Nathália Mendes | Agência Brasil
O primeiro tiro da última série de Felipe Wu garantiria a medalha de ouro na pistola de ar 10m. Atrás do vietnamita Xuan Vinh Hoang desde a quarta série, o atirador brasileiro arrancou 10.2 pontos naquela rodada, enquanto o adversário fez 9.2 pontos. Os dois finalistas foram para a linha de tiro para o disparo decisivo sabendo que Wu estava a ponto de fazer história: 96 anos depois do título olímpico de Guilherme Paraense – cujo nome batiza o centro olímpico de tiro esportivo no Rio –, nos Jogos da Antuérpia, em 1920, um brasileiro poderia voltar a ser campeão no tiro esportivo.
“A minha tática é atirar um pouco mais rápido no final porque sei que não só aqui, com esta torcida gigante, mas também em outros eventos, sempre acontece uma reação da torcida. Então eu atirei e a torcida fez o papel dela. Eu sabia que tudo podia acontecer: tanto ele fazer um tiro bom quanto um ruim. Na etapa de Bangcoc, fiz a mesma coisa e o americano fez um tiro ruim por causa do barulho da torcida”, conta Wu, que cravou 10.1 pontos em seu tiro final.
Durante os poucos segundos que separaram a aferição da marca de Wu para o momento que a nota de Hoang foi confirmada, o barulho da torcida foi realmente ensurdecedor. O estande lotado explodiu em vaias e gritos para impedir Hoang de tirar a diferença de dois décimos. Mas o sangue frio do rival prevaleceu: com um 10.7 no último tiro, o vietnamita chegou aos 202.5 pontos e eliminou qualquer possibilidade de ouro para Wu, que terminou com 202.1 pontos. Mas a medalha de prata, a que inaugurou a contagem de medalhas dos anfitriões dos Jogos Olímpicos, veio com a sensação de dever cumprido.