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Evandir desenvolveu três complicações em sala de aula || Foto Betto Jr./Correio24h

Fazer a chamada e ouvir dos alunos a palavra “presente” faz parte da rotina de qualquer professor. No entanto, todos os dias, ao menos cinco da rede estadual de ensino entram numa lista que os impedem de confirmar a própria presença em sala de aula.
Segundo a Secretaria da Administração do Estado (Saeb), de janeiro a agosto deste ano, 1.361 educadores foram afastados por problemas de saúde. Ou seja, são 3,4% de um total de 40 mil profissionais da ativa. Diretor executivo da Associação dos Professores Licenciados do Brasil – Secção da Bahia (APLB-BA), João Santana diz que, em média, os afastamentos crescem 2,5% ao mês.
“No Diário Oficial, todos os dias as listas de afastados são enormes por conta dos problemas de saúde. Os motivos vão dos mais simples como a Lesão por Esforço repetitivo (LER) até casos como alcoolismo, drogas e depressão”, explica.
Segundo a Saeb, entre as principais causas de afastamento estão as neoplasias (tumores), doenças musculoesqueléticas, nos olhos, no coração e nos aparelhos respiratório, circulatório e digestivo.
A professora Rita de Cássia Lima, 48 anos, sabe o que é o peso de trabalhar 60 horas por semana na rede pública e se revezar entre a sala de aula, vice-diretoria e coordenação. O corpo já ligou o sinal de alerta e a obrigou a tirar uma licença de 30 dias para tratar uma LER, problemas de garganta e estafa.
“Já não sinto mais minha capacidade produtiva em 100%. É uma questão de sobrevivência. O médico recomendou o afastamento do trabalho neste período em um dos turnos”.
Rita conta que, até então, só havia se afastado durante a licença maternidade. “Nunca fui nem de gripe. Agora, vou ao médico três vezes na semana e isso me deixa muito desconfortável. Percebo que estou prejudicando não só a mim, mas a escola. Estou no meu limite, sobretudo, à noite”.
ESTRESSE

No caso da professora aposentada Evandir Andrade, 62, os anos dedicados à sala de aula deram origem a dores nas pernas que se transformaram em bursite e ela desenvolveu ainda tendinite e LER. O estresse diário provocou ainda alterações na pressão. Hoje, além de hipertensa, ela é diabética. “Foram muitos anos dando aulas e esses problemas foram surgindo. Os médicos sempre avisavam que as duas coisas estavam relacionadas”.

São quase 40 anos desde quando ela começou a ensinar na zona rural de Paripiranga, no Nordeste da Bahia. “Tive várias colegas que adoeceram por conta do trabalho. Depois de Paripiranga, fui professora também em Salvador e não vi muita diferença na sala de aula. A realidade é a mesma. Muito estresse e muito trabalho”.

Mãe de quatro filhos nas redes estadual e municipal, a cuidadora de idosos Marilu Ferreira sabe bem como é quando falta professor na sala de aula. “Sempre acontece de um dia ou outro não ter aula porque algum professor ficou doente. Se ele demora de voltar, o estudante fica esperando o substituto. Essa semana, minha filha de 11 anos ficou um dia sem ir para escola por falta de professor”. Clique aqui para ler a matéria na íntegra.

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