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O PIMENTA agradece as centenas de manifestações de solidariedade ao jornalista Luiz Conceição, profissional deste blog e que foi vítima de ação estúpida do secretário de Indústria, Comércio e Turismo, Carlos Leahy, no último sábado, 14, 

Não esperávamos outra atitude de pessoas, blogs, sites e entidades que defendem a liberdade de imprensa e de informar e condenam a arrogância e prepotência perpetradas pelo secretário.

Temos aqui o cuidado de não misturar as coisas, mas o silêncio governamental em relação a quem coage, intimida, retém material de jornalista pode ser revelador. 

Assusta-nos que até agora o prefeito Capitão Azevedo não tenha se pronunciado publicamente sobre o assunto nem adotado medidas sérias (!) para prevenir novas ações e reprimir o secretário Carlos Leahy.

Para além do coagir, lembremos que o secretário deletou a entrevista concedida pelo prefeito ao jornalista. A disputa eleitoral está só no começo. O silêncio é incentivador de práticas como a ocorrida no final de semana.

Davidson Samuel

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– Assassinos e mandantes tiveram proteção do aparato policial

Valéria, Denise, Wagner e Marcel: reparação à morte de Manuel Leal (Foto Manu Dias).

A família do jornalista e proprietário do jornal A Região, Manuel Leal, assassinado em 14 de janeiro de 1998 em Itabuna, recebeu das mãos do governador Jaques Wagner a indenização de R$ 100 mil recomendada pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), da Organização dos Estados Americanos (OEA), num ato ocorrido há pouco, no CAB.

Participaram do ato na governadoria os filhos Marcel e Valéria Leal e a superintendente da Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, Denise Tourinho. O governador baiano disse que “a indenização não devolve a vida do jornalista, mas é um passo a mais contra a impunidade no estado”.

A indenização é paga no Dia do Jornalista, 7 de abril. Também é um reconhecimento do estado de sua inoperância (ou negligência) no caso. Todas as investigações, sejam policiais ou conduzidas pela própria família, apontavam para uso do próprio aparato policial do estado para proteger mandantes e assassinos.

Leal morreu quando denunciava irregularidades na prefeitura de Itabuna (Foto Arquivo).

Manuel Leal foi assassinado quando chegava à sua residência, no bairro Jardim Primavera, em Itabuna, há 12 anos. Três homens desceram de uma caminhonete GM Silverado e executaram o jornalista com seis tiros. Apesar da residência de Leal estar situada entre o complexo policial de Itabuna e o 15º Batalhão da Polícia Militar, e a menos de 400 metros de um e de outro aparelho policial, ninguém foi preso.

A investigação se arrastou por muito tempo e registrou vários “equívocos” de delegados do caso, dentre eles Jacques Valois Coutinho, Gilberto Mouzinho e Raimundo Freitas, e o promotor público Ulisses Campos Araújo. Apenas um dos apontados como executores do jornalista chegou a ser preso, o ex-agente da polícia civil Monzar Brasil, que foi demitido da Secretaria de Segurança Pública da Bahia em 4 de dezembro do ano passado.

O inquérito do  caso deverá ser reaberto. Dos apontados como envolvidos na execução, também foi a júri o ex-presidiário Marcone Sarmento, que acabou sendo absolvido por um conselho de sentença formado por parentes do ex-prefeito e ex-deputado Fernando Gomes e funcionários da prefeitura de Itabuna à época. Dias antes do assassinato, Leal recebeu ameaças de assessores diretos do prefeito, o que fez aumentar as suspeitas da autoria do atentado à liberdade de imprensa.

Fernando era sempre citado no rol de mandantes do crime contra Leal, assim como a ex-secretária de Governo Maria Alice Pereira Araújo e o delegado da polícia civil, Gilson Prata. Marcone tinha ligações com Maria Alice e Fernando Gomes. Hoje ele é funcionário do diretório itabunense do DEM e nega relação com o crime.

Leal foi um dos dez jornalistas e radialistas assassinados na Bahia nos anos 1990. Nenhum dos mandantes de crimes estão na cadeia. Em 1998, momentos depois da morte de Leal, o ex-governador Paulo Souto visitava Itabuna e afirmava que esclarecer o crime era “uma questão de honra” para o estado. Não esclareceu.