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Isabella Silva faz a defesa da tese|| Foto Egnaldo França

A professora Isabella Santos Silva entrou para história como a primeira trans a defender um mestrado no sul da Bahia.Ela elaborou e defendeu a tese “Cursinho preparatório para o ensino superior: garantia de práticas no ensino básico de condições de acesso às universidades para pessoas LGBTI e demais minorias sociais”.

A defesa da mais nova mestra em Ensino e Relações Étnico-Raciais da Universidade Federal do Sul da Bahia foi feita na última terça-feira (4), na sede do Grupo Humanus, em Itabuna. Foi um feito inédito para a região.

Durante a apresentação, Isabella Silva destacou a perspectiva freireana adotada na condução da pesquisa de Pós-Graduação. A tese foi resultado da experiência que ela viveu como coordenadora de Cursinho Pré-ENEM Popular gratuito TRANS+. O cursinho foi pensado para pessoas trans, LGBTI e de outras minorias sociais.

As aulas foram ministradas por Isabella Silva, que é professora de História, e colegas do PPGER da UFSB, além de professoras das redes pública e privada de Itabuna, que atuaram como voluntárias.

ASSASSINATOS DE TRANS NO BRASIL

Isabella abordou questões como “lugar de privilégio”, “interseccionalidade”, “corpos dissidentes” e “deslocamentos”. Além de noções teóricas, a professora mostrou dados alarmantes sobre assassinatos de pessoas trans no Brasil em 2018, usando como fonte o Dossiê da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), organizado por Bruna Benevides e Sayonara Nogueira, publicado neste ano.

A professora conta que o projeto foi desenvolvido com formato político-pedagógico inspirado em Paulo Freire e que seguiu leis federais e baianas como o Decreto n. 8727/2016, a Resolução 120/2013 do Conselho Estadual de Educação, as Leis 10.639/2003 e 11.645/2008 que, embora existam e sejam importantes, “não se percebe sua materialização e a garantia de aplicação”, criticou Isabella.

Ela apresentou os resultados quantitativos do cursinho Trans+ e também os achados qualitativos, que incluem “fortalecimento político e afirmações de gêneros e sexualidades”, o que foi assinalado pela banca como ponto muito positivo da pesquisa-ação realizada.

Participaram da banca de defesa o professor Seu Vérciah,da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e militante do Movimento De Trans pra Frente, de Salvador; a professora Dodi Leal, do campus Sosígenes Costa da UFSB, e o orientador do trabalho, professor Rafael Guimarães, do campus Jorge Amado.

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