Vítima de AVC, Luis Roberto completaria 80 anos na próxima quinta-feira (4)
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O ex-jogador de futebol Luis Roberto de Oliveira, conhecido como “Boca”, faleceu ontem (27), em Ilhéus, vítima de um acidente vascular cerebral (AVC). Ele jogou profissionalmente nas décadas de 1950 e 1960. Atuou no Fluminense (RJ) e Colo-Colo de Ilhéus, entre outros clubes.

Em fevereiro de 1966, quando jogava na ponta esquerda do Grêmio de Maringá, fez um gol em Lev Yashin, goleiro lendário da antiga União Soviética, que visitou o time paranaense para jogo amistoso. Nessa quinta-feira (28), o ex-vice-prefeito José Nazal (REDE) publicou relato sobre uma cena protagonizada por Boca, que completaria 80 anos no próximo dia 4. Leia.

 

Lá “pras folhas tantas”, começaram a cantar um sambinha animado e, entusiasmado, eis que se alevanta Dêlibri, iniciando um samba no pé ao lado da mesa de pista onde estava. Queria apenas curtir, dançar como ele gostava.

José Nazal || nazalsoub@gmail.com

Triste com a notícia do passamento de Luis Roberto de Oliveira, Boquinha, Boca Boca, Dêlibri – dentre tantas maneiras como era conhecido. Eu me lembrei de um famoso episódio ocorrido em uma festa no Clube Social de Ilhéus. Quem estava presente deve recordar; quem não estava, passa a saber o que ocorreu.

Final dos anos 70, a dupla Antonio Carlos e Jocafi fazia enorme sucesso nas paradas musicais, com agenda concorrida para apresentação em shows por todo o Brasil, inclusive aqui em Ilhéus, terra já famosa e conhecida como a “terra do cacau”, onde havia riqueza e fartura.

Numa festa no Clube Social de Ilhéus, a dupla veio se apresentar. O salão cheio, as mesas todas vendidas para a festa dançante, com uma orquestra de baile. No meio da noite, a apresentação da famosa dupla.

Quando o relógio bateu 1 hora da manhã, a orquestra parou e foi anunciado o show, com todos os presentes sentados para assistir. Com banda própria, os dois cantores foram alegrando os presentes com seus hits mais famosos. Lá “pras folhas tantas”, começaram a cantar um sambinha animado e, entusiasmado, eis que se alevanta Dêlibri, iniciando um samba no pé ao lado da mesa de pista onde estava. Queria apenas curtir, dançar como ele gostava.

Percebendo que os olhares dos presentes estavam mais voltados para a mesa de Boca Boca do que para o palco, Jocafi, incomodado com o fato (mesmo tentando não demonstrar), parou o show e disse educadamente: “peço ao batera para ir aumentando o ritmo, para o amigo fazer o show dele e depois continuamos o nosso”. O baterista foi aumentando o ritmo e então Boca foi no embalo, gesticulando com as mãos, pedindo mais (imaginem a cena porque com palavras não consigo descrever a velocidade). Ao ver que o baterista não conseguia derrubar Boquinha, Jocafi se rendeu e disse: “companheiro, se quiser, suba para dançar no palco ou então dance aí mesmo. Você é fera no samba no pé”.

Muita gente ainda deve se lembrar dessa maravilhosa cena no Clube Social.

Essa é minha singela e sincera homenagem ao amigo Luis Roberto. Afirmo, sem a habitual complacência post mortem: das pessoas que conheci, ele foi uma daquelas que mais viveram e encararam a vida, em seus altos e baixos, com simplicidade, resiliência e alegria de viver.

José Nazal é fotógrafo, memorialista e autor do livro Minha Ilhéus (Via Litterarum); foi vice-prefeito de Ilhéus entre 2017 e 2020.

Uma resposta

  1. Nosso orgulho ! Guerreiro e batalhador! Por aqui ficou a herança do gingado no pé e ritmo aguçado na caixinha de fósforo. Eterna lembrança.

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