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rpmRosivaldo Pinheiro | rpmvida@yahoo.com.br

 

A discussão sobre o saneamento inevitavelmente será contaminada pelo debate político eleitoral.

 

Os problemas de saneamento básico em Itabuna ganharam amplo debate na nossa cidade, especialmente no que diz respeito ao fornecimento de água potável. É fato que o fenômeno El Niño tem influência direta no ciclo das chuvas, mas o modo de vida do homem faz piorar esse processo, através do desmatamento das matas ciliares, descaso com as nascentes dos rios e poluição do ar, entre outras ações humanas. Uma das reações da natureza a essa agressão é a redução da precipitação pluviométrica.

Itabuna tem uma população estimada de 219.680 habitantes (IBGE), sem contar a população flutuante diária, e é polo de comércio, serviços e educação, além de ter uma posição de destaque na saúde em alta e média complexidade. A cidade já tem 106 anos de fundação e já viveu o mesmo drama em outros momentos. Falta de água e água salgada não são novidades para os moradores… Enfrentamos episódios semelhantes com água salgada em meados da década de 1990. Outro velho problema nosso é que, ao longo dos 27 anos de existência da Emasa, a reservação de água nunca foi de fato uma prioridade local.

Ao mesmo tempo, não podemos isentar a falta de liderança dos governos locais e a insensibilidade dos governos estaduais. Destaco que no segundo mandato de Jaques Wagner foi feita a licitação da barragem do Rio Colônia, mas questões burocráticas e desentendimentos entre a empresa vencedora do certame e o governo do estado interromperam a obra. O governador Rui Costa assumiu com disposição e refez a licitação, cuja obra está prevista para ser concluída até novembro de 2017. Notícia boa, mas ainda com um prazo sofrível para nós.

A barragem significará para Itabuna e outros municípios da região uma tranquilidade no abastecimento por até 30 anos, além de proporcionar a atração de novas atividades produtivas, especialmente unidades fabris. Enquanto isso não acontece, a escassez de água segue reduzindo a nossa atividade econômica e impactando negativamente em nossa qualidade de vida. A discussão sobre o saneamento inevitavelmente será contaminada pelo debate político eleitoral; nesse contexto, as opiniões em grande maioria deixam em segundo plano o viés técnico-científico, não possibilitando ao conjunto da sociedade local respostas que apontem soluções viáveis para superarmos os problemas de saneamento.

Itabuna se diferencia de outras cidades da região pela característica empreendedora da sociedade local; vencida a deficiência relacionada à água, unida à disponibilidade do gás natural, um combustível de baixo custo e menos poluente, a cidade terá elementos de grande impacto e diferencial competitivo para atração de novos negócios. Em se estabelecendo politicamente através da sociedade civil, junto ao Estado e à União, certamente poderá abrigar o centro de logística para dar conta do funcionamento do Porto Sul e seu complexo intermodal, atraindo também empresas de tecnologia, face à presença das instituições de ensino superior, impulsionada em particular pela presença da UFSB, elevando a cidade a um patamar de atividade econômica para além dos até aqui experimentados.

Rosivaldo Pinheiro é economista, com especialização em Planejamento e Gestão de Cidades

Uma resposta

  1. Meu amigo Rosivaldo tem razão quando aponta os problemas relacionados ao fornecimento de água para o município de Itabuna, mais ainda quando assinala que, foram os governos municipal e estadual em suas respectivas gestões que apesar de saberem o que fazer, se perdem em debates e embates políticos sem dar prioridade para o que verdadeiramente importa, apontar e executar ações capazes de melhorar a vida da população. No final do texto, Rosivaldo aponta para o potencial de Itabuna em face das suas caraterísticas atuais. Mas, é bom lembrar que em outros momentos da história de Itabuna, a cidade se mostrou com potencial para diversas ações positivas e nada foi concretizado, esperamos que aqueles que se encontram com a representação do povo hoje, não perca mais esta oportunidade, salientando que, no que tange ao saneamento as ações precisam ser imediatas.

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