Marco Wense
O vice Hamilton Mourão continua sendo a figura da República bolsonariana mais polêmica e inquieta. Longe do general ser um personagem decorativo, um adorno palaciano.
Para muitos, o general conversa demais. Deveria ficar mais calado, principalmente em assuntos inerentes e específicos a determinados ministérios.
Mas Mourão tem também muitos defensores. Eles são da opinião de que é melhor dizer o que pensa do que tapear, bajular, pegar o caminho da falsidade.
Mourão também fala o óbvio. Ou seja, que Paulo Guedes, ministro da Economia, e Sérgio Moro, da Justiça e Segurança Pública, são os dois principais auxiliares do governo Bolsonaro: “Eles puxam a fila do resto do governo”.
“Paulo Guedes e Sérgio Moro atacam dois grandes problemas: segurança pública, que é algo que aflige todo mundo no país, e a questão da economia, porque entrando nos eixos nós vamos romper o desemprego, entrar numa era de desenvolvimento sustentável”, diz o militar.
No entanto, a sua mais recente declaração provocou dúvidas. Mourão disse que “o pacote de medidas contra criminalidade e corrupção de Moro não atrapalha a tramitação da reforma previdenciária”.
Essa ligação entre o combate ao crime e a tramitação da reforma no Congresso Nacional não ficou bem explicada. Até mourãonistas mais próximos do vice ficaram a ver navios.
Confesso que também fiquei curioso com essa declaração do general, cada vez mais aconselhado a ser mais discreto.
É bom lembrar que dos três filhos do presidente Jair Bolsonaro, todos políticos exercendo mandatos, somente Carlos Bolsonaro, vereador no Rio de Janeiro, ainda não teve aborrecimento com Mourão.
Mourão é assim. Gosta de ser ele mesmo. É melhor ser o que é, do que ficar sendo outro sem ser, como foi o então vice Michel Temer com Dilma Rousseff.
Marco Wense é articulista e colunista do Diário Bahia.