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Luiz Caldas é precursor do axé (Foto Divulgação).
Luiz Caldas é precursor do axé (Foto Divulgação).

Danyele Soares | Agência Brasil

A axé music chegou aos 30 anos. O gênero, que marca o carnaval baiano e leva milhões de foliões à loucura, teve início com a música Fricote, de Luiz Caldas e Paulinho Camafeu, em 1985. De lá para cá, o ritmo ganhou novos contornos a partir da mistura com outros gêneros como o sertanejo, o samba e o pagode. O movimento de aproximação com diferentes fontes musicais também gerou críticas sobre uma possível crise do axé.

Para o coordenador do curso de graduação em música popular da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Ivan Bastos, entretanto, isso é um movimento natural. “Alguns falam em crise criativa, mas eu não acho que é isso,. Essa mistura se dá por conta do capitalismo. Produtores, empresários e artistas veem que isso dá dinheiro e resolvem fazer. A nova tendência dá visibilidade ao cantor e acontece com outros estilos também.”

Segundo o professor, a nova composição das bandas após a saída de vocalistas que estouraram nas décadas de 80 e 90 e até nos anos 2000, como Netinho, Ivete Sangalo, Cláudia Leitte e Bell Marques, também é consequência desse ciclo natural e de interesses comerciais. “As gerações vão se sucedendo e a moda também. O antigo modelo é superado e assim surge espaço para outros nomes”, destaca.

O professor e vice-reitor da UFBA, Paulo Miguez, especialista em carnaval, avalia que a mistura de gêneros é positiva. De acordo com ele, o axé é composto por diversas formas, como a música dos blocos afro, do trio elétrico e do afoxé, o que representa um sinal de vitalidade do gênero. Ele destaca que é preciso diferenciar o axé no sentido estético musical do negócio que o movimento gera.

“O axé, no sentido estético, é muito interessante, formado por uma mistura, e gera importante transformação na cena cultural baiana. Isso é uma coisa fantástica. Já o aspecto comercial é concentrado, as oportunidades são poucas e o ativo fundamental desse negócio é o ‘sistema de estrelas’, a partir do qual é definido o valor a ser cobrado nos ingressos.”

De acordo com o cantor e compositor Luiz Caldas, considerado precursor do gênero, o axé vive um momento maravilhoso e as mudanças fazem parte do novo cenário musical. Ele destaca que o ritmo levou Salvador para o mundo e inovou o carnaval baiano. O cantor diz também que o axé foi responsável por “abrir novamente as portas” da imprensa para a Bahia depois do sucesso de Caetano Veloso, Gilberto Gil, dos Novos Baianos, de A Cor do Som, entre outros.

“Muita gente diz que o axé music está em crise, mas isso é uma crise particular, é a crise de alguns. Eu mesmo vivo meu melhor momento musical e sou o criador do axé music. Hoje, olhando para trás e vivendo o presente, digo que é um momento de criação e celebração. Vamos para a frente que vem muita gente por aí.”

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Luiz Caldas é atração da Lavagem do Beco de 2015 (Foto Divulgação).
Luiz Caldas é atração da Lavagem do Beco de 2015 (Foto Divulgação).

Há 30 anos, o feirense Luiz Caldas despontava no cenário musical brasileiro com um ritmo diferente, o axé music. Neste sábado, a partir das 22 horas, será a vez de prestar homenagem não apenas aos 30 anos do axé music, mas a quem é considerado o criador do ritmo.

Luiz Caldas é o principal nome da Lavagem do Beco do Fuxico, neste sábado (7), em Itabuna. A festa que sempre abria os carnavais itabunenses é realizada todos os anos, independentemente da cidade ter ou não festa.

São os blocos tradicionais, como Maria Rosa e Casados I… Responsáveis, que não deixaram a tradição morrer – e é bem neste cenário que o “Pai do Axé” se apresentará, na Praça Adami, às 22h. A atração foi contratada pelo governo baiano.

Luiz Caldas também não esquece o passado. “Itabuna me deu régua e compasso”, disse o cantor em uma entrevista ao Resenha da Cidade, da Rádio Difusora.

O músico lembra que estava em Itabuna, quando recebeu seu primeiro convite para se apresentar em cima de um trio elétrico, o Tapajós, em Ibicaraí, a 40 quilômetros de Itabuna.

O músico até cantou, de improviso, a canção Haja amor. Luiz Caldas prometeu show com antigos sucessos (Tieta, Haja amor e Que é que essa nega quer) e novas canções. Um novo CD será lançado pelo cantor e compositor em fevereiro. O novo trabalho é uma mistura de samba-reggae.

A alegria do cantor em rever amigos talvez não tenha sido maior que a sensação de ser lembrado por fãs. Um deles apareceu no hotel onde está hospedado, na Avenida Aziz Maron, no Jardim União (Beira-Rio) para que Luiz Caldas autografasse a coleção de sete discos de vinil, quase a discografia completa do Pai do Axé Music. Texto Pimenta.