Gustavo Atallah Haun | g_a_haun@hotmail.com
Está em moda de uns anos para cá se formar grupelhos civis para debater assuntos que dizem “pertinentes” à sociedade. Isso é uma coisa nova, que nos leva a algumas elucubrações, tais como: é interessante a formação disso para que mesmo?
Assistindo ao fantástico filme Batismo de Sangue (2008), pode-se perceber como a sociedade foi conivente com o absurdo da ditadura militar. Assistiam jogos da seleção tricampeã, esperavam ansiosos o milésimo gol de Pelé, alienavam-se em novelas sob as barbas dos carrascos déspotas Médici, Fleury, Dops, Doi – Codi, etc.
A população em geral nada sabia ou fingia nada saber do que acontecia nos porões do golpe de 69 até 85. Tudo isso com a conivência da Rede Globo, dos grupos Folha e Estadão. Ninguém se rebelou, ninguém quis mudar nada, ninguém pegou em armas para combater o atraso, a tortura, enfim, por liberdade! Poucos alunos secundaristas e universitários, meros amadores, juntos com “terroristas” como Lamarca, Mariguela ou alguns ex-militares, fizeram algo digno de nota.
E, no entanto, vemos o quanto a hipocrisia está no auge nos dias atuais… Algumas cabeças vazias, pequeno-burguesas, chateados – tadinhos! – com um ex-sindicalista, nordestino, de partido historicamente de esquerda, vêm à lume debater, discutir, opinar sobre políticas públicas, sobre política partidária, sobre governabilidade, sobre assuntos que tratam como ridícula quimera partidarista!
Não olham para o próprio umbigo, não vêem – já que a maioria desses grupinhos bobos são coligados à eterna direita, olhem as biografias deles – o que já fizeram no Brasil, os absurdos que já cometeram, as oligarquias formadas que até hoje emperram uma revolução cultural em nosso povo. No fundo, o que querem são cargos de confiança, dinheiro do erário, lapidação pública, porque política para esses senhores são apenas conivências socais empregatícias.
Para que tais pentelhudos elitistas tenham alguma legitimidade frente ao que propõem, cadê os representantes do povo? Cadê os representantes dos bairros, das comunidades, dos movimentos sociais, dos sindicatos? Esses encontrinhos em churrascarias, bares e restaurantes são nada mais que uma garçoniere mental! Fraquíssima masturbação intelecto-conservadora de prosopopéias para acalentar bovinos!
Deveriam, isso sim, visitar favelas, subir morros, ver a quantas anda a política municipal, que nada faz pelos muitos bairros pobres que pululam em nossas cidades. Deveriam prestar serviço social de graça, ralar com a base da pirâmide societária, que é a mais carente e necessitada. Deveriam ir dar aula nas escolas públicas desse chão. Deveriam fazer o que fez o “imprestável” Lula, que elevou 20 milhões de pessoas de classe social no Brasil.
Queridos, vocês estão na contramão da história! É só olhar ao redor e ver o que faz Evo, Chávez, Corrêa. Mas sei o que vocês pensam e desejam: festinhas regadas a uísque, cocaína e putas, à la Berlusconi.
Gustavo Atallah Haun é professor