Tempo de leitura: 2 minutos

Durante a campanha eleitoral, Getúlio Vargas costurou vários acordos com políticos do PSD, principalmente em Minas Gerais, culminando com a baixa votação de Cristiano Machado. O movimento de abandonar o candidato de seu partido em prol de outra candidatura ficou marcado na política como o ato de ′cristianizar′.

José Cássio Varjão

Em meados de 1948, começam as negociações políticas para sucessão do presidente Eurico Gaspar Dutra. Otávio Mangabeira, governador da Bahia pela UDN, rompe com Dutra e declara apoio ao candidato do seu partido, o Brigadeiro Eduardo Gomes.

O PSD lançou a candidatura do Deputado Federal Cristiano Machado e o PSB lançou João Mangabeira. Porém, a figura-chave do processo sucessório era Getúlio Dorneles Vargas que, após selar acordo com Ademar de Barros, governador de São Paulo pelo PSP (Partido Social Progressista) se lança candidato pelo PTB. As eleições iriam se realizar em 3 de outubro de 1950.

Compareceram às urnas 8.254.989 eleitores, que selam a vitória de Vargas com 48,7%. O Brigadeiro Eduardo Gomes, ficou com 26,6%; Cristiano Machado, com 21,5% e João Mangabeira, com 0,0011%.

Durante a campanha eleitoral, Getúlio Vargas costurou vários acordos com políticos do PSD, principalmente em Minas Gerais, culminando com a baixa votação de Cristiano Machado. O movimento de abandonar o candidato de seu partido em prol de outra candidatura ficou marcado na política como o ato de “cristianizar”, em alusão a Cristiano Machado.

Nas eleições de 2018 no estado de São Paulo, observamos outro ato de cristianização de um candidato. O candidato a governador João Dória (PSDB) obteve 31,77% dos votos válidos. O candidato do seu partido à Presidência da República Geraldo Alckmin ficou com somente 4,76%, enquanto Jair Bolsonaro (PSL) obteve 46,03% dos votos válidos. Verifica-se aí que Geraldo Alckmin foi cristianizado pelos eleitores do PSDB.

Na reta final das eleições 2020, também ocorreram vários movimentos em Itabuna nesse sentido. Alguns candidatos a prefeito foram cristianizados, inclusive por candidatos a vereador do próprio partido. Na corrida para a Câmara Municipal, vários candidatos não se reelegeram enquanto outros obtiveram menos votos nessa eleição, em comparação à eleição 2016.

Entre o vitorioso dia da eleição e a posse na Câmara de Vereadores, o tabuleiro da política fervilha. A eleição da Mesa Diretora é o objetivo. As peças nesse período estão desarrumadas e se movem a todo momento. Alianças e estratégias são costuradas.

Os reeleitos, se colocam em melhor posição e os recém-chegados mais reservados. Não é de hoje que os atores fazem vários acordos e, até o dia “D”, todos podem ser alterados. Sempre foi e sempre será assim. Já vimos esse filme várias vezes no Plenário Raimundo Lima.

Vamos aguardar o dia 1º de janeiro de 2021. Até lá tudo pode mudar.

José Cássio Varjão é graduando em Ciência Política.

Deixe aqui seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *