Embora a estiagem complique bastante a situação do sistema de abastecimento de Itabuna, é notório que a precariedade do mesmo é um problema que dá uma contribuição decisiva para acentuar a crise que a população local enfrenta há mais de oito meses.
Os gestores da Empresa Municipal de Saneamento (Emasa) sabem que seu sistema de abastecimento é arcaico, possui uma rede obsoleta com inúmeros vazamentos, depende de bombeamento ininterrupto, o que significa um gasto astronômico com energia elétrica, e não conta com um reservatório confiável. Neste último ponto, a retomada das obras da barragem do Rio Colônia traz um alento, mas a previsão de conclusão é de um ano e meio.
Como se ignorasse todos esses problemas, a Emasa tem insistido em um discurso que põe toda a responsabilidade pela falta de água nas costas de Deus. É como se a empresa não tivesse a menor parcela de culpa pela histórica falta de investimentos.
O ponto alto dessa estratégia de entregar a batata quente ao Todo Poderoso foi visto hoje (8), quando a Emasa divulgou imagens de evangélicos orando sobre as pedras ressequidas da estação de Castelo Novo.
Segundo nota distribuída pela empresa, os religiosos fizeram “um clamor, pedindo a Deus misericórdia e que tenha piedade de Itabuna e toda a região sul da Bahia, que estão sofrendo as consequências da falta de chuvas”. O próximo passo será o prefeito Claudevane Leite nomear o Criador para a presidência da Emasa.