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IMG_20171007_231314Maria Reis Gonçalves* 

 

A violência “nossa” de cada dia, antes de agredir aos outros, agride a cada um de nós, pois tira a nossa essência humana, nossa capacidade de entender o que é certo, o bonito, o real, o justo e a condição de sermos melhores. Ela se disfarça e, quando menos esperamos, bate à nossa porta.

 

Todos os os dias e em todos os meios de comunicação, não importando qual seja o que você está vendo ou lendo, sempre encontramos algo sobre um  crime. Hoje, a violência impera entre todas as outras noticias, até mesmo as dessa nossa política tão nefasta. São assaltos, assassinatos, agressões, roubos, alunos alvejados, professores agredidos, trabalhadores assassinados, pobres e ricos na mesma dança macabra da violência urbana. O repertório da violência é grande e os cenários diversificados. E, dentro dessa guerra sem fronteiras, o povo se sente impotente e desprotegido. E todos os dias ficamos sabendo de casos de barbárie, que se tornou onipresente em nosso cotidiano. Essa é uma oportunidade que temos para pensar o que está acontecendo com o ser humano. A violência sempre existiu e, consequentemente, é algo que faz parte da nossa vida. Para alguns estudiosos, a violência é um mal necessário para nossa estrutura, seja psicológica, física, social, sexual, etc.

Os estudiosos sociais nos falam que o Estado só consegue existir a partir do monopólio da violência. Porém, são as regras sociais, os direitos individuais que inibem a prática da violência e em troca acreditamos nas promessas do Estado como órgão zelador maior dos nossos direitos fundamentais, principalmente o direito à vida. Por isso, os assassinatos e homicídio causam tanta revolta no ramo do Direito e dos meios de comunicação. No entanto, essa promessa está a cada dia mais fragilizada. O Estado se deixou dominar e já não consegue alcançar determinados espaços no meio social. Seja por negligenciar o seu papel educacional, seja por falhas no papel econômico.

O Estado deixou que os chamados “Estados Paralelos” buscassem o domínio sobre essa violência que impera no nosso meio, fora a ganância, a vaidade, a luta pelo poder que tomou conta dos responsáveis por legislar as Leis do nosso país e com isso começaram a aparecer as milícias. Elas são consequências da não presença do Estado protetor, assim o povo passou a se submeter à lei dos mais fortes – e hoje os mais fortes são os bandidos, que – bem armados, matam, estupram, roubam, agridem e sobrevivem na impunidade.

A violência desenfreada que vivemos talvez seja o sintoma mais claro da nossa degradação moral. E a população já não consegue aguentar mais, ninguém aguenta esse empurra, empurra sobre quem é o responsável por coibí-la. O povo começa a pedir socorro e até agora não conseguiu respostas. Sabemos que todos nós temos a nossa culpa em relação à violência, e essa certeza é que nos une, na tentativa de solucionar o problema, por meio de leis mais rígidas e atuações mais profícuas da justiça, punindo ou prevenindo novas ondas de terror. A violência “nossa” de cada dia, antes de agredir aos outros, agride a cada um de nós, pois tira a nossa essência humana, nossa capacidade de entender o que é certo, o bonito, o real, o justo e a condição de sermos melhores. Ela se disfarça e, quando menos esperamos, bate à nossa porta. Porém, devemos tratá-la como indesejável. E nunca esquecer os nossos valores morais, nossa honra e a nossa humanidade.

Maria Reis Gonçalves (Tia Nem) é psicóloga comportamental e docente.

2 respostas

  1. O bem prisioneiro do mal, é isso que ocorre, deveria começar combatendo o consumo de drogas, pois nenhuma empresa permaneceria viva sem consumidor.
    Na lei do crime existe pena de morte, na lei convencional existe desinteresse em aplica-la.
    Falta união da sociedade de bem, das forças do poder, do exemplo dos políticos, da sociedade que continua votando em maus políticos, falta punição para o mal feitor.

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