Na charge de Marcos Maurício, o encontro imaginário de Galdino e Nega Pataxó
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Quando eu cantei essa música num encontro de povos indígenas em Brasília, em 2023, não imaginei que era uma premonição.

 

Daniel Thame

“Como esquecer daquela madrugada gelada em Brasília? Eu estava numa terra estranha, cercada de gente estranha, uns homens bem vestidos, que se diziam autoridades, mas, eu sabia, aqueles sorrisos todos eram falsos, porque eles prometiam demarcar terras que eram nossas e que foram invadidas por fazendeiros, mas assim que a gente voltava para o sul da Bahia, eles até esqueciam que a gente esteve lá.

As nossas terras em Pau Brasil e Itaju do Colônia tinham sido doadas a fazendeiros em troca de apoio político e o governador da Bahia naquela época que eu fui a Brasilia era dono de tudo, acho que até da Justiça. E nada de sair a demarcação.

Mas a gente era de luta, uma força que vinha dos nossos ancestrais e que eu sabia, iria ser mantida pelos nossos descendentes.

O que eu não sabia é que a maldade dos homens poderia ser tão grande, e olha que ao longo dos séculos nós sempre sofremos com a maldade daqueles que invadiram as nossas terras e tentaram matar a nossa identidade.

Como eu disse, fazia muito frio naquela madrugada em Brasília e eu estava dormindo na rua, porque a gente não tinha dinheiro nem pra pagar hotel, quando, de repente, eu senti um calor no corpo, achei que alguma alma boa tinha me oferecido um cobertor.

Mas não era um cobertor, era fogo. Isso mesmo, quatro meninos ricos, para se divertir, haviam ateado fogo no meu corpo. Eu senti uma dor imensa, até ver a lua se tingir de vermelho e aí eu não senti mais nada.

Quando meu espírito chegou aqui no ybaca, eu sabia que a nossa luta não iria parar.

De certa forma, minhas chamas seriam o fogo da esperança de que a gente pudesse produzir e viver em paz nas terras que, por direito, eram nossas”.

Índio pataxó Galdino de Jesus, queimado vivo no dia 19 de abril de 1997.

´Eu sou guerreira, mas meu trabalho é pra combater, eu entrego meu peito à lança, nossa batalha temos que vencer’.

“Quando eu cantei essa música num encontro de povos indígenas em Brasília, em 2023, não imaginei que era uma premonição.

A gente avançou muito nos últimos anos. Conseguimos a demarcação de várias áreas, nosso irmãos tupinambás hoje têm suas terras ainda que vivam sofrendo ameaças, mas mesmo assim é preciso lutar, porque existem muitas áreas indígenas que são ocupadas irregularmente pelos fazendeiros.

Dizem que o Brasil nasceu aqui no sul da Bahia em 1500. Às vezes, penso que quando o tal de Brasil nasceu o nosso povo começou a morrer.

E que só não fomos dizimados porque somos forjados na luta, não temos medo da batalha e porque nossa causa é justa.

Quando meu irmão Cacique Nailton Pataxó me chamou pra gente retomar uma área que, por direito, é nossa, lá perto do imenso Rio Pardo, eu aceitei, porque nunca fugi da luta e como eu mesmo já contei aqui, não tenho medo das lanças.

Eu só não esperava nem contava com as balas.

A brutalidade dos homens não tem mesmo limite. Em vez do diálogo, eles dispararam tiros.

Muitos tiros. E naquela explosão de violência, em meio aos gritos de medo, só lembro de uma coisa me atingindo, uma dor no corpo e o sol se tingindo de vermelho de sangue.

E me lembro que quando meu espírito chegou aqui no ybaca o companheiro Galdino veio me receber.

Lá embaixo, na terra, nesse solo que pra nós é sagrado, eu sei que nem o fogo nem as balas vão calar a nossa voz.

Porque nós somos e seremos semente e sempre vamos germinar em cada indígena e em cada pessoa que ainda consegue se indignar e combater as injustiças”.

Maria de Fátima Muniz, Nega Pataxó, foi assassinada no dia 21 de janeiro de 2024 por um grupo de fazendeiros em Potiraguá, centro-sul da Bahia.

Daniel Thame é escritor e jornalista.

Polícia prende dono de oficina e acaba com desmanche em Itapetinga || Foto PC-BA
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A polícia civil prendeu um homem em flagrante durante a Operação Furacão, em Itapetinga, no centro-sul da Bahia, nesta terça-feira (28), além de desativar uma oficina que funcionava como desmanche. A prisão foi efetuada por equipes da 21ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (Coorpin).

Durante a Operação Furacão, os policiais apreenderam dois carros com chassi e placa adulterados, roubados em Belo Horizonte. Outros três veículos subtraídos no interior da Bahia, em Minas Gerais e em São Paulo foram recuperados nas cidades de Nova Canaã e Iguaí, nesta quarta-feira (1º), durante as diligências.

O homem, de 34 anos, é proprietário da oficina onde funcionava o desmanche. “Além de desmanchar os veículos, ele também comercializava”, informou o coordenador da 21ª Coorpin, delegado Antônio Roberto Gomes da Silva Júnior, acrescentando que a ação é desdobramento da Operação Ciclone, deflagrada em janeiro deste ano e que já recuperou 21 carros roubados na região.

Carros eram roubados ou furtados e desmanchados em Itapetinga

Diversas placas e centenas de peças de veículos desmontados, a maioria com restrições e que seriam comercializadas ilegalmente, foram apreendidos no local. “As ações têm como objetivo desmontar esquemas de adulteração e comercialização de veículos roubados, sendo instaurados 17 inquéritos policiais para apurar os crimes”, ressaltou o coordenador regional. O homem não teve o nome divulgado. Ele acabou autuado em flagrante pelo crime de receptação.

Chuva devastou cidades no extremo-sul da Bahia || Foto Isac Nóbrega/PR
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A Superintendência de Proteção e Defesa Civil da Bahia (Sudec) confirmou, neste final de semana, mais duas mortes em consequências das fortes chuvas que atingem o sul do estado desde o início de novembro. Segundo o órgão estadual, ao menos 14 pessoas morreram e 276 ficaram feridas devido a enxurradas, alagamentos, inundações e deslizamentos, que já afetaram quase 300 mil pessoas. Até ontem, 63 cidades baianas já tinham decretado situação de emergência.

Com base em informações fornecidas por prefeituras baianas, a Sudec calcula que, até ontem, 15.483 pessoas tinham sido desalojadas, famílias que tiveram que deixar suas casas temporariamente e se hospedar na casa de parentes, amigos ou hotéis, e 4.453 desabrigadas, tendo que ser acolhidas em abrigos públicos ou locais improvisados.

Entre as cidades mais afetadas estão Itamaraju e Jucuruçu, no extremo sul do estado. Distantes cerca de 100 quilômetros um do outro, os dois municípios ainda contabilizam os danos provocados pelas águas. Só em Jucuruçu, mais de 500 famílias foram desabrigadas. Casas e pontes foram arrastadas e as equipes de saúde tiveram que transferir o atendimento à população para um local provisório depois que o prédio da Secretaria Municipal de Saúde foi totalmente danificado.

Ainda no dia 12, a prefeitura pediu desculpas à população por não conseguir atender a todos que precisavam de auxílio. “Nossa amada Jucuruçu foi pega de surpresa, no meio da noite, com uma enchente que desabrigou diversas famílias. As águas das fortes chuvas destruiu sonhos, nosso comércio, casas e bens materiais”, lamentou a prefeitura, nas redes sociais.

ESTRADAS DESTRUÍDAS

A infraestrutura rodoviária sofreu graves na região. Ao longo da semana, até mesmo veículos do Exército enfrentaram dificuldades para chegar a alguns pontos onde distribuíram donativos às famílias atingidas. A Força informou que mobilizou mais de 400 militares, duas aeronaves (HM-4 Jaguar e HM-1 Pantera), 30 viaturas, cinco embarcações, uma escavadeira e uma carregadeira para apoiar os órgãos de Defesa Civil e Assistência Social a auxiliar na recuperação das estadas.

De acordo com a Sudec, parte das pessoas desalojadas e desabrigadas começou a retornar as suas casas nos últimos dias, graças a menor intensidade das chuvas. Apesar disso, a Defesa Civil Nacional emitiu um alerta comunicando a possibilidade de fortes chuvas voltarem a atingir áreas já afetadas a partir da noite de hoje (19), se estendendo até o próximo sábado (25). Embora o volume dessas chuvas não deva se equiparar ao das últimas semanas, as autoridades públicas recomendam cautela e atenção da população

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Polícia Federal deflagra operação em Ibicuí e cidades de outros estados
A Polícia Federal (PF) deflagrou, na manhã desta segunda-feira (15), nas cidades de São Paulo (SP), Mauá (SP), Porangatu (GO) e Ibicuí (BA), a segunda fase da Pperação Mendacium, para desarticular organização criminosa especializada na prática de fraudes diversas para recebimento indevido de seguro-desemprego.

A PF cumpre 21 mandados de prisão preventiva e 12 mandados de busca e apreensão, expedidos pela 8º Vara Federal de São Paulo/SP, em razão de representação penal feita pela Polícia Federal.

A investigação começou em outubro de 2017, com base em denúncia de um trabalhador na qual pessoa não identificada estaria recebendo seguro-desemprego em seu nome. Diante da informação prestada, foram identificadas 408 empresas inexistentes de fato, cuja grande parte a organização criminosa havia feito uso para o recebimento fraudulento de benefícios de seguro-desemprego.

Na primeira fase da investigação foram cumpridos 4 mandados de busca e apreensão, nas cidades de São Paulo/SP e Taboão da Serra/SP, ocasião em que os líderes da organização criminosa foram encontrados em um escritório, localizado no bairro Penha de Franca na cidade de São Paulo, na posse de inúmeros documentos falsos, apetrechos para a falsificação de documentos, material de informática e aproximadamente R$ 420 mil em espécie. Na oportunidade, os líderes foram presos em flagrante pela prática dos delitos previstos no artigo 2º da Lei 12.850/2013 e no artigo 333 do Código Penal.Leia Mais

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Hélio assume gerência regional do INSS
Hélio assume gerência regional do INSS

Hélio Ribeiro é o novo gerente executivo da agência regional itabunense do INSS (Instituto Nacional de Seguro Social). O funcionário de carreira assume o cargo na cota do PSDB baiano.

A gerência regional abrange vários municípios do centro-sul e extremo-sul da Bahia e responde por 31 agências destas regionais. O cargo é considerado dos mais importantes da esfera federal no sul da Bahia.

Hélio assume como indicação do deputado estadual Augusto Castro, segundo o Políticos do Sul da Bahia. Ele já respondia, interinamente, desde a saída de Hariadne Gonçalves do cargo.