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Navio levará seis mil toneladas de cacau sul-baiano para a Holanda (Foto Pimenta).
Navio levará seis mil toneladas de cacau sul-baiano para a Holanda (Foto Pimenta).

A carga é histórica e carregada de simbolismo. Após 20 anos, o sul da Bahia volta a exportar cacau. As seis mil toneladas do produto começaram a ser embarcadas, no Porto Internacional do Malhado, em Ilhéus, na manhã desta quarta-feira (27).

O carregamento deverá ser concluído no próximo final de semana, entre sábado (31) e domingo (1), quando o Navio Achtergracht, de bandeira holandesa, zarpa em direção a Amsterdã.

A operação será marcada, também, pelo ineditismo, de acordo com fontes da Companhia das Docas do Estado da Bahia (Codeba). O cacau será exportado a granel. Isso para ganhar tempo, evitando um reenvase por causa da falta de padronização das sacas. A exportação será feita pela Cargill, que tem parque moageiro em Ilhéus, e enviará a carga para a sua unidade naquele país europeu.

AUTOESTIMA

A operação levanta a autoestima do produtor em um período de alta na produção e na cotação do cacau nas bolsas internacionais – e com a arroba sendo comercializada, em média, a R$ 140,00 no eixo Ilhéus-Itabuna.

O produtor e presidente do Sindicato Rural de Ilhéus, Milton Andrade, ressalta pontos positivos e negativos da operação. Para ele, a exportação é um reconhecimento da qualidade do produto brasileiro e aponta, ao mesmo tempo, que há excedente no mercado. Caso as operações de exportação sejam contínuas, os reflexos serão ainda mais positivos para a região, na análise de Milton.

DESÁGIO

Milton enxerga como ponto negativo o deságio de, aproximadamente, 1,4 mil dólares por tonelada paga pela Cargill. O deságio faz com que deixem de ser movimentados em torno de R$ 576 milhões na Bahia e mais de R$ 1 bilhão em todo o país, quando computadas as produções do Pará, Amazonas, Rondônia e Espírito Santo.

Homens em operação de embarque de carga de cacau no porto ilheense (Foto Pimenta).
Homens em operação de embarque de carga de cacau no porto ilheense (Foto Pimenta).

Hoje, de acordo com estimativas do mercado, há excedente de, pelo menos, 60 mil toneladas de cacau no país, em parte como reflexo do excesso de importação no ano passado, quando as indústrias moageiras trouxeram 40 mil toneladas do produto no mercado africano.

Apesar da arroba do cacau atingir um dos melhores preços dos últimos anos, os cálculos de Milton apontam para um deságio de R$ 50,00 por arroba pago pela indústria ao produtor sul-baiano. “O preço justo da arroba do cacau, hoje, seria R$ 190,00”, diz em entrevista ao PIMENTA. A íntegra poderá ser conferida nesta semana.

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Os cerca de 300 trabalhadores da multinacional Cargil em Ilhéus iniciaram greve por tempo indeterminado nesta sexta-feira (24). A unidade no sul da Bahia processa amêndoas de cacau.
Segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Alimentação de Ilhéus, Itabuna e Região (Sindicacau), a greve se deve ao não acatamento por parte da empresa das pautas da campanha salarial da categoria.
Entre as reivindicações, estão aumento de 8%, elevando o piso salarial a R$ 1060, a folga aniversariante, aumento para R$ 650,00 do tíquete-alimentação, além do adicional noturno, hora extra e criação do plano de cargos e salários.
A Cargil, no entanto, oferece piso salarial de R$ 990,00 e tíquete de R$ 630,00 e não respondeu aos outros itens da pauta.
O Sindicato aguarda o posicionamento da empresa para discutir o rumo do movimento.

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Carro e moto saíram da pista na colisão (Fotos Luiz Fernandes).
Carro e moto saíram da pista na colisão (Fotos Luiz Fernandes).

O motociclista Rodrigo Oliveira da Paixão, de 27 anos, faleceu em um acidente na Curva da Cargil, na Rodovia Ilhéus-Uruçuca. A moto que ele pilotava, uma Honda Fan, placa OVA-1402, colidiu com um Fiat Pálio, placa JQQ-1463.
O funcionário da Meta havia saído do trabalho por volta das 18h de ontem, mas não chegou em casa. O corpo de Rodrigo foi encontrado por familiares somente nesta manhã de quinta (29), no acostamento da rodovia.
Segundo apurou o PIMENTA, o Fiat Pálio havia sido roubado ontem, em Ilhéus, quando bandidos armados tomaram o veículo de uma mulher. O esposo da vítima estava há pouco no local do acidente, assim como familiares de Rodrigo. A polícia técnica acabou de chegar ao local.

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Stédile5O líder nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), João Pedro Stédile, 60, esteve em Salvador no último final de semana, onde participou de uma plenária sobre o Plebiscito por uma Constituinte Exclusiva. Stédile é graduado em economia pela PUC do Rio Grande do Sul e pós-graduado pela Universidade Nacional Autônoma do México.

Nesta entrevista, ele fala também sobre a Reforma Agrária nos governos FHC, Lula e Dilma e diz que o agronegócio utiliza veneno que está o provocando câncer. Stédile também vê o Congresso Nacional dominado pelas bancadas ruralista e do empresariado e faz uma avaliação sobre as próximas eleições.  Confira a entrevista concedida a Marival Guedes, especialmente para o Pimenta.
BLOG PIMENTA – Vamos começar fazendo uma comparação entre os mandatos de Fernando Henrique, Lula e de Dilma sobre a Reforma Agrária.
JOÃO PEDRO STÉDILE – No Brasil, a rigor, nunca tivemos Reforma Agrária no que ela representa, que é um programa de governo que leve a democratização do acesso à terra a todos. FHC abriu as portas para as grandes empresas internacionais, mas teve um azar: o agronegócio, na sua ganância de tomar conta das terras, cometeu dois grandes massacres que deixaram a população indignada. Teve aquela nossa grande marcha à Brasília que fez com que FHC se obrigasse a um programa de assentamentos que foi até razoável, mas foi fruto dos massacres em Carajás e no Paraná.
PIMENTA – Com Lula, houve uma grande expectativa…
STÉDILE – Nós tínhamos esperança de que o governo Lula pudesse acelerar, mas, infelizmente, ele seguiu apenas a política de assentamentos. Então, onde havia pressão política, houve desapropriações. Nós mantivemos, digamos assim, o mesmo ritmo do governo FHC.

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A reforma agrária praticamente parada. E esta é a nossa bronca com relação ao Governo Dilma.

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PIMENTA – E estes três anos e três meses do governo Dilma?
STÉDILE – Agora, está praticamente parada. E esta é a nossa bronca com relação ao governo Dilma, porque não avançou na Reforma Agrária.
PIMENTA – Quais os motivos?
STÉDILE – A resposta simplista seria que falta vontade política do governo, mas não é bem assim. A nossa avaliação é de que a correlação de forças na luta de classe na agricultura piorou no governo Dilma. Piorou em função da crise do capitalismo internacional, houve uma avalanche de capital internacional que veio se proteger no Brasil. Investiram em usinas, hidrelétricas, praticamente desnacionalizaram todo o setor canavieiro e compraram muita terra. Isso representa a força do capital que chega lá no interior, compra terra, controla o comércio etc.

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O cacau tem o comércio cada vez mais concentrado nas mãos da Dreyfus, Nesttlé e da Cargil. Isso foi de pouco tempo pra cá.

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PIMENTA – Pode citar um exemplo?
STÉDILE – O cacau tem o comércio cada vez mais concentrado nas mãos da Dreyfus, Nesttlé e da Cargil. Isso foi de pouco tempo pra cá. A segunda explicação é que, dentro do governo Dilma, há uma presença maior do agronegócio.  Terceira mudança: o Congresso no governo Dilma é mais ruralista. Aquilo que no governo tava parado – e nos ajudava -, o agronegócio avançou pelo Congresso fazendo chantagem. Esta bancada fazia as mudanças, como foi o episódio do Código Florestal, e impunha ao governo como uma derrota. Estas três circunstâncias levaram o governo Dilma a recuar com relação à Reforma Agrária.
PIMENTA  – O que o MST reivindica a curto, médio e longo prazos?
STÉDILE – De curto prazo, a Carta e a pauta que entregamos na audiência durante nosso congresso, em 13 de fevereiro passado, quando sinalizamos para a presidenta: olha, nós entendemos a correlação de forças, que não depende de vontades pessoais. Mas, ao seu alcance, estão, imediatamente, antes de terminar o governo, algumas medidas concretas de emergência.

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Nós temos 100 mil famílias acampadas, inclusive algumas ao longo das rodovias em Itabuna, Ilhéus e outros municípios do sul da Bahia.

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PIMENTA – E quais seriam?
STÉDILE – Nós temos 100 mil famílias acampadas, inclusive algumas ao longo das rodovias em Itabuna, Ilhéus e outros municípios do sul da Bahia. É um absurdo que nós tenhamos acampamentos com oito anos, pessoas morando debaixo de lona preta. Segunda medida, aqui para Nordeste, nós descobrimos que dentro dos perímetros irrigados, já com tudo pronto, o governo botou água, gastou milhões de reais, existem 80 mil lotes vagos, porque, na política burra do Dnocs e da Codevasf, eles fazem primeiro o perímetro irrigado e depois fazem o edital de licitação em que só o pequeno empresário do sul vem aqui. No caso da Bahia, a região de Juazeiro. E, depois, abandonam.
PIMENTA – Quais as razões para esse abandono?
STÉDILE – Porque eles criam uma ilusão: “vou plantar manga, abacaxi e vou bamburrar de dinheiro.” O mercado mundial de frutas já tá tomado. Não é chegar assim: vou exportar manga pra Europa e vou ganhar dinheiro. Não há mais mercado pra fruta na Europa, nem sequer da uva. Ao contrário, toda a produção do perímetro irrigado no Nordeste, hoje vai para o mercado nacional, porque aumentou a renda do brasileiro. Então, é melhor vender no Brasil que no exterior.
PIMENTA – O que foi feito com estes lotes?

STÉDILE – Estão vagos. Tem 80 mil lotes vagos, tudo pronto com água passando. E nós falamos pra Dilma: pelo amor de Deus, bote sem-terra nestes lotes. Não precisa gastar nada, nem desapropriação, pra eles produzirem alimentos.

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A Polícia Federal, nos últimos 12 anos, identificou 566 fazendas onde havia trabalho escravo. Ora, a Constituição é clara: não cumpriu a função social, desapropria. É só ter coragem.

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PIMENTA – A questão do trabalho escravo também consta na carta. Qual a reivindicação?
STÉDILE – A Polícia Federal, nos últimos 12 anos, identificou 566 fazendas onde havia trabalho escravo. Ora, a Constituição é clara: não cumpriu a função social, desapropria. Não interessa se é produtiva ou improdutiva. É um crime hediondo, primeiro motivo absoluto, o cara que pratica trabalho escravo tem que ter [a área] desapropriada. Então, é só ter coragem e pegar os processos e somente aí já teríamos 566 fazendas.
PIMENTA – Quais as ações do MST a partir de agora?
STÉDILE – Nós temos três inimigos do pobre do campo: o primeiro é o latifúndio atrasado, que ainda é improdutivo ou que paga mal aos trabalhadores e que agride a natureza. O segundo é o agronegócio, que é moderno, mas não gera riqueza para o povo brasileiro. E o terceiro é este sistema geral, mundial, que transformou o Brasil numa economia de exportação de matéria-prima, apenas. E não fica nenhuma riqueza aqui.

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Cargil, Dreyfus e Nestlé controlam as exportações. Elas que ficam com o lucro da riqueza do cacau, não o produtor. Este fica com uma pequena margem.

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PIMENTA – Quem controla as exportações?

STÉDILE – O agronegócio aumenta cada vez mais as exportações, mas Cargil, Dreyfus e Nestlé controlam as exportações. Elas que ficam com o lucro da riqueza do cacau, não o produtor. Este fica com uma pequena margem. Então, se queremos que o cacau seja um produto orgânico para produzir chocolate para o povo brasileiro, temos que derrotar este sistema destas empresas transnacionais. São nossas inimigas.
Para ler a íntegra, clique no link a seguir:Leia Mais

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Cerca de 270 funcionários da Cargil em Ilhéus cruzaram os braços nesta quinta (23) contra a demissão de 16 trabalhadores neste mês. A empresa é acusada de mandar embora dirigente sindical e funcionários com doença ocupacional.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Moageiras de Cacau (Sindicacau), Luiz Fernandes, afirma que o protesto é uma advertência. “Estamos paralisando os serviços por 24 horas”, disse, enfatizando que demissão de sindicalista e funcionários doentes é ilegal. “Demitem sem ao menos informar o porquê”.
O sindicato está encaminhando os funcionários com doença ocupacional ao INSS, segundo Fernandes, e estudante medidas judiciais a serem adotadas contra a decisão da Cargil. A unidade da multinacional em Ilhéus tem 270 funcionários e mais 200 contratados via empresas terceirizadas.
DIRETORES AUSENTES
O blog entrou em contato com a unidade, mas não havia nenhum responsável para explicar as demissões. O atendente informou que funcionários que ocupam cargo de direção estão fora da fábrica e devem retornar somente após o fim da paralisação.

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Os trabalhadores da Delfi Cacau em Itabuna podem cruzar os braços. Eles querem 15% de reajuste salarial, aumento na Participação nos Lucros e Resultados (PLR) e tíquete-alimentação a R$ 622,00.

A indústria oferece como contraproposta 7,5% de reajuste salarial e tíquete de R$ 483,75. Nova rodada de negociações entre representantes de patrões e empregos está prevista para 10 de julho.

Luiz Fernandes, presidente do sindicato dos trabalhadores, o Sindicacau, diz que a contraproposta  ficou bem abaixo do esperado pela categoria. Nesta semana, as negociações ocorrem na Barry Callebaut e Cargil, localizadas em Ilhéus.