Tempo de leitura: 3 minutos
Jarbas Oliver e Lelo Filho contracenam em A Bofetada (Foto Leto Carvalho).

“Não fazemos teatro de puro entretenimento, mas de reflexão”, afirma o ator, produtor e diretor da peça A Bofetada, Lelo Filho, da Cia Baiana de Patifaria. Ele teve um dedinho de prosa com o PIMENTA na quinta, 5, um dia antes de iniciar a série de três apresentações da peça no Centro de Cultura Adonias Filho, em Itabuna.

A Bofetada tem 24 anos de apresentações contínuas pelo País e interior baiano com o texto sempre renovado de ingredientes a partir de pesquisas de situações locais.

Lelo disse que na curta temporada em Itabuna não faltarão críticas bem-humoradas. “Fizemos pesquisa para ver o que está acontecendo [na cidade] e sobre coisas que se pode mencionar no texto. É um espetáculo renovável”, resumiu.  A seguir, os principais trechos da prosa.

PIMENTA – Como tem sido a experiência de levar ao público um espetáculo como este por tanto tempo?

LELO FILHO – A Bofetada é um espetáculo que se renova o tempo inteiro. A cada nova temporada, a cada cidade visitada, a gente sempre insere alguma coisa. A Bofetada comemora 24 anos. É um trabalho de ator, bacana. Para quem fez ou está fazendo, é um trabalho de memorizar coisas novas. A gente monta o espetáculo como se tivesse sido feito em cada lugar que a gente visita.

Nesses 25 anos, dá para sentir renovação de público no interior da Bahia, onde há carência de produção, espetáculos e espaços teatrais?

Com A Bofetada, a gente percorreu 50 cidades do Brasil. O interior da Bahia sempre. Foram longas temporadas no Rio, São Paulo, Brasília, Curitiba, Florianópolis, Belo Horizonte. Só não fizemos a região Norte. Acredito que o espetáculo também seja responsável pelo bom momento do teatro baiano, que começou na virada dos anos 80 e 90, quando se chamou o público de volta para ver espetáculos produzidos na Bahia. Quando a gente volta, a plateia se renova com gerações que não viram o espetáculo. Há cinco anos que a gente não vem a Itabuna.

 

Basta você ligar a TV e assistir ao noticiário político da cidade e do país para ter grande arsenal de piadas.

 

Você se recorda de algum fato pitoresco envolvendo o espetáculo em cena e a plateia nas apresentações feitas aqui na região?

Quando você fala de coisas locais, como a Ilha do Jegue, o Bairro Maria Pinheiro e a divisa com o Daniel Gomes, ou inserindo locais, coisas que o público entende, gera humor, risos. Meu personagem mora na divisa dos dois bairros. Há certa ironia. A gente faz com o intuito de aproximar, o que acaba ficando até mais engraçado.                                                                      

Muitas mudanças no elenco durante esse longo período?

Sou o único ator da formação original. Pelo espetáculo, já passaram 14 atores. O atual núcleo tem Alexandre Moreira, Jarbas Oliver, Nilson Rocha e eu. Em paralelo, estamos com o espetáculo Siricotico, que já esteve em Itabuna, uma das poucas cidades baianas a recebê-lo.

Deve ser prazeroso fazer A Bofetada com o texto renovado. Ainda há muito a oferecer ao espectador?

O Brasil é país rico em fornecer material. Basta você ligar a TV e assistir ao noticiário político da cidade e do país para ter grande arsenal de piadas. Não que seja uma coisa boa, mas, na verdade, a gente ironiza essas mazelas todas para que a plateia reflita. Não fazemos teatro de puro entretenimento, mas de reflexão.

Serviço
Peça A Bofetada (Cia Baiana de Patifaria)
Quando: 7 e 8 de Julho / 20h
Onde: Centro de Cultura Adonias Filho (Itabuna)
Ingresso: R$ 40,00 (R$ 20,00 meia)