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Allah GóesAllah Góes | allah.goes@hotmail.com

Na Ponta da Tulha, Léo era sinônimo de alegria e descontração, fundador do Bloco As Leoninas (onde ele, para variar, saía fantasiado de biquíni).

E ele se foi! Claro que com tristeza para os que ficam, mas uma tristeza diferente, com um misto que vai além da saudade e da dor, pois, para nós que ficamos, existe também a satisfação de saber que ele cumpriu o seu dever. O dever de ter entretido, surpreendido e alegrado a vida de milhares de pessoas.

Também, depois de ter vivido uma vida intensa, ter sido o responsável por dar tanta alegria para tanta gente, ter sido o mais importante artista grapiúna do mais popular esporte brasileiro, partiu para continuar sua trajetória de alegria, boemia e diversão… Só que agora em outro plano, o grande “boleiro”, Emanoel Briglia, o “Seu Léo”.

Boêmio, namorador, amigueiro, acessível, contador de estórias e excelente jogador de bola, este foi Léo Briglia, que apesar de filho de “coronel do cacau”, não queria ser “doutor”, como o foram seus outros irmãos. Quis mesmo foi ser jogador de futebol, “peladeiro”, e com o sucesso alcançado na antiga Capital Federal, inspirou o surgimento daquela geração de Itabunenses que, nos anos 60, foi hexacampeã baiana de futebol.

Podem até me tachar de exagerado, mas, como fã incondicional, não poderia pensar de outra forma, pois acredito que se não fosse “Seu Léo”, e o destaque que teve, tanto como artilheiro do campeonato brasileiro como por conta dos diversos títulos conquistados, muito provavelmente não teríamos hoje o nosso Estádio, e o nosso querido Itabuna Esporte Clube, pois foi por conta do mito do “jogador campeão e irreverente” que surgiu a inspiração para a profissionalização de nosso futebol.

Mas a trajetória de vida de “Seu Léo”, não se resume apenas a ter inspirado o surgimento de nossos “craques”, ter sido diversas vezes campeão carioca, campeão brasileiro e ter jogado pela seleção brasileira (tendo sido cortado daquele time que foi campeão do mundo em 1958 pelo infortúnio de estar com “dentes careados”). O legado de Léo reside na forma simples, acessível e carismática com que sempre tratava a todos e a maneira leve com que encarava a vida.

“Seu Léo” era desapegado das coisas materiais, o que o tornou referência em Itabuna, principalmente no bairro Santo Antônio, onde morou por diversos anos, bem como na “Ponta da Tulha”, seu refúgio outonal, tanto ajudando como servindo a todos que lhe procuravam, mesmo que para isto sacrificasse seu salário e conforto.

Na “Ponta da Tulha”, Léo era sinônimo de alegria e descontração, fundador do Bloco As Leoninas (onde ele, para variar, saía fantasiado de biquíni). Foi o pioneiro no carnaval daquela localidade, levando alto astral e pilhéria por onde passava, o que levou a comunidade a batizar a rua onde ali passava os verões como “Alameda Léo Briglia”, justa homenagem feita ainda em vida.

Léo Briglia que nesta quinta-feira, 25 de fevereiro, finaliza a sua partida aqui neste plano, viveu 87 anos de uma vida bem vivida, e deixa como herança para seus filhos (que, segundo ele, eram mais de 15) e netos, as alegrias que nos proporcionou, a irreverência, o jeito leve, descontraído e gozador, que são a prova maior de que é possível viver a vida de forma plena, cultivando amigos, e no final, ser lembrado, ser feliz e deixar saudades, nunca tristeza. Parabéns, “Seu Léo”.

Ah, não posso deixar de me filiar à campanha que o irrequieto Juca, editor do Jornal Esportivo Papo de Bola, que pretende dar um novo nome ao Estádio Municipal de Itabuna, que passaria a se chamar Estádio Emanoel Briglia, “O Briglião”.

Allah Góes é advogado municipalista e fã de Léo Briglia.

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