Polícia Federal realiza operação de combate a corrupção || Foto Divulgação
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Polícia Federal realizou, nesta quarta-feira (11), a Operação “Indra” para desarticular grupo criminoso especializado em desviar tratores e equipamentos agrícolas da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (CODEVASF). O grupo é acusado de fraude nos processos de doações de bens da empresa pública para prefeituras municipais do interior da Bahia.

A PF cumpriu mandados de busca e apreensão e mandados de prisão preventiva nas cidades de Petrolina (PE) e Campo Formoso (BA). A medida foi adotada porque os investigados são suspeitos de destruir provas do cometimento do crime com o intuito de inviabilizar a investigação criminal e a aplicação da lei penal.

De acordo com a PF, um funcionário da CODEVASF (6ª Superintendência Regional) falsificava ofícios de gabinetes de deputados federais que indicavam prefeituras do interior baiano como beneficiárias de doação de tratores e implementos agrícolas. As compras eram promovidas com recursos públicos destinados à CODEVASF por meio de emendas parlamentares e encaminhados às prefeituras indicadas pelos parlamentares.

Segundo a Polícia Federal, o prejuízo causado aos cofres públicos em razão dos bens desviados pelo suposto grupo criminoso ultrapassa o montante de meio milhão de reais.

Os investigados devem responder pelos crimes de associação criminosa, peculato e/ou estelionato qualificado. A operação foi batizada de INDRA em alusão aos tratores desviados da CODEVASF, da marca “Mahindra”, que significa “grande Indra”, a partir do sufixo “Maha” (grande), combinado com o nome do Deus Hindú “Indra”.

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Seca em Sobradinho desnuda trecho alagado com a barragem (Foto Marcello Casal Jr./Agência Brasil).
Seca em Sobradinho desnuda trecho alagado com a barragem (Foto Marcello Casal Jr./Agência Brasil).

Edwirges Nogueira | Agência Brasil

O sertão vai virar mar
Dá no coração
O medo que algum dia
O mar também vire sertão

Trecho da música Sobradinho, de Sá e Guarabyra

Do alto, quem vê a barragem de Sobradinho encontra imensas tubulações que se estendem lago adentro e conectam a água do reservatório a um canal. A obra, implementada pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), é uma ação emergencial para evitar o desabastecimento do Perímetro Irrigado Senador Nilo Coelho. Criado em 1984, o perímetro tem 23 mil hectares divididos entre pequenas, médias e grandes empresas nos municípios de Petrolina, em Pernambuco, e Casa Nova, na Bahia.

“Essa é uma situação emergencial em que a gente não pode tomar uma decisão nem tão antecipada, porque não temos certeza sobre a chuva, nem tão tardia. Nós ficamos nesse dilema sobre qual o momento certo de arregaçar as mangas, mas parece que acertamos”, diz o gerente de empreendimentos de irrigação da Codevasf, Carlos Pinheiro. Devido ao baixo nível de Sobradinho, há um risco de que o canal de aproximação destinado ao perímetro irrigado não consiga mais captar água.

A obra consiste na instalação de dez bombas flutuantes para pegar água em um ponto mais profundo de Sobradinho. A água passará pelas cinco linhas adutoras e seguirá, por meio de um canal de 2,4 mil metros construído à margem do lago, para distribuição aos produtores. “O São Francisco é nosso pai e nossa mãe. A fruticultura está visceralmente ligada ao rio. Se o rio falhar, temos um efeito dominó”, compara Leonardo Cruz, engenheiro civil responsável pela fiscalização da obra.

Estima-se que a fruticultura irrigada no Nilo Coelho gere 45 mil empregos diretos e indiretos e mais de 400 mil toneladas de alimentos por ano – uma produção de R$ 1,1 bilhão anual. Com a construção do canal e instalação das bombas, mesmo que Sobradinho chegue a 0% de seu volume útil, será possível contar com os cerca de 6 bilhões de metros cúbicos de água que constituem o volume morto.

O QUE FAZER E QUANDO FAZER

O empresário Sílvio Medeiros também ficou no limiar entre o que fazer e quando fazer para evitar prejuízos na sua fazenda. Ele produz uva e manga em 600 hectares no perímetro irrigado. Quando percebeu que o baixo volume de água em Sobradinho poderia afetar sua produção, providenciou a compra de equipamentos para a instalação de uma adutora. “Em maio, percebemos que o nível do lago estava muito baixo comparado a anos anteriores. Foi um momento de pânico.”

Graças à chuva que vem alimentando a nascente do Velho Chico, a quantidade de água em Sobradinho vem aumentando, mas ainda lentamente. Segundo o boletim diário de acompanhamento da Bacia do São Francisco, divulgado pela ANA, a capacidade do reservatório estava em 1,98% no dia 23 – vinte dias antes, o volume do lago estava em 1,11% de sua capacidade.

Segundo o Inmet, neste mês, até o momento, choveu 200 milímetros na cabeceira do rio. A média histórica de dezembro é 300mm. “A perspectiva é boa. Espera-se que ocorra chuva em janeiro, mas não deverá ser suficiente para suprir o déficit dos reservatórios. Vamos torcer para que esse período chuvoso esteja dentro da média histórica”, aguarda o meteorologista Claudemir de Azevedo.

Com a chegada de água nova, o canal do perímetro irrigado segue captando recursos suficientes para os produtores. “Temos perspectivas de que o nível do lago estabilize, mas não é uma situação confortável para os próximos anos”, explica Carlos Pinheiro. Estima-se que a vazão afluente de Sobradinho (água que entra no reservatório vinda da nascente do rio) esteja em torno de 1.200 m³/s. No mesmo período de 2000, a vazão chegou a 1.800 m³/s.

Confira a íntegra do especial em Agência Brasil.