Tempo de leitura: 2 minutos

Os países que enfrentaram os picos da covid-19 são nossos faróis, servindo-nos de experiências. Ao tomar como exemplo o comportamento das populações e dos governos no exterior, seus erros e acertos, poderemos, aqui, vencer esse ciclo pandêmico com menor perda de vidas e, consequentemente, com redução dos impactos econômicos.

Rosivaldo Pinheiro || rpmvida@yahoo.com.br

É fato que há vários Brasis dentro da mesma nação nesta pandemia: existe o país da ciência e o da não-ciência; o Brasil que recebe o auxílio emergencial e o que ainda luta para recebê-lo; o que por essencialidade vai ao trabalho e o que por conta em risco circula; o que reclama do estresse causado pela pandemia e o que falta o pão de cada dia; o que se diz de direita e o da esquerda.

Fato é que estamos passando por um grave problema na saúde pública, com inevitáveis reflexos negativos na economia. Todos os países estão sendo afetados e terão desdobramentos nos PIBs (Produto Interno Bruto), que mede a atividade econômica dos países. Apesar de significar algo grave, não representa o fim do mundo, uma vez que existem mecanismos endógenos no sistema econômico que cumprirão seus papéis, fazendo a economia se recuperar aos níveis de produção e consumo e equilibrando o fluxo da geração de renda, fato já experimentando pelo sistema econômico ao longo do tempo, na ocorrência de outras crises. Porém, a preocupação maior será o tempo demandado para tal recuperação.

A polarização entre os dois Brasis que se manifestam no dia-a-dia das redes sociais – direita e esquerda, coloca em posições antagônicas os favoráveis ao isolamento social como medida mitigadora da covid-19 e os que defendem a volta a uma suposta normalidade usando como argumento a necessidade de manutenção de empregos nos múltiplos setores atingidos.

A linha que defende o retorno a essa ilusória normalidade é justificada pelo argumento da existência de cidades que mantiveram uma continuidade da atividade econômica em meio à pandemia, com a cautela de cumprir as medidas de prevenção recomendadas pelos órgãos de saúde. É importante frisar que as decisões de cada estado e ou município deverão levar em consideração as condições estruturais da saúde para garantir a atenção às suas populações, juntamente com o desempenho da taxa de contaminação do novo coronavírus (curva de transmissão).

Mantido esse entendimento, e sendo computados baixo número de casos e satisfatória disponibilidade de leitos para atendimento, é de bom senso o cumprimento dos protocolos de controle, assim como o funcionamento da atividade comercial. O que de fato precisa ser observado é a realidade de cada estado e município.

Os países que enfrentaram os picos da covid-19 são nossos faróis, servindo-nos de experiências. Ao tomar como exemplo o comportamento das populações e dos governos no exterior, seus erros e acertos, poderemos, aqui, vencer esse ciclo pandêmico com menor perda de vidas e, consequentemente, com redução dos impactos econômicos. O Brasil precisa de liderança na direção da unidade. Afinal, faróis existem para orientar e somos uma nação, não um arquipélago de ilhas ideológicas.

Rosivaldo Pinheiro é especialista em Planejamento de Cidades (Uesc) e economista.

Deixe aqui seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *