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Acaba de sair do prelo a coletânea Poesia de Aluvião: novos territórios da literatura sul-baiana contemporânea, que reúne obras de 15 poetas da região. Os poetas Fabrício Brandão, editor da revista Diversos Afins, e Geraldo Lavigne de Lemos foram os organizadores do livro e integram a lista de autores. O produção coube à Editora Patuá.

“A obra simboliza uma conquista e, mesmo em tempos pandêmicos, foi pensada e organizada com o intuito de fortalecer a produção literária desse importante eixo da Bahia. Por isso, não há palavra mais importante para o momento do que a gratidão”, escreveu Fabrício ao noticiar a boa nova.

Capa da coletânea Poesia de Aluvião

Além de Fabrício e Geraldo, os poemas são assinados por Aleilton Fonseca, André Rosa, Daniela Galdino, Heitor Brasileiro Filho, Iolanda Costa, Leila Andrade, Lia Sena, Marcus Vinícius Rodrigues, Rita Santana, Rodrigo Melo, Tales Santos Pereira, Telma Sá e Tereza Sá.

A coletânea pode ser adquirida no site da editora (acesse aqui).

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O professor de Direito, escritor e articulista Efson Lima toma posse como novo membro da Academia de Letras de Ilhéus (ALI) na próxima sexta-feira (22), no Salão Nobre da instituição. A solenidade está prevista para as 19h.

Articulista de jornais diários baianos e um dos coordenadores do Festival Literário Sul-Bahia (Flisba), Efson teve o apoio necessário de votos já na indicação para a ALI, o que dispensou a eleição para escolha do novo membro, informou o presidente da Academia, Pawlo Cidade. Toma assento à cadeira 40 da Academia.

Conforme previsto, Efson Lima será saudado pela ex-presidente da ALI Maria Luiza Heine, na próxima sexta (22), na sede da Academia de Letras de Ilhéus, na Rua Antônio Lavigne de Lemos, 39, Centro, Ilhéus, Bahia, Brasil.

Efson foi aluno de Maria Luiza Heine, que lembra dos tempos de faculdade. “[Efson] Era aquele aluno que se aproximava para conversar, querendo ir além do assunto dado. Um dia me procurou querendo saber mais da Academia de Letras de Ilhéus, cresceu e adquiriu conhecimento para conhecer a Academia por dentro. Vai entrar pela porta da frente”, orgulha-se a ex-presidente.

GANHO INESTIMÁVEL PARA A ACADEMIA

Presidente da ALI, Pawlo Cidade vê na chegada de Efson ganho inestimável para a nossa Academia. Ele ressalta a experiência, a dedicação e o amor pelas letras que enxerga no novo membro.

Já o poeta, ensaísta e membro das academias de Letras da Bahia (ALB) e de Ilhéus (ALI) Aleilton Fonseca, vê Aleilton na Academia com imensa alegria, prazer e satisfação. “A Academia de Letras de Ilhéus ganha muito com a sua participação efetiva nas atividades de promoção da nossa Literatura.”

O jornalista e consultor cultural Alderacy Pereira teve Efson Pereira como seu aluno, ainda na Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), em 2004. “Recordo, nitidamente, dos olhos dele brilhando e me apresentando seus primeiros artigos de opinião”, relembra, completando: “Quando vejo um texto assinado pelo articulista Efson Lima, leio com grande interesse e volúpia”, encerra, não sem destacar o orgulho ao saber da posse do escritor e professor na ALI.

Live de lançamento de "Ba-Vi tem muita história" será às 20 horas desta terça-feira (10), na canal da editora Mondrongo
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Os organizadores do livro Ba-Vi tem muita história, Gustavo Felicíssimo e Rodrigo Melo, reuniram um time de primeira linha para retratar, em contos e crônicas, a história do clássico Bahia x Vitória, iniciada em 1932. A live de lançamento da coletânea será às 20 horas desta terça-feira (10), no canal da editora Mondrogo no Youtube.

Além dos próprios organizadores, outros 16 escritores assinam as narrativas; são eles: Aleilton Fonseca, André Uzêda, Ângela Vilma, Aquilino Paiva, Elieser Cesar, Fernando Caldas, Gil Vicente Tavares, Herculano Neto, João Filho, Luís Pimentel, Marcus Vinícius Rodrigues, Paulo Bono, Ricardo Cury, Ruy Vídero Caldas, Santiago Fontoura e Saulo Dourado.

Poeta, jornalista e torcedor do Vitória, Florisvaldo Matos destaca a harmonia da seleção das histórias que integram o livro. “Essa quase nonagenária rivalidade, que já se acerca dos 500 confrontos, entre triunfos de um e de outro, com vantagem para o tricolor, e empates, está fielmente retratada pelos dezoito harmoniosos escritos, prenhes de técnicas redacionais diversas, que ora nos faculta a vitoriosa [editora] Mondrongo”.

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A vida refletida é a mais nova obra do cronista Antônio Lopes

A Editora da Universidade Estadual de Santa Cruz (Editus) acaba de entregar ao mercado consumidor o novo livro do cronista Antônio Lopes, A vida refletida. O livro reúne 58 pequenos relatos do dia a dia, nos quais o autor, seguindo a fórmula clássica da crônica literária, não deixa faltar humor e ironia – ferramentas essenciais à crítica social –, mas não se descuida do lirismo, componente que contribui para aproximar o gênero crônica do gênero poesia em prosa.

– Ao finalizar A vida refletida, cumprimos, neste tempo tão difícil, mais uma etapa do nosso objetivo como editora pública, que é a propagação das diversas formas de manifestação literária, seja a produção acadêmica, propriamente dita, seja, como neste caso específico, a literatura de ficção”, diz Rita Argollo, diretora da Editus.

Para o empresário e escritor Joaci Góes, “o pensamento de Leon Tolstoi, segundo o qual para conquistar o mundo precisamos, antes, conquistar nossa aldeia, também está presente no acendrado amor que Antônio Lopes dedica, em prosa e verso, a Buerarema, pequena cidade ao sul da Bahia, na região cacaueira”.

Destacando a capacidade que tem o autor de transformar as “miudezas” da aldeia natal em boa literatura, salienta Joaci, na apresentação do novo livro de Lopes: “Provavelmente, se Antônio Lopes tivesse produzido sua surpreendente obra em Paris, Londres, Roma ou New York, não faltasse quem dissesse que só a partir de domicílios tão cosmopolitas seria possível produzir literatura de conteúdo e forma tão marcadamente universais”.

“CRUEL COINCIDÊNCIA”

A vida refletida é o segundo título do mesmo autor publicado este ano. Em fevereiro, ele lançou, pela Editora A5/Itabuna (à venda em www.a5editora.com.br), a antologia A bela assustada.

“Esta ´inflação´ de livros e a crise sanitária que vivemos é só uma cruel coincidência, nada têm em comum”, brinca Lopes, para quem “a obra definitiva sobre o grande mal que está matando os brasileiros já foi feita por Aleilton Fonseca, com o poema-livro A terra em pandemia (Mondrongo/2020”).

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Antônio Lopes, na Uesc, com a poeta Dinah Hoisel (Foto Divulgação).
Antônio Lopes, na Uesc, com a poeta Dinah Hoisel (Foto Divulgação).

Com o Mar Entre os Dedos-CapaEm solenidade na sexta-feira (20), a Editus-Editora da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc) e o Instituto Macuco Jequitibá promovem o lançamento do livro Com o mar entre os dedos, do jornalista Antônio Lopes. O evento será às 18h30min, na Casa de Cultura Jonas & Pilar (Praça Cristovaldo Monteiro, em Buerarema). 

Com o mar… abriga 57 crônicas, muitas delas “rascunhadas” neste Blog, na coluna Universo Paralelo, que publicamos em duas temporadas, a primeira a partir de 2010, a segunda a partir de agosto de 2012.

Neste quinto título, Lopes retoma a forma de expressão literária em que se fez conhecido do público regional:  Estória de facão e chuva (Editus/2005) e Luz sobre a memória (Agora Editoria Gráfica/2001) estão em segunda edição – respectivamente pela Editus e a Mondrongo. O novo livro tem apresentação do ficcionista e professor de literatura Aleilton Fonseca, da Academia de Letras da Bahia.

A crítica também tem sido favorável ao autor de Buerarema falando para o mundo:  se pronunciaram favoravelmente a respeito da produção do cronista que, segundo Hélio Pólvora, botou Buerarema no mapa da literatura.

O editor Gustavo Felicíssimo, que fez a segunda edição de Luz sobre a memória (Mondrongo/2013), afirma que a escrita de Antônio Lopes é contemporânea, simples, do nosso tempo, “pois é quando carrega no aspecto aparentemente despreocupado, como quem escreve sem maior consequência, muito embora com mergulhos profundos na memória e no significado dos atos e sentimentos humanos, que seus escritos saltam da página”.

Com o mar entre os dedos é o quinto livro de Lopes, o quarto de crônicas literárias e o terceiro publicado pela Editus-Editora da Uesc.

SERVIÇO
Com o mar entre os dedos, Antônio Lopes
Quando – Dia 20
Horário – 18h30min
Onde – Casa de Cultura Jonas & Pilar

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PESADELO: OS BÁRBAROS ESTÃO CHEGANDO?

Ousarme Citoaian | ousarmecitoaian@yahoo.com.br

1La FontaineTive um sonho (melhor: pesadelo) em que os Estados Unidos se preparavam para invadir o Brasil. Um amigo, a quem consultei sobre a estranha premonição, analisou o quadro e me diagnosticou com uma só palavra, pronunciada entre dentes e com olhar de pena: “Paranoia”. Sem me dar por vencido, argumento que eles consideram os três últimos governos brasileiros (Lula-Lula-Dilma) como “anti-americanos”; digo que aqueles gringos se acham os xerifes do mundo, com direito a invadir qualquer espaço, em nome da “democracia” ou mesmo em nome de coisa nenhuma. Lembram da fábula “O lobo e o cordeiro”, de La Fontaine? O lobo buscava razões para comer o cordeiro…

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Sob as justificativas de fome e força

Não encontrou motivos, mas o borrego foi almoçado assim mesmo, sob as suficientes justificativas de fome e força. Os americanos queriam invadir o Iraque, criaram o manto (ou o mito) das armas químicas e lá foram. Não encontraram tais armas, mas quem estava interessado nisso? Meu amigo me aconselha a abandonar a ficção e cair na real: “Tá certo que os americanos não são flores que se cheire, mas eles têm maiores preocupações do que o Brasil, pois vão invadir o Irã”. Não desisto. Eles já invadiram Cuba (bem menos importante do que o Brasil) e aqui, em 1964, derrubaram um presidente eleito e treinaram torturadores para o regime militar. E depois do Irã?

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Ele queria dobrar Lula e não conseguiu

Noto que, com essas lembranças, ele se mostra de semblante ensombrado. Aproveito o ferro quente, e malho, com esta pergunta: Qual foi o primeiro país latino-americano que Obama visitou? E ele responde, orgulhosão: “Brasil!” Pois é, digo, à  moda de Ataulpho Alves. Ele queria dobrar Lula e não conseguiu; depois, quis dobrar Dilma (quem é ele, tão fraquinho, pra enfrentar Dilmona!), não conseguiu… Quis dar uma de araponga, se ferrou, pois a velha Dilma descobriu a safadeza e até cancelou a visita… “Nada disso tem peso diplomático…”, disse ele, pouco convicto. Aí, fui-lhe à garganta: E o petróleo do pré-sal? Ele pôs as mãos na cabeça: “Meu Deus!”

ENTRE PARÊNTESES, OU

4convite2Literatura regional em tempo de festa
A Editus, editora da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) promove de 21 a 24 deste mês a I Feira Universitária do Livro, uma espécie de festa da literatura regional. Nomes como Aleílton Fonseca, Ruy Póvoas, Cyro de Mattos e Antônio Lopes terão o lançamento coletivo de escritos seus publicados pela Editus.  Aleílton e Ruy, além de autografarem suas produções recentes, terão um “papo literário” com a plateia, quando discorrerão sobre o tema “Novas leituras, novos leitores” – isto tudo no dia 21, às 19 horas, no Auditório Paulo Souto.  No dia 23, teremos Daniela Galdino, Aquilino Paiva e Gustavo Felicíssimo discutindo a literatura grapiúna de hoje (sala de treinamento da CDRH às 9 horas).

“O MUNDO EVOLUIU. É UMA PENA DANADA”

5PattonO general Patton, saudosista incorrigível (interpretação magistral de George C. Scott), diz a Dick, seu ajudante de ordens, que gostaria de decidir, pessoalmente, a II Guerra: “Rommel no tanque dele, eu no meu. Pararíamos a uns 20 passos, apertaríamos as mãos, depois combateríamos, só nós dois. O combate decidiria a guerra”. Responde o subordinado: “É uma pena que os duelos tenham saído de moda. É como sua poesia, general, não faz parte do século XX”. E o general, com ar tristonho: “Tem razão, Dick. O mundo evoluiu. É uma pena danada”. As frases estão no magnífico Patton – rebelde ou herói?, de Frank J. Schaffner.
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Sem bom texto, não existe bom cinema

A publicitária carioca Mariza Gualano, fã de cinema, selecionou cerca de 840 frases de mais de 600 filmes, para o livro Ouvir estrelas. Aqui, aproveitando o tema, algumas frases sobre guerra: “Acusar um homem de assassinato por aqui é como multar alguém por excesso de velocidade na Formula Indy” (Martin Sheen, em Apocalipse); “Eu não sirvo para a guerra, pois dormi com a luz acesa até os 30 anos” (Wood Allen, em A última noite de Boris Grushenko); “Sobreviver é a única glória da guerra” (David Carradine, em Agonia e glória); “Eu gosto do cheiro de napalm de manhã. Cheiro de… vitória” (Robert Duvall, em Apocalipse).

A BOA MÚSICA BRASILEIRA “IMPORTADA”

7Leny AndradeA baiana Rosa Passos é um desses acontecimentos comuns à MPB: cantora que, a exemplo de Virgínia Rodrigues, Bebel Gilberto e Leny Andrade (foto), para citar apenas três) é mais conhecida no exterior do que no Brasil (observe-se que Leny Andrade é a cara da simpática professora itabunense Ritinha Dantas!). CDs dessas artistas são pouco encontrados nas lojas, dando a eles características de “importados”. Voltemos a Rosa, para dizer que ela é fã ardorosa de João Gilberto, segue-lhe os passos (ai!), toca violão ao estilo dele. Chegou a gravar um disco chamado Amorosa, que repete o Amoroso de JG, acrescido de umas poucas faixas. Mas Rosa Passos não pretende ser nenhum “João Gilberto de saias”.
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Presença de duas feras  internacionais

A expressão desrespeitosa foi empregada por um repórter, que ouviu o que não queria. Rosa Passos é Rosa Passos, cantora e compositora de recursos próprios – e diz do seu ídolo aquilo que muitos colegas seus sentem, mas nem sempre expressam claramente: “João Gilberto amigo/ eu só queria/ lhe agradecer pela lição”, canta a artista, em “Essa é pro João”, faixa nove do CD “importado” Amorosa. Prova do prestígio de Rosa Passos “lá fora” é a presença nesse disco de duas feras internacionais: o clarinetista cubano Paquito D´Rivera e um grande nome do jazz na França (falecido em 2008, aos 90 anos), Henri Salvador.

O.C.

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O MAR BRAVIO É O MEU RIO MULTIPLICADO

Ousarme Citoaian | ousarmecitoaian@yahoo.com.br
Quando menino em Buerarema, eu não sabia o que era o mar. Aliás, nenhum de nós sabia. Orlandino, o mais velho da turma, gabava-se de já ter visto o mar, em Ilhéus, mas a gente não acreditava – ele, diziam os mais velhos, era mentiroso e fumador de maconha. Mas sabíamos, talvez do livro de Geografia de Gaspar de Freitas, que o mar era feito de água – a maior parte daquelas três quartas partes de que se formava o planeta, segundo a professora Aflaudísia. Na minha imaginação, multiplicado o rio Macuco, obtinha-se o mar bravio, sem tirar nem pôr… Mas eu queria mesmo era ver o bichão bem de perto, frente a frente, meu olho no olhão dele.

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O sono perdido entre o mar e a vizinha

1Serra do Jequitibá

Orlandino dissera que o mar era salgado, mas isso era mentira: pelos meus cálculos, todo o sal das vendas de Gringo e Zé Bazuza não daria para salgar o Poço da Pedra, quanto mais o marzão de Ilhéus. Eu andava com insônia (não só por culpa do mar, mas também de uma vizinha – e o nome dela eu não digo nem sob tortura). Da existência e tamanho desmesurado do mar eu já sabia, pois o vira, meio encoberto e misterioso, lá do alto da Serra do Jequitibá. Foi onde nasceu a árvore símbolo  de minha terra, que lhe dá poesia e proteção (o jequitibá primeiro morreu de velho, mas há um filho que lhe herdou a responsabilidade de guardião de Buerarema.
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Feiro do chocolate Paris 2010Quis ser um pássaro e voar até o oceano

Fizemos muito piquenique (o pastor Freitas preferia “convescote”) ao pé da árvore generosa, depois de caminhar da cidade à serra. De lá tínhamos uma mal definida vista de Ilhéus, com as águas de tanta insônia. Minha intenção nunca confessada era ser um pássaro, bater as asas na Serra do Jequitibá e voar, voar, voar toda a distância entre a serra e o oceano – Marcelo Ganem, menestrel da minha terra, disse isto em verso e música. Cheguei, em sonho desvairado, a pensar que, por magia só cabível em mente infantil, tal poderia acontecer. Mas não precisou. Certo dia, não sei a troco de quê (talvez devido à boa sorte, que sempre me segue)…
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Tonto de emoção, provei o mar salgado
… Fui dar com os costados em Ilhéus, fiquei frente a frente com o mar imenso, tendo, afinal, aquele despropósito de água ao alcance dos dedos. Lembro-me agora daquele menino Diego (de Eduardo Galeano, em O Livros dos abraços) que, trêmulo de emoção frente à grandeza do oceano, pediu ao pai: “Me ajuda a olhar”. Não digo que fiz o mesmo, porque sou um triste menino de verdade, não um inteligente ser de ficção. Apenas, emocionado, levei à boca um pouco daquela grandeza. Provei-o. Era salgado o mar, e muito. O gosto era minha única interrogação, pois o existir a Serra do Jequitibá já me confirmara. Foi bom saber que meu amigo Orlandino não mentia nem puxava. Quer dizer: só um pouquinho de cada coisa.
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SEM RIO OU SÃO PAULO, SÓ RESTA O NADA

5Antônio Jr.Ninguém é profeta em sua terra (equivale a santo de casa não faz milagre). Em matéria de arte, não se chega ao êxito se não romper as fronteiras do próprio quintal. Veja-se apenas na região cacaueira da Bahia: Adonias Filho, Jorge Amado, Hélio Pólvora, Marcos Santarrita, Telmo Padilha, Cyro de Mattos – todos que tiveram maior ou menor notoriedade foram buscá-la no Rio de Janeiro. É no Rio (e, nos últimos tempos, também num lugar chamado São Paulo) que as coisas acontecem; fora desse eixo, é o nada. Exemplos, em contrário (os que nunca saíram daqui): Ruy Póvoas, Jorge Araujo, Euclides Neto, Antônio Nahud Jr., Janete Badaró. Dirão que a música baiana, feita em Salvador, ganha o Brasil e o mundo – mas isto é exceção.

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Na Bahia, os caminhos são obstruídos

Afora minha humilde opinião de que ivetinhas, harmonias, claudinhas, chicletes e danielas ficariam melhor no anonimato, a exceção confirma a regra: Caymmi, João Gilberto, Gal, Gil, Nana, Caetano e Bethânia foram vencer no Rio (e João Ubaldo também, se falamos em literatura). A reflexão me vem a propósito de O desterro dos mortos (Via Litterarum), belo livro de Aleilton Fonseca. Contista excepcional, comparável aos grandes do Brasil, ele não ocupa o espaço nacional merecido – e eu atribuo isto ao fato de (nascido em Firmino Alves) morar em Salvador. Mesmo recebendo incentivadoras menções na Europa, notadamente na França, o autor ainda não foi “descoberto” pelo sul maravilha, o que lhe obstrui os caminhos.
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VÍDEO PROVA QUE O IMPOSSÍVEL ACONTECE

7Billie HolidayOs tenoristas Coleman Hawkins, Ben Webster e “Pres” Lester Young, mais Gerry Mulligan (sax barítono), Roy Eldridge (trompete), Milt Hinton (baixo) e a voz mágica de Billie Holiday juntos – seria um delírio difícil de imaginar até como delírio. Pois, creiam, o encontro aconteceu, em 1957, numa apresentação ao vivo, da qual destacamos Fine and mellow, uma composição da própria Billie. E ainda teve Mal Waldron (piano), Doc Cheatham (trompete), Vic Dickenson (trombone), Danny Barker (guitarra) e Osie Johnson (bateria). O vídeo nos dá, mais de meio século depois, a emoção desse momento raro do jazz (Billie morreria em 1959).
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“Pres”, o favorito de Billie Holiday

Ela canta os primeiros versos do tema, para a entrada de Webster e, em seguida, Lester Young. Billie, em close, tem os olhos brilhantes e segue o solo, balançando a cabeça, como em aprovação ao sopro suave de Young, seu saxofonista favorito – foi ela quem o apelidou de “Pres” (President). Após a segunda intervenção de Lady Day, vem o “choro” do trombone de Vic Dickenson e o som particularíssimo de Gerry Mulligan, o único branquelo do grupo. Mais Billie (“O amor vai fazer você beber e jogar” – Love will make you drink and gamble), para o solo do mestre Coleman Hawkins, meu saxofonista preferido, seguido de Roy Eldridge. Sublime.

(O.C.)