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Domingos Matos2Domingos Matos | matos.domingos@gmail.com

Os produtores queimam cacau hoje, em protesto contra a importação do produto da África, porque os nossos armazéns estão abarrotados. O que temos de amêndoas aqui dá – de sobra – para atender a planta moageira instalada no país. Isso é autossuficiência.

No dia em que o presidente da Venezuela Hugo Chavez fez a viagem, e o mundo viu a população em peso nas ruas chorando sua morte, poucas horas antes, em Ilhéus, um protesto contra a importação de cacau pelas indústrias moageiras instaladas no Brasil também chamou a atenção do país.
O leitor deve estar se perguntando o que teria a ver El Comandante com o protesto em Ilhéus. Muita coisa, diria. Uma, importantíssima: os dois fatos – o luto dos venezuelanos e o luxo de se queimar cacau na rua – derivam de uma ação política.
Da parte de Chavez, sabemos que sua popularidade veio da execução de um projeto (social) que fez com que o país auferisse ganhos econômicos e sociais bastante expressivos.  No sul da Bahia, o fato – repito – luxuoso de se queimar cacau em praça pública também só é possível porque houve, antes disso, um projeto, gestado, implantado e gerido a partir de uma ação política, visando um resultado que beneficiasse toda a sociedade.
Esse projeto foi parido dentro da Ceplac, divulgado com antecedência, e hoje permite que a região possa dizer que já não precisa de cacau importado. Falo aqui do projeto “Autossuficiência com Sustentabilidade”, oficializado no Dia Internacional do Cacau, no auditório da Ceplac, mas que foi apresentado ao ex-ministro Geddel Vieira Lima em janeiro de 2012 pelo superintendente da Ceplac/Bahia, Juvenal Maynart, em conjunto com o chefe do Centro de Pesquisas do Cacau, Adonias de Castro.
Lembremos que dias antes da oficialização, a Ceplac voltava, vitoriosa, de sua participação na conferência da ONU para a sustentabilidade, a Rio+20, onde o cacau da Bahia foi inserido no documento oficial do governo brasileiro para as Nações Unidas como uma das premissas para a sustentabilidade, capaz de contribuir para a diminuição da fome e das desigualdades no país (o cacau cabruca foi consignado como a nona das 10 premissas do MAPA para uma agricultura sustentável).
Pois bem. A safra de 2012 na Bahia bateu 154 mil toneladas – segundo consultoria independente – e a desse ano tem previsão de ultrapassar as 160 mil toneladas. Ora, os produtores queimam cacau hoje, em protesto contra a importação do produto da África, porque os nossos armazéns estão abarrotados. O que temos de amêndoas aqui dá – de sobra – para atender a planta moageira instalada no país. Isso é autossuficiência. E essa autossuficiência foi prevista como uma ação política, direcionada para a sociedade regional.
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Ceplac fala em autossuficiência na produção de cacau.

O desafio da autossuficiência nacional na produção de amêndoas de cacau, assim como a sustenbilidade da lavoura, são temas do Dia Internacional do Cacau, que esse ano teve as comemorações transferidas pela Ceplac para o próximo domingo (15) – o dia oficial é o primeiro domingo do mês de junho.

O projeto “Cacau: Autossuficiência com Sustentabilidade” será apresentado a cacauicultores, autoridades e imprensa durante palestra no auditório do Cepac, na sede regional da Ceplac, no quilômetro 22 da BR-415, entre Ilhéus e Itabuna. A festa também vai homenagear os cacauicultores Destaque do Ano.

O Brasil tem déficit de 40 mil toneladas para atender à demanda da indústria moageira implantada no país. A autossuficiência, além das questões de equilíbrio da balança comercial, minimização dos riscos de desemprego na cadeia produtiva e aumento de ganhos econômicos para os produtores, ainda é essencial para reduzir as chances de introdução de doenças nas plantações nacionais.

O projeto que a Ceplac vai apresentar terá como um dos pilares o fortalecimento do cooperativismo e associativismo rural, com ênfase ainda na agricultura familiar. “Queremos, além da autossuficiência, a sustentabilidade do agronegócio cacau. A solução passa pela inclusão de todos, inclusive do fator meio ambiente”, observa o superintendente da Ceplac na Bahia, Juvenal Maynart.

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