O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
Tempo de leitura: 3 minutos

Lula, no imaginário popular, é uma figura muito maior do que o Lula de carne e osso. Lula não é só maior do que o PT, é maior do que ele próprio.

Carlos Pereira Neto Siuffo

1 – O discurso de Lula após as anulações dos processos por Fachin foi um grande acontecimento político.

2- Foi um discurso político com centro correto, priorizou a luta concreta e imediata, não colocou os carros na frente dos bois. Não se poderia ali exigir uma autocrítica dos erros passados (vi artigos cobrando isso).

3- Lula, no imaginário popular, é uma figura muito maior do que o Lula de carne e osso. Lula não é só maior do que o PT, é maior do que ele próprio.

4- Na força e no tamanho de Lula estão as virtudes e defeitos (os perigos). Ele pode ser o grande alinhavador da unidade das forças de esquerda, desde que use o seu tamanho para a construção de um programa mínimo de unidade e promova, junto com o conjunto, um calendário de lutas e de ações concretas para combater a pandemia e o a política neoliberal do desgoverno Bolsonaro. Mas, ele sofre uma grande pressão da direita petista e aí poderá vir a fazer alianças e concessões à direita, que serão mais problemas para as soluções dos infortúnios populares. Também o poder do chamado mercado pressiona para que se mantenha a atual política fiscal. Há também o risco do Lula de carne e osso, com as suas tendências conciliadoras (superadas, espero).

5- A esquerda ao lulismo não poderá ficar refém. Deverá tocar as suas lutas e participar das ações de unidade. A luta hoje é por vacina, auxílio emergencial de R$ 600 e para organizar no dia a dia as massas populares.

6- A força na luta política não se dá pela retórica. Ela é fruto da realidade concreta. Não se é temido pelo grito.

7- Nada poderá ser feito sem uma exata correlação de forças real. Nunca foi o radicalismo verbal quem mudou a história. No entanto, a covardia sempre deu em grandes derrotas. Nem esquerdismo vazio nem quietismo oportunista.

8- As eleições são importantíssimas na luta política, mas sozinhas elas são insuficientes. Poderia Mao Tsé-Tung ganhar as eleições de 2022 e não governaria para o povo, pois com o desmonte dos direitos trabalhistas, sociais e previdenciários, as vendas das estatais (sobretudo da Petrobras e do pré-sal), a lei do Teto dos Gastos, a autonomia do Banco Central e a PEC 187, nada poderá ser feito. O governante será um gerente de padaria.

9- Para governar o Brasil, o Estado terá que ser refundado e isso só poderá ser realizado com grande organização e movimentos populares gigantescos.

10- Lula é grande e importante nesse processo. O antilulismo e o antipetismo são reais, sem deixar de destacar os próprios erros que facilitaram a sua ocorrência, eles, em maior parte, são criações dos inimigos de classe e fazem parte da luta de classes. Poderão ser combatidos e desconstruídos com luta política efetiva e estratégia inteligente.

11- A luta é grande e longa. A esquerda tem que ser anticapitalista, o que não que dizer que o socialismo esteja na esquina. Mas, quem sabe?

Carlos Pereira Neto Siuffo é professor de Direito da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc).

Deixe aqui seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *