Fotojornalistas protestam contra Figueiredo, em 1984 || Foto J. França
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Não reivindico imparcialidade, mas a distância necessária para dosar a empatia com desconfiança e a antipatia com escuta atenta.

 

 

 

Thiago Dias

Quando ingressei no curso de Comunicação Social da Uesc, em 2007, não sabia que profissão seguir. Foi uma escolha por exclusão das ciências exatas e por alguma afeição à escrita, mas não pensava em jornalismo. Só depois de formado tive o primeiro contato com o ofício, no Blog do Gusmão, onde trabalhei por cinco anos e me profissionalizei.

Herdei de meus pais, Dagmar e Luís, duas características elementares para o jornalismo, o gosto por ouvir e contar histórias e a honestidade. Ser honesto é pressuposto do relacionamento jornalístico com as pessoas e do esforço para diminuir ao máximo a distância intransponível entre a informação e o fato reportado. Aquilo que se pode chamar, num pleonasmo, de realidade factual.

É o compromisso reiterado com a apuração da notícia que torna o repórter e o veículo de imprensa credíveis. Eis a matéria-prima da construção e manutenção da credibilidade do emissor em um contexto de circulação acelerada de informações e opiniões.

Não reivindico imparcialidade, mas a distância necessária para dosar a empatia com desconfiança e a antipatia com escuta atenta. A busca desse equilíbrio reduz, de um lado, os pontos cegos do olhar emotivo e, de outro, permite a abertura para um diálogo capaz de rechaçar um preconceito injusto ou de reafirmar uma posição crítica.

Essa é das lições mais exercitadas nos meus três anos e três meses neste PIMENTA. Na redação, o convívio com os jornalistas Ailton Silva e Davidson Samuel é fonte de aprendizagem diária. Nos seus textos, aprendi a admirar o rigor descritivo e a frase curta e direta como expressões sofisticadas da clareza a serviço da notícia.

Além das lições, o PIMENTA também me abriu portas valiosas, como a do Jornal das Sete, da Morena FM 98.7, rádio dirigida pelo jornalista Marcel Leal, com quem divido a redação do informativo, que vai ao ar de segunda a sexta, às 18h40min. Ilheense, quis o destino me abrigar em dois veículos na cidade vizinha, apresentando-me, ainda que de forma mediada, uma Itabuna que eu não conheceria se não fosse o jornalismo.

Está aí um presente que a profissão me deu em 11 anos de estrada. Descobri uma Itabuna de forte presença das associações civis e da imprensa como forças de pressão organizada e de dinamismo político. Quando compartilho essas impressões com amigos itabunenses, boa parte deles diz que estou superestimando o verde da grama da casa vizinha.

Será? Penso que não, especialmente por causa do papel relevante que vejo a imprensa exercer no debate público de Itabuna – um autoelogio que o Dia do Jornalista, comemorado neste domingo (7), nos autoriza a cometer.

Thiago Dias é repórter do PIMENTA e do Jornal das Sete (Morena FM 98.7).

Bebeto e Jerônimo: vice-prefeito não esconde desejo de governar Ilhéus || Foto PMI
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“Assegurar o apoio de Marão é o que falta ao vice-prefeito para manter-se na pole position”. 

Thiago Dias

O comentário político popularizou a metáfora da eleição como corrida. A imagem retrata bem a correria de um processo cada vez mais caro e curto, feito prova rasa de atletismo, mas com dinheiro no lugar da explosão dos músculos.

Aliás, talvez a Fórmula 1 ofereça alegoria mais precisa às eleições. Nela, ao invés de juntos, os competidores largam em posições distintas. O pole position, quase sempre, dirige o melhor carro, que costuma pertencer a equipe das mais ricas.

Não dá para dizer que o vice-prefeito Bebeto Galvão guia uma Ferrari na corrida eleitoral de Ilhéus, porém, hoje, na base do Governo Jerônimo Rodrigues, é o melhor posicionado para a disputa do Executivo em 2024.

Ex-deputado federal e ainda na suplência do senador Jaques Wagner (PT-BA), Bebeto exerce liderança regional no PSB, foi importante para a reeleição do prefeito Mário Alexandre (PSD) e assegurou legenda viável para a eleição da primeira-dama Soane Galvão a deputada estadual – uma socialista improvável, mas eleita. O vice-prefeito também carrega o traquejo da luta sindical e tornou-se interlocutor privilegiado dos trabalhadores com o capital da indústria pesada. Essas não são credenciais vulgares.

Uma digressão. Certa vez, um quadro importante do PT ilheense disse a este comentarista que, ao questionar Wagner sobre a possibilidade de o partido ter candidatura a prefeito de Ilhéus, ouviu o ex-governador afirmar que essa discussão passava, necessariamente, por uma conversa com o ex-prefeito Jabes Ribeiro. Corria o ano de 2019. À época, o PP de Jabes era aliado importante da base do Governo Estadual. Hoje, parafraseando a resposta atribuída a Wagner, Mário Alexandre é o sujeito político incontornável desse debate.

Bebeto e Marão, em ocasiões diferentes, afirmaram a este PIMENTA que ainda não conversaram sobre as eleições de 2024 (relembre aqui e aqui). Como sequer estamos no ano do pleito, ambos parecem respeitar a diplomacia partidária, evitando precipitar o debate na esfera pública. De todo modo, é certo que o prefeito terá voz influente na escolha desse ou daquele nome como representante da base. Assegurar o apoio de Marão é o que falta ao vice-prefeito para manter-se na pole position.

CORRENDO POR FORA

Adélia pode ameaçar posição de Bebeto na corrida ilheense || Redes Sociais/Reprodução

Contudo, há outro nome forte na base de Jerônimo que pode se tornar viável para a disputa da Prefeitura de Ilhéus. Trata-se da secretária estadual de Educação, Adélia Pinheiro. O presidente local do PT, Ednei Mendonça, em mais de uma ocasião, manifestou o desejo de ver Adélia candidata pelo partido.

Além disso, o nome da secretária é visto com bons olhos em diferentes segmentos sociais. Há quem diga que, na missão Ilhéus, ela teria apoio do governador Jerônimo Rodrigues e do ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, braço direito do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Com a Reitoria da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc) e três secretarias de Estado no currículo, Adélia também ostenta credenciais de peso e pode ameaçar a pole de Bebeto.

Thiago Dias é repórter e comentarista do PIMENTA.

Ônibus sem freio escorados nas ladeiras do Basílio e da Conquista, em Ilhéus || Fotos Redes Sociais
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“Colocar a alternativa da municipalização do transporte no horizonte político de Ilhéus pode ser a estratégia que falta aos que tentam melhorar esse serviço público”.

Thiago Dias || diasalvest@gmail.com

Incidente com ônibus de transporte coletivo, em Ilhéus, é mato. Agora mesmo, um busão lotado pode estar sem freio no alto de uma das tantas ladeiras da cidade, como as ocorrências registradas nos dias 1º e 9 deste mês.

Nos dois casos, a competência dos motoristas evitou o pior. Ambos pensaram rápido e agiram com destreza para escorar os veículos nos barrancos das ladeiras do Basílio e da Conquista. É o tipo de ação definida em fração de segundo e executada com a experiência de anos.

Se não bastasse a perícia, os dois trabalhadores não hesitaram em lançar na encosta a parte dianteira dos ônibus, do lado do motorista. A avaria no ônibus da São Miguel, envolvido no incidente da Conquista, sugere a força do impacto daquela manobra.

A pandemia atingiu em cheio diversas atividades econômicas. A deterioração dos serviços de transporte público não é privilégio de Ilhéus. Basta olhar para municípios que ficaram meses sem ônibus, caso de Itabuna. Mas, se o problema é comum nas cidades do país, é preciso enfrentar suas particularidades em cada uma delas.

Sabemos que Ilhéus, com seu território de velha capitania, tem dezenas de estradas vicinais. As ruas da sede estão esburacas e quase não têm sinalização de trânsito. Tudo isso agrava as condições em que o serviço de transporte é oferecido às pessoas. Junte-se a esse cenário ônibus caindo aos pedaços; indiferença da classe política e dos órgãos de controle externo; e desprezo dos empresários do transporte. Pronto, temos os personagens e o enredo de uma tragédia anunciada, com ensaios diários nas ruas.

Justiça seja feita, um ou outro agente político agita o debate sobre o transporte, mas, até aqui, faltam consequências para essa agitação, com benefícios aos usuários do serviço. Cidades brasileiras têm experiências de sucesso com a gestão direta do setor. Colocar a alternativa da municipalização do transporte no horizonte político de Ilhéus pode ser a estratégia que falta aos que tentam melhorar esse serviço público.

Thiago Dias é repórter e comentarista do PIMENTA.

Lula e Ciro em encontro no final de 2020: petista pode seduzir eleitor do adversário com propostas
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Mesmo sem apoio do pedetista, que, naturalmente, não vai declarar voto no adversário, o exemplo do acordo com Marina mostra que Lula pode piscar para o eleitorado de Ciro com recursos mais sedutores do que o mero apelo ao voto útil.

Thiago Dias

Ciro Gomes é dos melhores quadros políticos do Brasil, como provou nas oportunidades em que esteve à frente de cargos importantes. Seu poder analítico e sua capacidade propositiva são raros. Conhece os problemas históricos do Brasil e tem propostas factíveis para superá-los, ainda que sujeitas a críticas à esquerda, das quais nenhuma chapa com Alckmin na vice poderia escapar.

Ressalto dentre essas críticas a ilusão de que a burguesia do Brasil, que presta continência à bandeira norte-americana, tenha qualquer interesse num Plano de Desenvolvimento Nacional, título da obra que reúne as propostas de Ciro – a caricatura viva da burguesia pátria é o Véio da Havan vestido de Louro José diante de uma réplica da Estátua da Liberdade!

Feita a ressalva, passo a quatro temas recorrentes no discurso do pedetista: justiça tributária, fim do teto de despesas com serviços básicos do Estado, regulação do sistema financeiro e mudança da política de preços da Petrobras.

Alguém contesta a necessidade de o país superar o caráter regressivo do seu sistema tributário? Eis a essência da reforma tributária proposta por Ciro.

Quem duvida da insustentabilidade de um teto de gastos que estrangula os já precários serviços públicos, enquanto as despesas com os serviços da dívida são as únicas sem limites?

Como discordar da constatação de que o sistema financeiro do país é oligopolizado, que impõe juros escorchantes num mercado de concorrência simulada e que, portanto, precisa ser regulado juridicamente e pressionado por fortes bancos estatais?

Até quando estados e municípios pagarão a conta para que a Petrobras mantenha patamares elevadíssimos de lucros para os acionistas, sem que isso implique em obrigar o brasileiro a pagar mais de 7 reais pelo litro da gasolina? Esse é um tema que saiu do radar momentâneo, mas voltará à baila na virada do ano.

O consenso sobre a necessidade de tais medidas, em qualquer debate honesto, deveria ser o ponto de partida da política nacional a partir de 2023, ao invés do rebaixamento da agenda a uma defesa da democracia em termos abstratos, que tem seu valor tático, mas é extremamente limitada para a luta da classe trabalhadora em meio ao tensionamento do conflito redistributivo.

Também é de Ciro a defesa de que o debate político supere o culto personalista e passe à discussão de projetos. O lado cruel dessa atitude republicana é que ela força o seu defensor a admitir que suas boas ideias podem ser aproveitadas pelo seu adversário político, neste caso, Lula, se o petista for eleito presidente pela terceira vez.

Dito isso, retomo a obviedade do título desse comentário. Se boa parte dos eleitores de Ciro está mais interessada na realização das reformas que ele propõe do que na vitória eleitoral do pedetista, racionais, esclarecidos e republicanos que são, é de se esperar que uma fatia considerável deles recebesse com bons olhos um compromisso de Lula com a agenda cirista.

Guardada a diferença crucial entre os contextos, algo parecido ocorreu com Marina, já que os eleitores da ex-ministra são instados a votar em Lula sob o apelo de um acordo programático em defesa de políticas ambientais.[

Mesmo sem apoio do pedetista, que, naturalmente, não vai declarar voto no adversário, o exemplo do acordo com Marina mostra que Lula pode piscar para o eleitorado de Ciro com recursos mais sedutores do que o mero apelo ao voto útil.

Thiago Dias é repórter e comentarista do PIMENTA.

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Bolsonaro não é idiota, repito, mas a população brasileira também não é e tem dado demonstrações inequívocas de sua sapiência: a próxima delas – e decisiva – será oferecida ao futuro da nação no dia 2 de outubro.

Thiago Dias

A forma de governo presidencialista concentra grande poder na Presidência da República. Isso é óbvio, mas a nossa época chegou ao rebaixamento de exigir, a todo instante, a reafirmação de obviedades, como sintoma da impossibilidade do consenso mínimo que a retórica bolsonarista impõe ao debate público. Quando a interlocução racional se torna impossível, impera a batalha pelo sentido da história. Nessa guerra, importam os eventos desde o passado remoto aos da última manhã.

As ideias introduzidas acima podem ser demonstradas pelos padrões da estratégia discursiva de Bolsonaro, que é sofisticada. Quanto a isso, vale ressaltar que o presidente não é idiota nem louco e, no campo ideológico, mantém coerência radical, pois sabe exatamente quais são os interesses que defende. Também é capaz de cultivar relação favorável ao seu governo no Congresso, com o preço que conhecemos.

O que Bolsonaro não consegue, apesar das tentativas diárias, é se livrar das responsabilidades do presidente da República e dos efeitos políticos do seu fracasso na gestão econômica, que agrada muito ao mercado financeiro, mas castiga os trabalhadores e as pequenas empresas.

Quando o trabalhador sente o peso enorme da inflação toda vez que põe a mão no bolso, aflora o doloroso sentimento de que a vida está mais difícil agora, após três anos e meio de governo Bolsonaro, do que na época dos tão criticados governos Lula e Dilma.

Por ironia da história, a Petrobras, mesmo assaltada por execráveis esquemas de corrupção, mantinha política de preços muito mais favorável ao desenvolvimento das forças produtivas do país. Não se trata de passar pano nos malfeitos, que devem ser combatidos com o rigor imparcial da Justiça, a questão é observar as diferenças das políticas implementadas na estatal por cada governo e as consequências delas para a nação. E não precisa ser petista para reconhecer isso.

Está aí Ciro Gomes que, diariamente, entre uma crítica e outra ao PT, lembra que a política de preços da Petrobras foi praticamente a mesma de 1954 a 2016, ano do golpe parlamentar na ex-presidente Dilma Rousseff.

O caso dos combustíveis não impõe a primeira derrota a Bolsonaro na sua guerra contra os consensos da República. Ele já perdeu a batalha das vacinas, por exemplo. Importante notar que, nos dois casos, a materialidade dos temas em questão dificulta a tentativa retórica de ruptura com a realidade. A eficácia e a segurança das vacinas contra a Covid-19 se transformaram em realidades sólidas demais para contestações simplistas.

O mesmo vale para o preço do tanque de combustível na bomba: é real demais para sofismas delirantes sobre o ICMS e “a culpa dos governadores”. As pessoas também são capazes de perceber os impactos dos preços dos combustíveis na inflação dos alimentos, que é menor para quem ganha a partir de cinco salários mínimos – único estrato econômico que dá liderança a Bolsonaro nas pesquisas eleitorais.

Como não é idiota, Bolsonaro faz barulho. Culpa a Petrobras. Troca presidente. Ameaça privatizar a estatal. No desespero, já faz o cálculo para saber se, agora, vale a pena uma briguinha com os acionistas minoritários da estatal para segurar os preços, pelo menos, até outubro.

Sabemos que nada disso próspera, porque o clima é de butim. A Petrobras é gerida como se não houvesse amanhã. Dos R$ 106 bilhões que lucrou em 2021, reservou menos de R$ 5 bilhões para investimentos e distribuiu o restante para os acionistas.

Também foi escolha de governo acelerar a venda de refinarias e não ampliar a capacidade de refinamento do petróleo. Agora, segundo a Federação Única dos Petroleiros, o Brasil corre risco de desabastecimento de diesel, pois há escassez de oferta no mercado internacional e o país importa 25% do necessário para suprir a demanda interna, mesmo estando entre os 12 maiores produtores mundiais da matéria-prima do combustível.

Bolsonaro não é idiota, repito, mas a população brasileira também não é e tem dado demonstrações inequívocas de sua sapiência: a próxima delas – e decisiva – será oferecida ao futuro da nação no dia 2 de outubro.

Thiago Dias é repórter e comentarista do PIMENTA.

Leão rompe com o PT, abraça Neto, foge de Bolsonaro e tenta colar em Lula || Foto Divulgação
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Entusiasta declarado do binômio Lula-Neto, o progressista quer o melhor dos dois mundos. Todavia, até onde se sabe, o nome de Lula para o Senado é o do senador Otto Alencar (PSD), que tentará a reeleição.

 

Thiago Dias

Na entrevista coletiva que concedeu nesta quinta-feira (17), ao lado de ACM Neto (UB), João Leão (PP) disse que sente “cheiro de vitória” exalando da pré-candidatura do recém-aliado. O vice-governador repetiu que Neto vencerá a eleição ao governo baiano no primeiro turno.

A ênfase dada ao favoritismo de Neto revela o quanto o “cheiro de vitória” pesou no rompimento do PP com a base do governador Rui Costa (PT).

O favoritismo de Lula na corrida presidencial também estimula o instinto político de Leão, que oficializou sua pré-candidatura ao Senado e reafirmou apoio ao petista na disputa do Palácio do Planalto.

A elasticidade tem propósito. Enquanto rompe com o PT baiano e convive tranquilamente com o apoio irrestrito do PP ao governo Bolsonaro, Leão vai apoiar Lula na Bahia, onde a rejeição ao presidente da República, principal adversário do petista, é altíssima.

Entusiasta declarado do binômio Lula-Neto, o progressista quer o melhor dos dois mundos. Todavia, até onde se sabe, o nome de Lula para o Senado é o do senador Otto Alencar (PSD), que tentará a reeleição.

Na mesma coletiva, Neto aproveitou o embalo e largou um truísmo. Segundo ele, sendo pré-candidato ao Governo da Bahia, não pode ser adversário de Lula, que disputará outro cargo.

O mesmo vale para os outros presidenciáveis, disse o ex-prefeito de Salvador, que, em 2018, apoiou Bolsonaro (PL) no segundo turno e, nos últimos anos, não manifestou incômodo com a participação considerável de parlamentares do DEM – partido extinto que presidiu até 2021 – na base do governo federal.

Diferente de Leão, Neto não declarou voto em Lula e resgatou o mantra de que um pleito estadual não é determinado pela eleição presidencial. Azarão recém-lançado no páreo, o pré-candidato do PT ao governo da Bahia, Jerônimo Rodrigues, tem outra visão sobre a influência de Lula na disputa baiana, certamente.

Thiago Dias é repórter e comentarista do PIMENTA.

Jaques Wagner e Rui Costa: unidade da base governista passa por acerto dos amigos de longa data
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Se a ideia de ficar sem mandato incomoda Rui, o governador também não parece disposto a se candidatar novamente a deputado federal, alternativa que resolveria quase todos os problemas da coalizão governista no estado e, de quebra, teria força para turbinar a chapa proporcional do PT de forma avassaladora.

 

Thiago Dias

É tradição que governadores populares postulem cadeira no Senado. Tradições, naturalmente, não vinculam os agentes políticos, ainda que exerçam influência sobre seus movimentos.

O ex-governador Jaques Wagner (PT), por exemplo, só foi eleito senador em 2018, quatro anos após deixar o Palácio de Ondina. Nas eleições de 2014, o grupo governista escalou Otto Alencar (PSD) e garantiu a única vaga ao Senado.

O cenário atual tem elementos parecidos com o de 2014. Um governador popular no fim do segundo mandato, Rui Costa (PT), e apenas uma cadeira para a Câmara Alta, novamente pleiteada por Otto.

Até o início da semana passada, quando lideranças governistas da Bahia se reuniram com Lula em São Paulo, o roteiro de 2014 parecia consolidado para 2022. A chapa majoritária teria um petista candidato a governador, Wagner, com Otto disputando a reeleição e o PP indicando o candidato a vice-governador.

Ainda durante a reunião daquela terça-feira (15), surgiu a especulação de mudanças à vista, sugerindo a retirada da pré-candidatura de Wagner, que seria substituído por Otto como candidato a governador, abrindo caminho para Rui se candidatar ao Senado. Uma semana depois, ficou claro que as possíveis alterações da composição da majoritária não agradam a Wagner nem a Otto, além de Gilberto Kassab, presidente do PSD, que chamou a hipótese de “punição”.

E a Rui, agradariam? Ao que tudo indica, sim, pois é o próprio governador quem se coloca à disposição dos aliados para ser candidato ao Senado ou se manter no governo até o final da gestão (veja aqui).

A tradição política não torna atraente a governadores a possibilidade de disputar vaga para a Câmara dos Deputados, já que, para estes, o caminho natural é mesmo o do Senado. No entanto, se a ideia de ficar sem mandato incomoda Rui, o governador também não parece disposto a se candidatar novamente a deputado federal, alternativa que resolveria quase todos os problemas da coalizão governista no estado e, de quebra, teria força para turbinar a chapa proporcional do PT de forma avassaladora.

Thiago Dias é repórter e comentarista do PIMENTA.

Jair e Michel Bolsonaro durante o pronunciamento de Natal
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Se pudesse, Bolsonaro teria repetido aos brasileiros o que disse aos norte-americanos naquele jantar. “O Brasil não é um terreno aberto onde nós pretendemos construir coisas para o nosso povo”. No Natal de 2021, a frase soa ainda mais sincera e tenebrosa.

 

Thiago Dias

Difícil recordar ocasião em que Jair Bolsonaro tenha sido mais sincero do que naquela noite de março de 2019, início do seu governo, quando a embaixada brasileira em Washington ofereceu jantar a extremistas dos Estados Unidos. O trecho mais didático do discurso merece transcrição:

– O Brasil não é um terreno aberto onde nós pretendemos construir coisas para o nosso povo. Nós temos é que desconstruir muita coisa. Desfazer muita coisa. Para depois nós começarmos a fazer. Que eu sirva para que, pelo menos, eu possa ser um ponto de inflexão, já estou muito feliz –.

Até aqui, Bolsonaro honra com mérito marcial a palavra-chave daquele discurso. Quem duvida da desconstrução a que submete o país? Importante deixar claro que estamos diante de um eufemismo: destruição é espécie de desconstrução.

Bolsonaro pode se orgulhar das obras da sua arquitetura da destruição, que alcançam as esferas pública e privada da vida brasileira, nas dimensões material – com a produção da morte em larga escala – e subjetiva, com a degradação dos espaços de consensualidade política. A superação das formas de subjetividade forjadas pelo temperamento belicoso exigirá tanto esforço e tempo quanto a recuperação econômica do país.

Esboço a hipótese de que o “ponto de inflexão” resultado do governo Bolsonaro, neste massacre contínuo de três anos, é o desvelamento das contradições inconciliáveis, que impossibilitam o diálogo e desativam o caráter mediador da palavra. Um bom exemplo para o que afirmo vem da editoria cotidiana. Na véspera do Natal de 2021, os sites dos grandes jornais brasileiros apresentavam receitas para viabilizar o convívio em família – ignorar Bolsonaro é único ingrediente que aparece em todas as fórmulas.

Se o presidente deve ser ignorado no jantar em família, a Presidência da República é assunto incontornável do debate público, e ele está lá, no moto-contínuo que paralisa os indignados pelo cansaço da tensão incessante.

A breve pausa do terror é o pronunciamento de Natal. Na tela, ele não faz esforço para fingir que não lê o teleprompter. Ao contrário, esforça-se para demonstrar que cumpre o protocolo de maneira desconfortável; para deixar claro que o palavreado caridoso e o terno não lhe caem bem, como se dissesse: “Alguém escreveu e mandou que eu lesse. Tirei apenas a frase de solidariedade aos enlutados da pandemia”.

Se pudesse, Bolsonaro teria repetido aos brasileiros o que disse aos norte-americanos naquele jantar. “O Brasil não é um terreno aberto onde nós pretendemos construir coisas para o nosso povo”. No Natal de 2021, a frase soa ainda mais sincera e tenebrosa.

Thiago Dias é repórter e comentarista do PIMENTA.

Wagner fez profecia ao ironizar foto de Bolsonaro abraçado com ACM Neto em 2019: "pagará preço político"
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O tempo deu razão ao Galego. A foto daquele abraço risonho no bolsonarismo é uma peça de campanha contra Neto. Dessas que valem outdoor.

Thiago Dias

Todo mundo sabe que ACM Neto se esforça para reduzir o impacto da corrida presencial sobre a eleição baiana. A missão do pré-candidato a governador é duríssima.

Nas primeiras consultas ao eleitorado, o efeito Lula começa a ganhar contorno assombroso para o democrata. Colado ao ex-presidente, Wagner, seu principal adversário, cresce muito nas sondagens de voto, e o ex-governador nunca perde a oportunidade de lembrar ao mundo que é amigo de Lula há 40 anos.

Declaração recente de Flávio Bolsonaro não ajuda o ex-prefeito de Salvador. O filho 01 do presidente disse que o apoio de Neto é cobiçado por seu pai (de novo).

Quem não sabe?

Neto escolheu Jair Bolsonaro no segundo turno de 2018. Agora, o capitão quer outro abraço pra foto, feito aquele de abril de 2019. Na época, um Wagner irônico profetizava: “Eles estão se identificando. Aí depois Neto pagará o preço político disso perante o povo de Salvador e da Bahia”.

O tempo deu razão ao Galego. A foto daquele abraço risonho no bolsonarismo é uma peça de campanha contra Neto. Dessas que valem outdoor.

Thiago Dias é repórter e comentarista do PIMENTA.

Município está na 2ª semana sem coleta regular de lixo
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No meio dessa sujeira toda, a Prefeitura de Ilhéus bem que poderia aproveitar a oportunidade de investir num programa robusto de coleta de material reciclável, acompanhado por campanha educativa de incentivo à separação dos resíduos domésticos.

Thiago Dias

Um velho chavão diz que uma crise também pode ser transformada em oportunidade. O clichê vale para o colapso da coleta de lixo de Ilhéus, provocado pela dificuldade da Prefeitura de gerir o serviço público com eficiência.

Os montes de lixo se formam e crescem nas ruas, enquanto o governo municipal patina na substituição da empresa terceirizada. Esse cenário medonho e fedorento é registrado em fotografias e vídeos para a posteridade e as eleições vindouras.

No meio dessa sujeira toda, a Prefeitura de Ilhéus bem que poderia aproveitar a oportunidade de investir num programa robusto de coleta de material reciclável, acompanhado por campanha educativa de incentivo à separação dos resíduos domésticos.

Negócio limpo, rentável e sustentável, um programa de coleta amplo e eficiente ainda daria visibilidade positiva a Ilhéus.

A empreitada, naturalmente, deve incluir a Coolimpa (Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis de Ilhéus).

Tudo isso no bojo da elaboração do Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, superando o modelo atual de descarte de resíduos, que só alimenta contratos públicos caros e condena o território de Itariri ao desastre ambiental do lixão.

Thiago Dias é repórter e comentarista do PIMENTA.

O ministro Luiz Fux, presidente do STF, e o presidente da República: raro momento de respeito de Bolsonaro à obrigatoriedade do uso de máscara, durante ato no Plenário do Supremo || Foto Marcos Corrêa/PR
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Bolsonaro testará continuamente a capacidade do Poder Judiciário de limitar suas investidas contra a ordem constitucional. Essa disposição para o ataque tende a se manter diante das pesquisas eleitorais, que desenham um cenário improvável para a reeleição do presidente.

Thiago Dias

No dia 22 de maio de 2020, durante reunião com os generais Walter Braga Neto e Luiz Eduardo Ramos, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) gritou aos interlocutores que interviria no Supremo Tribunal Federal (STF). Estava furioso pois, no dia anterior, o então decano da Corte e hoje ex-ministro Celso de Mello perguntou à Procuradoria-Geral da República (PGR) se havia a necessidade de apreender os celulares de Bolsonaro e do seu segundo filho, o vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos). O episódio foi reconstruído por reportagem de Monica Gugliano para a revista piauí.

Na semana passada, o ex-ministro da Defesa Raul Jungmann disse à revista Veja que Bolsonaro determinou que caças Gripen, da Força Aérea Brasileira (FAB), sobrevoassem o prédio do STF em velocidade supersônica para destruir as vidraças da Corte. O pedido teria sido a gota d’água para a troca de comando das Forças Armadas, em março último, quando os comandantes Antônio Carlos Moretti Bermudez (FAB), Edson Pujol (Exército) e Ilques Barbosa (Marinha) deixaram os cargos.

Se o que o ex-ministro diz é verdade, a saída dos comandantes foi um limite imposto ao poder do presidente, ato de insubordinação justificado pela ilegalidade da ordem desacatada. Para usar a analogia preferida de Bolsonaro, os comandantes teriam saído do jogo porque não aceitaram jogar fora das quatro linhas da Constituição. Resta perguntar se os substitutos aceitam.

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CPI da Pandemia hesita em convocar ministro da Defesa, Braga Netto, que foi ministro da Casa Civil nos piores momentos da crise sanitária
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Durante o ano mais longo da história do Brasil, o general Braga Netto foi protagonista na construção das respostas desastrosas da Presidência à crise sanitária. Nesta condição, portanto, nada mais natural que depor à CPI.

Thiago Dias

A CPI da Pandemia tem um bom teste de coragem política: o requerimento da convocação do ministro Braga Netto para depor. A matéria deveria ter sido votada no último dia 3, mas a comissão decidiu adiá-la por tempo indeterminado.

O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), autor do requerimento, fez questão de reapresentá-lo, enfatizando que a ida de Braga Netto à comissão é relevante, pois ele foi ministro da Casa Civil, onde ficou de fevereiro de 2020 a março de 2021.

O argumento é incontestável. A Casa Civil é a antessala institucional da Presidência da República. Tem atribuições centrais no assessoramento direto do presidente e na integração das ações do governo. Durante o ano mais longo da história do Brasil, o general Braga Netto foi protagonista na construção das respostas desastrosas da Presidência à crise sanitária. Nesta condição, portanto, nada mais natural que depor à CPI. O fato de ser um militar no comando do Ministério da Defesa é alheio aos critérios da investigação.

Se desistir de convocá-lo, a CPI passará recibo de medo das ameaças golpistas de Bolsonaro, o que pode dar força às intenções já declaradas do presidente.

A desculpa de que a convocação tencionaria a crise institucional entre os três Poderes não cola (quem faz isso o tempo todo é o presidente), a não ser que prevaleça a loucura dos que atribuem às Forças Armadas o papel de poder moderador da República.

Thiago Dias é repórter e comentarista do PIMENTA.

Isaquias faz o Kamehameha no pódio de Tóquio || Foto Franck Robichon/EFE
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Thiago Dias

Quem visita a Casa de Cultura Jorge Amado, em Ilhéus, vê artigos que pertenceram ao escritor. Lá estão uma máquina de escrever Olivetti, livros, móveis e camisas com estampas florais. Uma das camisas é da marca Kamehameha e foi fabricada no Havaí, segundo a etiqueta da peça. Quando a vi, lembrei do canoísta ubaitabense Isaquias Queiroz. Para receber sua medalha de ouro nos Jogos de Tóquio, ele subiu ao pódio reproduzindo um gesto marcial do anime Dragon Ball, o Kamehameha.

Kamehameha, segundo a Wikipédia, também é o nome do rei que unificou os domínios das ilhas havaianas. Daí a referência na marca da camisa de Jorge. Já em Dragon Ball, Mestre Kame vive numa ilha do Oceano Pacífico, na companhia de uma tartaruga (kame, em japonês). É ele quem ensina o Kamehameha ao protagonista da história, o carismático Goku.

Camisa da marca Kamehameha exposta na Casa de Cultura Jorge Amado, em Ilhéus

Dragon Ball condensa elementos de diversas narrativas míticas, como a do gênio da lâmpada mágica (representado pelo dragão Shenlong) e a transformação dos saiayjins (povo do planeta Vegeta, onde Goku nasceu) no gigante Oozaru, que remete ao mito do lobisomem, especialmente por causa da relação com a lua cheia. Essa mistura deve ter favorecido o sucesso planetário e longevo da história, cuja primeira publicação data de 1984. Outro elemento central, naturalmente, é o carisma do protagonista.

Isaquias tem a mesma simplicidade carismática de Goku, sem falar na força, mas as semelhanças param aqui. Não há magia nas mãos do canoísta, e os treinos dolorosos de Goku são fictícios.

Na final olímpica da canoagem rápida, a explosão muscular que garantiu a média acima de 64 remadas por minuto, impulsionando a canoa brasileira para a vitória, foi o resultado de uma longa preparação, com dois ciclos olímpicos no caminho. Em mais de uma ocasião, entrevistado em Tóquio, Isaquias falou do quanto é doído manter o ritmo veloz e forte da remada. Com o perdão da cacofonia, herói mesmo é o Goku de Ubaitaba, que recebe a visita do filho ilustre neste sábado (14).

Thiago Dias é repórter e comentarista do PIMENTA.

Revisão do Plano Diretor de Ilhéus está atrasada há 5 anos || Foto Blog Agravo
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Além de ser uma desculpa inverossímil para a desídia, a ideia de que as discussões suscitadas por entidades civis atrapalha a tomada de decisão, no exercício do poder, é de uma violência antidemocrática típica do bolsonarismo mais radical, pois o espaço cívico também é uma floresta que o presidente quer desmatar.

Thiago Dias

Quando desistiu de erguer o novo presídio regional na Estrada do Chocolate, em outubro de 2019, a classe dirigente anunciou que a obra seria levada para as margens da Ilhéus-Itabuna. O assunto morreu ali. Agora, quase dois anos depois, nós, os governados, descobrimos que o recurso reservado para a obra, orçada em R$ 40 milhões, vai bancar a construção do presídio de Senhor do Bonfim.

A explicação dos governantes sobre a mudança de destino do dinheiro é genial. Segundo eles, Ilhéus perdeu o investimento por não ter definido logo o terreno do novo presídio. E, veja você, a demora é culpa dos questionamentos levantados, pela sociedade civil, contra as alternativas locacionais que os gestores foram capazes de oferecer.

Isso é dito na terra onde o poder público quer construir estações elevatórias de esgoto no meio de praças, além de um fórum no único espaço amplo de convivência e lazer da região central da cidade.

Isso é dito como se a classe dirigente sempre desse ouvidos aos setores organizados da sociedade, como se não batesse seu martelo, peremptoriamente, na hora de nos impor o que um decreto chama de “interesse público” – esse conceito abertíssimo.

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O vice-governador João Leão (PP), o ex-governador Jaques Wagner (PT), o senador Otto Alencar (PSD) e o espaço deixado pela saída de Fábio Vilas-Boas
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No fim das contas, a pouco mais de 4 meses de 2022, a saída de Vilas-Boas abre uma janela de oportunidade para a repactuação das forças governistas.

Thiago Dias

Depois de quase 7 anos à frente da Secretaria da Saúde do Estado, o médico Fábio Vilas-Boas deixa o cargo de forma melancólica. Ofendida pelo então secretário, a chefe de cozinha Angeluci Figueiredo deu-lhe uma resposta didática sobre os valores civilizatórios em disputa no nosso tempo. Ao publicar a lição, Angeluci tornou insustentável a permanência do cardiologista no governo Rui Costa. Contra a palavra bárbara, o decoro.

Fábio, pelo menos, pediu desculpas, que pareceram sinceras. Estava visivelmente abatido no vídeo em que se pronunciou sobre o caso. Apesar da melancolia da saída, serve-lhe de consolo um legado de expansão dos serviços de saúde na Bahia, com grande volume de investimento público em infraestrutura, foco na gestão terceirizada e incentivo de consórcios intermunicipais.

A resposta do governo estadual à pandemia de Covid-19 também merece reconhecimento. A Bahia tem a segunda menor taxa de mortos por 100 mil habitantes entre todos os estados brasileiros. Só o Maranhão registra taxa menor. Impossível não atribuir ao ex-secretário um papel importante nesse trabalho.

No mais, se a exoneração parece uma pena branda aos olhos de muitos, cabe lembrar que se trata de um cargo poderoso e central em tempos de pandemia.

Esse poder, é claro, interessa aos partidos que integram a base do governo estadual. No fim das contas, a pouco mais de 4 meses de 2022, a saída de Vilas-Boas abre uma janela de oportunidade para a repactuação das forças governistas.

Engajado na missão de voltar ao Palácio de Ondina, o ex-governador Jaques Wagner (PT) ganhou novas perspectivas para dialogar com os partidos aliados. Era a cadeira que faltava às acomodações da coalizão.

Thiago Dias é repórter e comentarista do PIMENTA.