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ailtonsilva artigoAilton Silva | ailtonregiao@gmail.com

 

É muito fácil apontar e condenar a corrupção do outro. Vamos fazer uma reflexão sobre os nossos comportamentos e começar a mudança por nós.

 

Desde o ano passado que acompanhamos, em todo o Brasil, gente anônima, lideranças políticas, empresários, dirigentes de organizações não governamentais, representantes de entidades de classe e integrantes de “grupos revolucionários” como Movimento Brasil Livre (MBL), entre outros, gritando bravamente contra a corrupção. Muitas pessoas que se mostravam indignadas com o descaso com o dinheiro público estão me deixando confuso.

Quando as pessoas tomaram às ruas, pensei: já passou da hora de acabar com esse câncer. Até imaginei que a virada iria começar com a revolta do povo. Eram empolgantes o debate, a articulação pelas redes sociais, a cobertura da mídia e as pessoas nas ruas contra a corrupção. No meio de tudo aquilo, as operações da Polícia Federal, que resultaram em prisões de figurões da política e representantes de grupos empresariais. Pensava, a mudança já começou…

Para ficar perfeito, só aumentava o número de pessoas que condenavam a corrupção, o que era altamente positivo. Mas, sinceramente, nunca acreditei na honestidade de muitos dos líderes que estavam à frente desses movimentos. Minha desilusão aumentou quando se tornou público que um dos integrantes do MBL respondia a mais de 60 processos na justiça, incluindo ações por fraude.

Mais adiante, outra pancada: esse mesmo movimento recebeu dinheiro de partidos políticos para as manifestações e, nas eleições municipais deste ano, em Porto Alegre, promoveu uma batalha interna – grupo dividido entre dois candidatos. A guerra e troca de acusações podem ter motivado a morte de um dos integrantes do movimento.

Mas tem os líderes do Movimento Vem para Rua que são honestos, éticos e que lutam por um Brasil decente.  Sim, deve ter muita gente correta. Esse, porém, não parece ser o caso de Jailton Almeida, servidor público federal, integrante do movimento e que fazia em Brasília, nos carros de som, discursos inflamados contra a corrupção. No entanto, em junho foi nomeado para cargo de “coordenador-geral de participação social na gestão pública”, logo após a posse do novo governo. É ilegal? Não. Mas imoral, sim.

Outro “exemplo” é do presidente da Federações das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, que participou ativamente dos protestos, mas é acusado de caixa dois nas eleições de 2014. Aliás, é imensa a lista de políticos que apareceram discursando pela moralidade, ética e respeito ao dinheiro público, mas investigados exatamente por desvio de dinheiro do contribuinte. Neste meio, há até acusados de formação de quadrilha, extorsão, falsidade ideológica, trabalho escravo, fraude, dentre tantos outros crimes.

Quem também tinha o discurso bonito contra a corrupção era a estudante Sofia Azevedo Macedo, de Minas Gerais. A jovem agora aparece nos noticiários como uma das pessoas que tentaram fraudar as provas do Enem 2016.  São tanto casos de quem nos últimos meses gritou contra corrupção e foi flagrado exatamente fazendo o que se dizia condenar.  É verdade que existe muita gente honesta e decente, mas também não faltam hipócritas. É muito fácil apontar e condenar a corrupção do outro. Vamos fazer uma reflexão sobre os nossos comportamentos e começar a mudança por nós.

Ailton Silva é jornalista.

10 respostas

  1. Este é o tipico comentário canalha, querer desqualificar um movimento pela existência de alguns poucos que estão respondendo em processos como se condenados fossem.
    A verdade: O Brasil está sim condenando um monte de bandidos que em nome de uma causa roubaram as estatais para financiarem sues projetos de poder, isto levou ao saque da Petrobras que financiava o PT . PP e PMDB , a farra acabou , seus dirigentes devolveram milhoes e estão presos ou em casa com tornozeleira.
    Ninguem conseguirá parar este movimento, o cidadão brasileiro não vai aceitar acordos entre bandidos que mandam a conta para os mais pobres,

  2. O texto é fantástico e traz à tona o velho e abominável princípio do “faça o que eu digo e não faça o que eu faço” que, infelizmente,continua enraizado em nossa cultura tupiniquim. Mas, o que nos dar esperança é ver que, de fato, existem pessoas verdadeiramente comprometidas com essa luta contra a corrupção, cujas pessoas têm consciência precisa dos direitos e deveres inerentes ao exercício da cidadania. Parabéns ao ilustre jornalista Ailton pelo texto, que nos remete a uma bela reflexão.

  3. VI MUITOS ITABUNENSES VESTIDOS DE VERDE E AMARELO PEDINDO PARA O BRASIL MUDAR E VI, OS MESMOS, VESTIDOS DE AMARELO NA PASSEATA DO CANDIDATO A PREFEITO FICHA SUJA, ELEITO.

  4. Aprendi que o debate deve ser feito com respeito e em alto nível, mesmo que o oponente não tenha essa mesma linha de pensamento. Segundo: não é um comentário canalha, é um artigo jornalístico, que o leitor tem o direito de rebater, discordar e apontar erros, se for o caso. Terceiro: em momento algum tentei desqualificar o movimento, condenei ou omiti pontos positivos. Apenas citei fatos concretos. Quarto: sou totalmente a favor de todo e qualquer movimento pela transparência com dinheiro público, mas sem deixar de registrar que alguns dos seus líderes não parecem honestos. Isso está muito claro. Por último, recomendo que faça uma nova leitura no texto. Talvez compreenda melhor o que disse. Além disso, pode tentar provar se o que disse são inverdades. Numa boa: não basta só protestarmos contra os corruptos, mas precisamos ser honestos também. Ou esse pensamento é canalha?

  5. Esse é grande problema, as pessoas são seletivas na corrupção, o pal que bate em Chico não bate em Francisco, as mesmas pessoas que foram as ruas gritar fora PT e contra a corrupção, foram as mesmas que votaram em Fernando Gomes, Azevedo, isso em nível de Itabuna no Brasil nós tivemos o crescimento dos partidos mais corruptos segundo o Rank do TSE que foram respectivamente o PMDB e o PSDB, o que houve nessa política para prefeito foi um retorno aos velhos corruptos de sempre, encampado por esse discurso ante PT

  6. Infelizmente estes desvios de carácter se vê nas pequenas ações: o lápis do colega que levou para casa, o gato que fez na luz e na água e tudo passa a ser normal.Muitos entram na área política como objetivo de defraldar os cofres públicos

  7. A corrupção, a venalidade, a “esperteza, a malandragem que, na verdade, são vertentes disfarçadas para um vocábulo definitivo: desonestidade. Basta que observemos o comportamento das pessoas em situações diversas, seja na fila de um banco, no estacionamento ou qualquer outra situação em que haja concorrência. Logo surgem os “espertalhões”, aqueles que se vangloriam de ter “passado a perna ou derrubado” alguém. Na política, existem os eleitores palermas que se comprazem de felicidade ao “derrubarem” um político em dez reais ou um litro de cachaça, esquecendo-se que não se “derruba” político, pois a cada dez reais, eles roubarão dez milhões. Como inculpar os políticos por tanta roubalheira e por terem quebrado o país, se os eleitores lhes forneceram os meios por meio dde um cheque em branco?

  8. Assuntos dessa natureza fere a muitos que se acham atingidos e por tal colocam a carapuça, o que não deveria acxontecer,pois, devemos sempre refletir sobre assuntos que não gostamos de ouvir. Esse artigo merece reflexão e não devemos ter medo de encará-lo e pensar sobre ele. Gostei e parabenizo o autor.

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