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Marco Wense
 

Essa decisão de enfrentamento da Justiça não é um bom caminho. Vai mexer mais ainda com o corporativismo do Judiciário e colocar toda magistratura de mãos dadas na defesa de seus pares e da instituição.

Começa a surgir nas hostes do PT um movimento contra o enfrentamento da Justiça e a radicalização com as decisões do Judiciário.
Um início de confronto entre moderados e radicais ou, se o leitor preferir, entre os menos radicais e os sectários, adeptos da desobediência civil.
Os que defendem a tese do “ou Lula ou o caos” acham que não existe outro caminho que não seja o do acirramento com a Justiça.
Com declarações como a de que não vai “respeitar as decisões da Justiça”, Lula termina sendo o principal avalista e incentivador dos intransigentes. Uma espécie de padrinho da insubordinação.
Para muitos, aí já se referindo ao grupo dos moderados, essa posição de insurgir contra a Justiça é suicídio político. Tem até os que são da opinião de que o petismo está cavando sua própria cova.
O jornalista Paulo Henrique Amorim, declaradamente simpático ao PT e a Lula, começa a entender – antes fazia parte da ala dos radicais – que “jogar todas as fichas na candidatura de Lula pode ser uma fria”.
Para Amorim, o PT entrou no jogo dos que querem o partido bem longe do Palácio do Planalto. Lula, segundo o blogueiro, teria seus direitos cassados e ficaria impedido de disputar o segundo turno. O segundo e o terceiro colocados disputariam o pleito. Cita até o sonho da Globo de ter Geraldo Alckmin versus Luciano Huck.
O PT precisa entender que ainda existem os recursos para os tribunais superiores – o STJ, TSE e, por último, para a instância máxima, o Supremo Tribunal Federal (STF).
Essa decisão de enfrentamento da Justiça não é um bom caminho. Vai mexer mais ainda com o corporativismo do Judiciário e colocar toda magistratura de mãos dadas na defesa de seus pares e da instituição.
O PT não é a lei. O exemplo mais recente das consequências que o radicalismo pode provocar foi o confisco do passaporte do ex-presidente. O juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal de Brasília, considerou na sua decisão as “hostilidades” de Lula ao Judiciário.
Essas “hostilidades”, cada vez mais contundentes e, até certo ponto, irresponsáveis, vão terminar levando Luiz Inácio Lula da Silva à prisão e à inelegibilidade.
Portanto, que o PT, o petismo e Lula façam uma reflexão e comecem a discutir o plano B, sob pena dessa política de enfrentamento da Justiça terminar prejudicando o PT em todo o país.
O PT, volto a dizer, não é a lei. A palavra final é da Justiça. Do contrário, o caos, a desordem institucional e o enfraquecimento do estado democrático de direito.
Marco Wense é articulista político e editor d´O Busílis.

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