu aprendia sobre fé e sobre Deus estar em toda a parte, não importando credo.

Me ensinava sem falar, sobre fazer com que as pessoas confiassem em si mesmas, em primeiro lugar, para depois, acreditar nele e no que ele prescrevia. Me ensinou sobre a verdade.

Neste momento, onde parte para a pátria espiritual, eu posso dizer que meu pai cuidou do seu jardim, e por mérito, hoje, onde seu corpo aguarda, como diz a bíblia em Gênesis 3;19: “Com o suor do teu rosto comerás o teu pão, até que voltes ao solo, pois da terra foste formado; porque tu és pó e ao seio da terra retornarás!”, descansa, entre suas rosas, orquídeas e o canto dos pássaros. Obrigado Pai por me dar a vida, o exemplo de homem e por me educar e me ensinar tantos valores ético-morais. Sempre te amarei.

0 resposta

  1. Muito lindo o ser humano Moacir, eu tive o prazer de conhecer, me recordo da sua formatura Moacizinho (como ele o chamava).
    Dr Moacir deixou um grande legado e sei q a família dará continuidade. Q o seu pai descance no colo do Nosso Deus.

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