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Poucos treinadores conquistaram tantos títulos no futebol do interior da Bahia como Beto Oliveira. São seis troféus do Campeonato Intermunicipal, três deles consecutivos (2017-2018-2019), e uma conquista com equipe profissional, no comando do Itabuna Esporte Clube, em 2002, na Segunda Divisão do Baiano.  A equipe conseguiu o acesso invicta depois de 10 anos sem disputar nenhuma competição.

Em entrevista exclusiva ao PIMENTA, o treinador fala do sonho de conquistar um Campeonato Baiano e mais três títulos do Intermunicipal. Ele também comenta sobre o sufoco que passou por conta da desconfiança dos torcedores de Itamaraju durante a temporada passada, quando teve de montar uma equipe completamente diferente da que se sagrou campeã em 2018.

Beto Oliveira afirma ainda que é louco para treinar a Seleção de Itabuna e observa que o Campeonato Interbairros deveria ser no primeiro semestre, não no segundo, como é realizado hoje. O técnico também fala de Pep Guardiola, Abel Braga, Jorge Jesus e do time rubro-negro carioca: “O Flamengo de hoje é encantador”.

Veja a íntegra da entrevista.

Blog Pimenta – Sua carreira começa na década de 80 como jogador. Exatamente quando?

Beto Oliveira- Comecei na base do Itabuna Esporte Clube em 1982 e me profissionalizei três anos depois. Atuei pelo Itabuna até 87. Rodei por algumas equipes profissionais no país. Em 91 voltei para o Itabuna e um ano depois fui para o Grêmio Maringá. Em 93 encerrei a carreira como jogador de futebol e comecei a treinar a divisão de base do Itabuna, em 94, sendo técnico do time que disputou a Copa Rio daquele ano. Fiquei como treinador da equipe por três anos seguidos.

Pimenta- E no futebol profissional?  

Beto – Comecei em 2000, quando treinei o Grapiúna nos últimos quatro jogos da Segunda Divisão do Campeonato Baiano. Vencemos o Astro, Bahia de Feira, Barreiras e Jequié, salvo engano. Uma das equipes utilizou um jogador irregular, houve alteração na classificação e perdemos a chance de disputar o título naquele ano.

Pimenta – Um início de carreira de treinador empolgante, por sinal.

Beto Foi sim. Em 2001, treinei o Grapiúna que disputou a Taça São Paulo de Futebol Júnior. No retorno, voltei à equipe profissional do Grapiúna para, mais uma vez, disputar a Segunda Divisão do Baianão. Ficamos com o vice-campeonato. Perdemos o título para o Palmeiras do Nordeste, então filial do Palmeiras de São Paulo. Eles tinham uma equipe muito forte e subiram.

Pimenta – E o primeiro título na carreira?

Beto Em 2001, fui contratado para treinar a Seleção de Coaraci no Intermunicipal. Ali, ganhei o meu primeiro título. No outro ano, voltei ao futebol profissional para comandar o Itabuna Esporte Clube na Segunda Divisão. A equipe estava há 10 anos sem participar de competições. Conquistamos o título da Série B de forma invicta e garantimos vaga na elite do futebol baiano.

Pimenta – Em 2002 a sua primeira competição nacional. Foi isso?

Beto Sim. Como treinador do Colo Colo no Campeonato Brasileiro da série C. Em 2003 voltei ao profissional do Itabuna e ficamos na terceira colocação no Baianão. Perdemos a semifinal para o Vitória, que estava na série A do Campeonato Brasileiro.

Pimenta – E o seu segundo título no Intermunicipal?

Beto – Foi em 2004, com a Seleção de Itamaraju.

 

 

Já fiz uma análise e cheguei à conclusão de que ainda é cedo para parar. Quero retornar ao futebol profissional e ganhar mais títulos.

 

Pimenta – Rodou muito como treinador…

Beto – Minha carreira foi entre equipes amadoras e profissionais. E o terceiro título no Intermunicipal também foi no extremo-sul do estado. Em 2009 fechei um contrato com a Seleção de Porto Seguro por dois anos. Ficamos em terceiro lugar, mas conquistamos o título, invicto, em 2010.

Pimenta – Sete anos depois mais um título…

Beto Em 2017, com a Seleção de Eunápolis. No ano seguinte retornei à Itamaraju, onde conquistamos dois títulos consecutivos do Campeonato Intermunicipal.

Pimenta – Beto Oliveira foi um bom jogador?

Beto Tenho uma família de atletas. Danielzinho começou a carreira no Itabuna e passou por equipes como Palmeiras (na base) e Bragantino, na década de 80. Guiovaldo também tem passagem pelo Itabuna, futebol de Portugal e várias equipes no Brasil. Acho que fui um bom jogador sim. Comecei como volante e depois fui atuar como zagueiro. Nas décadas de 80 e 90, tínhamos muitos craques. Era muito difícil para o profissional do interior ser contratado por um time grande do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais ou Sul do País.

Pimenta – Já pensou em parar?

Beto Já fiz uma análise e cheguei à conclusão de que ainda é cedo. Quero retornar ao futebol profissional e ganhar mais títulos.

Pimenta – Já recebeu propostas para trabalhar neste ano?

Beto Recebi uma proposta de um dos times da Primeira Divisão do Campeonato Baiano, mas não possível o acerto por questões financeiras. Ofereceram um valor menor do que eu ganhava no Intermunicipal. Entendi ser uma desvalorização muito grande. Para trabalhar no profissional, na elite do Baiano, o técnico merece ter uma remuneração melhor.

 

 

Tenho algumas propostas. Provavelmente em março, estarei treinando uma equipe da Segunda Divisão do Baiano.

 

 

Pimenta – Você não estaria em uma vitrine melhor?

Beto No futebol profissional a cobrança é muito maior. Todos da cidade exigem uma campanha excelente. A expectativa gira em torno de vencer Bahia e Vitória e conquistar o título de campeão. Tenho algumas propostas. Provavelmente em março, estarei treinando uma equipe da Segunda Divisão do Baiano.

Pimenta – Qual foi a conquista de Campeonato Intermunicipal mais fácil e a mais difícil?

Beto Não existe conquista fácil, ainda mais em se tratando do Intermunicipal, que é disputado por 64 equipes. É uma competição que dura seis meses. Enfrentamos muitas dificuldades. Às vezes, perda de jogadores importantes no decorrer da competição.

Pimenta – O título mais marcante, então?

Beto O mais prazeroso foi primeiro, conquistado com a Seleção de Coaraci. Embora tivesse sido vice-campeão da segunda divisão com Grapiúna, chegamos sem muito conhecimento sobre o Intermunicipal, que é uma competição totalmente diferente. Peguei uma seleção formada basicamente por ex-jogadores profissionais e vividos na competição e eu sem experiência.  Achei um pouco mais difícil para impor a minha metodologia de trabalho, mas tudo deu certo.

Clique em leia mais, abaixo, e confira a íntegra da entrevista.Leia Mais