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Mariana Benedito || mari.benedito@outlook.com

 

Sri Prem Baba, um mestre espiritual brasileiro, tem uma frase que diz que o perdão é uma flor que nasce de sementes de compreensão. É a gente procurar identificar as nossas próprias contradições, se mover na direção de ultrapassar os obstáculos da mágoa e do ressentimento, deixando esses pesos desnecessários para trás e plantar sementes.

 

O perdão tem um significado interessante no dicionário: ação através da qual uma pessoa está dispensada do cumprimento de um dever ou de uma obrigação por quem competia exigi-lo. Aí eu fico cá me perguntando e levo para você essa pergunta, amado leitor; no frigir dos ovos, a carga emocional é maior em quem exige que o outro faça algo de acordo com as suas expectativas ou em quem é dispensado de realizar uma ação que não lhe competia? Ou seja, trocando em miúdos, a densidade que a falta de perdão provoca é maior em quem alimenta o ressentimento ou em quem a gente joga a culpa pelos infortúnios da vida? É que nem aquele ditado: tomar veneno esperando que o outro morra.

Mas aí, meu caro, a gente entra em três vertentes quando fala em perdão: perdoar alguém – dispensar essa pessoa de cumprir algo que a gente acha que ela deveria cumprir; pedir perdão quando temos consciência que magoamos, entristecemos ou machucamos alguém e o autoperdão.

Como tudo nessa vida, a gente só dá ao outro o que tem cultivado e semeado dentro da gente. Quantas vezes a gente se culpa, se pune, se condena por ter agido de determinada forma, por ter caído em determinada situação que já era para ter aprendido a desviar, por ter dito palavras duras em algum momento de ira. Eu, sinceramente, acredito que o fato de a gente ter a percepção que escorregou na casca de banana já é um progresso! A gente ter o discernimento para identificar quando exagera no tom, nas palavras, na reação, na atitude já demonstra que nós estamos atentos. O autoperdão perpassa pelo entendimento de que fazemos o melhor com as ferramentas que temos, mas ainda estamos em aperfeiçoamento – e estaremos por toda a vida. Quando a gente se perdoa, a gente compreende, se liberta e se compromete em fazer melhor da próxima vez.

Você já experimentou pedir perdão? Quando a gente entende que cometeu alguma coisa que prejudicou o outro, magoou, machucou, feriu, entristeceu e se arrepende disso, de forma sincera e verdadeira, essa é a porta para que nós deixemos de lado a culpa e nos libertemos de carregar esse pacote tão pesado. Todo mundo na face desse planetão já machucou alguém, talvez a gente não admita isso com tanta facilidade por medo, vergonha de imaginar que a gente pode ser canal de coisas não tão legais, também; mas a grande chave disso tudo é perceber que errou, se arrepender, abrir o coração pro outro e pedir perdão. Faça a experiência, comece o movimento. Se abra para ele.

E perdoar alguém? Isso requer maturidade de nossa parte. Porque o perdão não é algo racional, consciente, forçado. Não é com a mente que a gente perdoa. E isso vai além do entendimento, é quando a gente aceita que todo mundo erra, todo mundo comete falhas e, das duas, uma: ou aquele que te machucou fez tentando acertar, mas não foi condizente com as suas expectativas – e aí a coisa tem mais a ver com você do que com o outro – ou aquele que te ofendeu também está passando por dores, mágoas e a única maneira que possui é colocar toda essa dor para fora ferindo outras pessoas – aí entramos na área da compaixão.

Percebe? Sri Prem Baba, um mestre espiritual brasileiro, tem uma frase que diz que o perdão é uma flor que nasce de sementes de compreensão. É a gente procurar identificar as nossas próprias contradições, se mover na direção de ultrapassar os obstáculos da mágoa e do ressentimento, deixando esses pesos desnecessários para trás e plantar sementes.

Elas florescerão!

Mariana Benedito é psicanalista em formação, MBA Executivo em Negócios, pós-graduada em Administração Mercadológica e consultora de Projetos da AM3–Consultoria e Assessoria.