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Igreja na Fazenda Engenho D’Água|| Foto Divulgação.

A Fazenda Engenho D’Água, no município de São Francisco do Conde, guarda um patrimônio cultural que resistiu ao longo de mais de três séculos. Esse esforço para manter viva essa herança por meio das ações de restauração e revitalização foi reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Outra iniciativa baiana premiada pelo Iphan foi Sonário do Sertão, desenvolvido dentro do projeto Movimento dos Pequenos Agricultores nas comunidades sertanejas de Várzea Nova e Várzea Queimada, na Bahia, e Bodocó, em Pernambuco. O inventário preserva o patrimônio imaterial do sertão dos dois estados nordestinos.
Os dois projetos baianos estão entre os oito ganhadores da 31ª Edição Nacional do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade. Os responsáveis pelos projetos receberão os prêmios e serão homenageados no dia 9 de novembro, no Teatro da Paz, em Belém, no Pará.
A premiação em dinheiro é concedida há 31 anos e contempla as ações de destaque nacional com o objetivo de estimular aqueles que atuam na proteção, preservação e divulgação do patrimônio cultural brasileiro. A edição deste ano recebeu inscrições de 302 projetos em todo o país.
Os ganhadores recebem o prêmio de R$ 30 mil, troféu e o Selo o Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade – 2018, além de serem tema da Revista da 31ª Edição do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, publicação que será distribuída nas Superintendências e Escritórios Técnicos do Iphan em todo Brasil.
USO SUSTENTÁVEL 
Na Fazenda Engenho D’água, novos usos para o patrimônio viabilizam financeiramente sua preservação. As atividades são desde a hospedagem de turistas, passando pela realização de eventos diversos, chegando a atividades corriqueiras de uma fazenda, como a pecuária e o cultivo de cacau.
Em 2002, a fazenda Engenho D’água, em ruínas, foi adquirida por Mário Augusto Nascimento Ribeiro que, pouco a pouco, restaurou a propriedade. O método do restauro consistiu no aproveitamento das estruturas existentes, na complementação das partes faltantes e substituição, seguindo as referências iconográficas, das peças que não poderiam mais ser recuperadas.
Além da sustentabilidade econômica, os proprietários da fazenda buscam conscientizar as futuras gerações para importância histórico-cultural do local, promovendo visitas de estudantes e da comunidade. De acordo com o Iphan, o projeto Restauração e Revitalização da Fazenda Engenho D’Água é de relevância para a memória, a identidade e a cultura nacionais, servindo como exemplo para a recuperação e gestão do patrimônio edificado regional.
A BIBLIOTECA DO SERTÃO
Com um processo participativo, o Sonário do Sertão começou a ser desenvolvido em 2015.Foram realizadas oficinas de capacitação técnica para os registros de áudio, levantamento do que seria registrado, debates e formação sobre a cultura do ouvir e a prática da escuta.
O Sonário conta com registro de sons do cotidiano do semiárido brasileiro, como canto dos pássaros, som de carroças em movimento, do entardecer, de galinheiro, assim como grupos musicais, cantigas, orações, os cantos de trabalho e melodias assoviadas durante a plantação da mandioca e festas religiosas.
O resultado do projeto foi o levantamento de mais de mil registros sonoros que, aos poucos, vêm sendo classificados e indexados. O acervo no site (www.sonariodosertao.com) do projeto já conta com mais de 100 faixas sonoras. Com as oficinas realizadas nas comunidades, mais de 50 jovens foram formados em atividades de captação de áudio, escuta atenta, pesquisa, identificação e levantamento do acervo, valorizando a participação da comunidade na construção de sua própria memória sonora.

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