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marivalguedesMarival Guedes | marivalguedes@gmail.com

Ao ser ouvido na CPI, disse que sua riqueza foi fruto de ter ganhado 200 vezes na loteria. Questionado sobre o exagero de tantos acertos, respondeu: Deus me ajudou.

A CPI do escândalo dos Anões do Orçamento foi instalada em 93, mas o esquema começou em plena ditadura militar, em 1972. Não havia denúncias naquele período por causa da censura ou por conveniência dos veículos de comunicação.

A transação era feita por um grupo de parlamentares que fraudava o Orçamento da União beneficiando políticos e empreiteiras. O termo anão não se referia à estatura física. Relacionava-se a pouca expressividade dos envolvidos, membros do chamado “baixo clero”.

Foi mais um escândalo de corrupção nestes 500 anos. Mas, neste caso, uma diferença entrou para o anedotário político quando o articulador do esquema, deputado João Alves, justificou como conseguiu ficar milionário.

Ao ser ouvido na CPI, disse que sua riqueza foi fruto de ter ganhado repetidamente na loteria, 200 vezes. Questionado sobre o exagero de tantos acertos, respondeu: Deus me ajudou.

Neste mesmo ano, 93, eu era editor do programa Cabrália Bom Dia, na TV Cabrália, em Itabuna, e marcamos uma entrevista com Lula, que acabara de perder para Collor. Participaram o jornalista Luiz Conceição e Gecie Campos.

Acompanhava Lula, o assessor de comunicação Ricardo Kotscho. Não tínhamos muita intimidade, mas éramos companheiros de congressos de jornalistas. Num intervalo, ele sugere uma pergunta sobre os anões. Lula interrompe:

– Ele não pode perguntar não, Ricardo, porque o patrão dele também está envolvido.

Marival Guedes é jornalista e escreve no Pimenta às sextas.